Laiane Cruz
Na última semana, uma equipe do 2º Grupamento de Bombeiro Militar (GBM) foi acionada para controlar um incêndio na fiação de um poste próximo ao viaduto da Avenida João Durval com a Presidente Dutra, em Feira de Santana. De acordo com moradores do local, o fogo atingiu cabos interligados, chegando até um poste da Avenida Getúlio Vargas. Durante a ocorrência, a fiação em chamas se desprendeu e caiu no meio da pista, trazendo riscos à população.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Morador da Avenida João Durval há cerca de 10 anos, Renilson Gomes de Carvalho relatou, em entrevista ao Acorda Cidade, que o fogo começou durante a madrugada, por volta das 3h, e ele saiu na frente de casa para ver o que estava acontecendo. A situação o deixou assustado.
Ainda segundo ele, após o incêndio na fiação, prepostos da Coelba estiveram no local e trocaram os cabos dos postes, mas deixaram os fios inutilizados espalhados pela calçada. Alguns estão em frente à casa dele e trazem riscos à sua família e à população em geral.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Eles já vieram e consertaram, só que deixaram uma bagunça. Já tem quase uma semana que deixaram os cabos na calçada, na saída da nossa casa e ninguém se prontificou a tirar. Ontem mesmo um carro deslizou em cima dos fios e quase aconteceu um acidente. Eu já reclamei com a Coelba, mas eles informaram que era um problema das operadoras de internet e até agora eles não tiraram. Esses cabos não estão sendo usados para nada, estão todos cortados, eles colocaram fiação toda nova, e largaram a velha aqui”, informou o morador.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
A vendedora Juliane Ventim, que trabalha em uma floricultura, situada na Avenida João Durval, afirmou que a loja perdeu diversos clientes desde que os fios foram deixados no meio da pista e soltos em cima da calçada, pois isso prejudica os clientes de estacionarem e traz riscos também aos pedestres.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Na minha opinião, o problema já poderia ter sido resolvido. Já se passaram alguns dias e continuam os fios no meio da pista, na porta, no passeio e está atrapalhando dos carros estacionarem e fica uma imagem feia, parecendo um descaso. Prejudica a loja porque os clientes não podem estacionar e as pessoas têm que parar um quarteirão antes para poder ter acesso à loja. Perdemos clientes, e a internet não voltou. Perdemos bastante clientes essa semana”, reclamou.
O corretor de imóveis Sandro Henrique, que passava no local no momento da reportagem, avaliou a situação como total descaso por parte da Coelba e da prefeitura, que, na opinião dele, não fiscaliza as empresas que instalam os cabos nos postes.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Isso é o cúmulo do absurdo, chega a beirar o ridículo, uma empresa que trabalha com prestação de serviço para a comunidade fazer um negócio desse e deixar esse monte de fiação, trazendo até riscos de acidentes com carros e pedestres. Isso mostra a falta de fiscalização da prefeitura e a falta de punição. Esse cabeamento, se não fosse subterrâneo, tinha que ser no mínimo uma coisa bem feita. Um monte de fios no chão atrapalhando o pedestre e quem anda de carro, é um absurdo, e a prefeitura tem que tomar uma atitude com relação a essas empresas, sem contar a poluição visual, que aqui é centro da cidade”, protestou.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Questionado acerca do incêndio nos cabos ligados aos postes de energia na Avenida João Durval e a presença de cabos espalhados pela via, o superintendente de operações da Coelba, Leonardo Alves Santana, justificou que, normalmente, incêndios em fiações ou cabos de energia estão associados ou a ligações clandestinas, o conhecido gato de energia, ou principalmente ao uso indevido dos postes por empresas de telefonia e internet, que não fazem um contato prévio com a companhia e o contrato de uso compartilhado dos equipamentos.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Isso é fundamental para a gente garantir tanto a segurança, como é o caso do incêndio, que por deficiência técnica acaba acontecendo, mas também para garantir os padrões técnicos para o fornecimento de energia. Existe uma resolução conjunta que permite o uso dos postes da Neoenergia Coelba como distribuidores, então temos aí empresas de telefonia, de internet, mas para fazerem essa utilização, elas precisam entrar em contato com a companhia e fazerem um contrato de compartilhamento de postes. Hoje apenas 13% das empresas que estão capacitadas na Aneel para isso fazem o contrato com a Coelba, então mais de 80% das empresas que utilizam nossos postes é de forma clandestina”, afirmou Leonardo Santana.
Na opinião dele, além dos problemas causados à segurança, cabos acumulados em postes de energia promovem a poluição visual do ambiente.
“Existe um volume de cabos que não estavam previstos, com risco de insegurança, porque essas instalações não seguem padrões técnicos e nem seguem o acompanhamento e a necessidade de manutenção periódica, e com isso a companhia precisa aplicar um processo de fiscalização. Em Feira de Santana, nós já fiscalizamos mais de 700 estruturas, fizemos cerca de 300 notificações, quase uma notificação por dia, e retiramos quase duas toneladas de fios clandestinos dos nossos postes em 2021”, explicou.
O superintendente de operações destacou que a companhia mantém dois canais de comunicação tanto para as empresas que têm interesse em fazer o contrato de uso mútuo dos postes como para os consumidores, a fim de que possam conhecer as empresas que estão habilitadas e que podem garantir a eles um nível de qualidade adequado ao serviço.
“No site da companhia www.neoenergiacoelba.com.br existe uma aba chamada atendimento e dentro dessa aba a gente pode clicar na parte de compartilhamento de postes e empresas habilitadas. E aquelas empresas que desejam fazer contato com a companhia e um contrato de ordenamento, a gente tem o e-mail [email protected].”
Sobre a implantação de redes subterrâneas, Leonardo Santana declarou que em Feira de Santana apenas um trecho da Avenida Presidente Dutra, onde funciona o circuito da Micareta, possui esse tipo de cabeamento interno.
“Este é um processo que exige uma avaliação mais específica, onde existe um custo associado que tem que ser apresentado à Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), mas em termos de adequação técnica, não se faz necessário o uso amplo de redes subterrâneas. E principalmente no caso do uso mútuo das empresas, basicamente, se a gente tiver um processo organizado, onde as empresas mantenham esse contato prévio com a distribuidora, nós conseguimos fazer o cabeamento sem poluição visual, tecnicamente aceitável e com segurança para o consumidor. Uma vez que a gente encontre riscos à segurança ou uso clandestino, a gente parte para a notificação para que se regularizem, e caso haja reincidência ou a notificação não surta efeito, nós aplicamos a retirada imediata dos cabos, visando proteger a comunidade.”
Ele acrescentou que, no estado da Bahia, a iluminação pública é de competência do poder público, e os postes são de responsabilidade da companhia distribuidora, mas durante o uso compartilhado destes equipamentos, a manutenção dos cabos instalados pelas empresas é de responsabilidade delas.
“Fazemos as fiscalizações, notificamos, fazemos a manutenção das nossas estruturas, que são os postes, e dos cabos de distribuição, mas os cabos de telefonia e internet são de responsabilidade das empresas que mantém um contrato de compartilhamento.”
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.
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