Há três gerações levando arte e alegria para as famílias de todo o Brasil, a família circense Fênix viu de uma hora para outra as luzes do picadeiro se apagarem. Nos últimos dois anos, com a pandemia e o cancelamento dos eventos abertos ao público, além de problemas de saúde do patriarca e fundador do circo Fênix, o palco e a lona tiveram que ser vendidos, assim com outros materiais que compunham o espetáculo.
A família e alguns funcionários do circo estão instalados há cerca de um ano na praça do Conjunto João Paulo II, em Feira de Santana. Sem condições de retomar os espetáculos, o grupo precisou buscar outras formas de se sustentar. No entanto, de acordo com Edson Oliveira da Conceição, 48 anos, o sonho de todos é retornar aos palcos e fazer o que mais amam: alegrar multidões.
“As atividades do circo foram suspensas desde o ano retrasado. No ano passado, tentamos retornar depois que liberaram, mas aí parou de novo. Quando liberou novamente, a gente já não pôde porque tínhamos vendido muita coisa, o material, e não tivemos mais condições de tocar o circo”, relatou Edson, que atuava com um dos palhaços no picadeiro.
Ele contou que outra situação que dificultou o retorno das atividades foi o problema de saúde do pai, que já é idoso e precisou buscar atendimento nos postos e hospitais da cidade.
“No momento, temos 10 pessoas aqui no circo: um idoso, que é meu pai, ele é o chefão de todos, mas está bem adoentado; meus quatro filhos e minha esposa, e mais três pessoas que trabalham comigo há muitos anos, que na realidade eu já chamo de filhos, estão há mais de 15 anos com a gente, não são mais empregados, são pessoas que estão junto com a gente se apertando do mesmo jeito.”
Edson é sergipano, assim como a esposa. Já o pai nasceu em Pernambuco. Os filhos pequenos dele fazem parte da terceira geração a atuar no circo, em mais de 150 anos de tradição. Segundo o palhaço, eles sempre viveram de forma itinerante, como nômades e sem apego à vizinhança.
Com a necessidade de permanecerem na cidade e a perda do material de trabalho, bem como o ônibus que transportavam o grupo, a saúde mental da equipe também ficou abalada.
“Na pandemia não perdemos só bem materiais, o psicológico da gente também afetou muito, porque somos circenses, itinerantes, nômades. Nós vivemos da alegria. Vendemos ferramentas de trabalho que usamos dentro do circo diariamente, depois veio o ônibus, bateu o motor, viemos para cá e tivemos que vender no ferro velho, fora o que a gente perdeu dentro do ônibus, porque quando você mora dentro de um ônibus você tem toda uma estrutura e essas coisas não se aproveitam quando a gente tenta colocar em outro. Vendemos lonas, alguns aparelhos de trabalho. Queremos voltar, até porque se nós não voltarmos, eu acho que nós vamos morrer, não de fome, mas por depressão com a falta do nosso trabalho.”
Conforme Edson da Conceição, neste momento, o objetivo da família Fênix é participar de shows em escolas e eventos particulares, como aniversários, para conseguirem comprar outra lona, além de recuperarem os materiais necessários para que possam voltar à ativa.
“Pode chamar a gente no número de whatsapp (75) 99865-9251, e tem o Instagram, que é @circofenix, liga que a gente acerta o show. Nós temos o malabarista, o mágico, o forte é o palhaço, e hoje tem a ‘Geovania a Bonita’, que muitas pessoas viram no programa do Faustão, ela foi lá para ver se arriscava um dinheirinho, mas não ganhou não.”
Também em entrevista ao Acorda Cidade, ‘Geovania a Bonita’, que faz malabarismos com cubos, contou sobre a sua participação na Band, no programa do Faustão.
“Foi legal. Eles me viram, pois eu tenho as redes sociais @geovania_a_bonita, e aí eu tenho um vídeo que deu uma visualização legal. Eu não sei como chegou nas mãos deles, mas entraram em contato comigo, daí me convidaram para participar do quadro ‘Busão do Faustão’, e que eles me pegariam aqui em Feira de Santana. Foi o que eles fizeram: pagaram todas as despesas para eu ir e gravar o programa lá”, relatou.
Para Geovania, a experiência foi muito boa, algo novo e que possibilitou a ela mostrar o trabalho.
“Tinha duas premiações, eu não ganhei, mas para mim sou vitoriosa porque eu fui até lá. Fui convidada com tudo pago, foi bom. Mostrei meu trabalho, levei o nome de Feira de Santana, lógico, que eu sou feirense, levei para lá o nome daqui, e mostrei que aqui na Bahia tem artistas bons”, comemorou.
Sobre as dificuldades financeiras e para retomar os espetáculos no circo Fênix, Geovania destacou que o que ela mais deseja é voltar a trabalhar.
“Nós estamos tentando voltar a trabalhar, mas se alguém quiser contratar nossos serviços já ajuda bastante. Estamos fazendo os eventos, levamos o show de palhaços e o meu número também. E temos personagens dos desenhos, que é a Patrulha Canina e o Baby Shark, disponíveis tanto para aniversários quanto para eventos em escolas, frente de loja, o que quiserem contratar, estamos dispostos”, reforçou a malabarista.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.
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