Após a manifestação que reuniu mais de 300 artistas feirenses nas redes sociais, o Museu Regional de Arte de Feira de Santana (MRA) vai voltar a abrir o portão principal, localizado na Rua Conselheiro Franco, no centro. Neste domingo (3), uma nova exposição será inaugurada e a partir deste momento, a entrada voltará a ser pela frente. Desde 2014 que os portões permanecem fechados, após interrupção por conta de uma reforma. Vale ressaltar que o museu fica no prédio do Centro Universitário de Cultura e Arte (Cuca).
Foram mais de 300 colagens e montagens postadas pela classe artística que tinham como propósito denunciar o fechamento da entrada no museu.
Em entrevista ao Acorda Cidade o artista plástico e professor, José Arcanjo, explicou que os visitantes e colaboradores do museu entravam pela lateral do Centro Universitário de Cultura e Arte da Universidade Estadual de Feira de Santana (Cuca/Uefs). Ele encabeçou o movimento que reivindicou a reabertura da entrada principal desde outubro do ano passado.
“Esse museu foi criado no final da década de 60, por Assis Chateaubriand, o embaixador que criou também o Masp em São Paulo, o Museu de Arte Contemporânea de Recife, e criou um museu também regional em Campina Grande. É um espaço que tem uma importância histórica muito grande e que realmente precisa se abrir para a cidade pela rua principal para que o museu dialogue com a cidade e a cidade dialogue com o museu”, relatou.
O artista citou que um dos desejos do comunicador Assis Chateaubriand era interiorizar a arte, levando-a até as comunidades de difícil acesso e que, inclusive, era restrita aos grandes centros.
“A criação desses três museus por ele, pelo interior do nordeste, tinha essa intenção de levar a arte ao homem do povo, de fomentar novos artistas, então uma reivindicação da classe, que realmente os portões se abram para cumprir esse objetivo do museu”.
Ele ainda ressaltou a importância da cultura para uma cidade metrópole do porte de Feira de Santana.
“Numa cidade comercial como a nossa, e por ser comercial, precisa exatamente de cultura. A programação cultural da nossa cidade não pode se restringir à programação dos bares no final de semana. Um prédio com essa importância, com essa história, com essa arquitetura maravilhosa precisa realmente abraçar a cidade e a cidade precisa também abraçar o museu”, declarou.
Por que a entrada estava fechada?
A diretora do MRA, Flávia Borges, informou ao Acorda Cidade, que a primeira exposição do ano vai apresentar um acervo moderno inglês, brasileiro e contemporâneo, com um recorte voltado para as representações femininas. A partir desta exibição, os portões que têm acesso pela Rua Conselheiro Franco voltará a ser aberto.
Ela esclareceu que os motivos para o fechamento por tantos anos foi para resguardar o patrimônio público que até janeiro desde ano, estava sem segurança para realizar a proteção do espaço.
“Sempre esteve fechado para resguardar o nosso patrimônio, porque até o momento não tinha uma vigilância, mas foi uma conquista dos últimos tempos. Já havíamos solicitado para a administração central da universidade e agora, em janeiro, conseguimos juntamente também com o apoio dos artistas que fizeram esta campanha. Mas, na verdade, esta campanha reforçou um pedido, uma solicitação que já havia sido feita há muito tempo”, explicou.
Ela salientou que em momentos de exposições, de lançamentos, os portões principais eram abertos, mas por falta de segurança permaneciam fechados após os eventos.
O ir e vir na movimentada Conselheiro Franco agora ficará muito mais atrativa, com a presença mais nítida do museu. A entrada principal do espaço em si, convida as pessoas a se interessarem em adentrar o espaço e ver o que há ali.
HORÁRIOS
O MRA guarda um acervo doado por Assis Chateaubriand e, neste momento, está com uma coleção de artistas baianos, com grandes nomes feirenses das artes plásticas e do cenário nacional. A diretora convidou as pessoas a prestigiarem as produções, indo até o museu, que fica aberto de segunda a sexta, das 8h às 12h e das 14h às 18h. Excepcionalmente neste domingo terá mais um lançamento.
“Não é um patrimônio apenas da universidade nem do Cuca. É um patrimônio do povo. E aqui nós temos figuras importantíssimas no cenário das artes. Temos obras como Vicente do Rego Monteiro, Di Cavalcanti, obras desses grandes artistas que estiveram presentes na Semana de Arte Moderna. A própria coleção inglesa, composta por 30 obras doadas por Assis Chateaubriand, fundador do museu. E grandes nomes de artistas contemporâneos, baianos, da nossa cidade também”, observou.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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