Aos 14 anos de idade, Valdemar Pedro da Silva chegou a São Paulo e não sabia naquele período o que faria para sobreviver. Em entrevista ao Acorda Cidade, o morador de Feira de Santana, hoje com 76 anos, revelou como o tênis se tornou uma tábua de salvação e posteriormente sua carreira profissional.
O atleta começou como boleiro, ganhando apenas alguns trocados, depois se tornou jogador e professor de tênis, formando outros atletas profissionais e que se tornaram campeões em campeonatos brasileiros e internacionais.
“Eu comecei pegando bola, sou ex-boleiro. Antigamente o tênis era elitizado, só jogava quem tinha bala na agulha, era esporte de rico. Eu era boleiro, via o pessoal jogar e gostava, aprendi assim. Eu escolhi o tênis, porque eu não tinha uma profissão na época que eu cheguei em São Paulo, com 14 anos, e na época menores de idade já não podiam trabalhar, só com o consentimento dos pais, e não eram todas as empresas que pegavam menores. Então eu tinha que achar uma oportunidade, e como boleiro na época ganhava um trocado, sempre trabalhei com tênis, foi o que aprendi a fazer”, afirmou.
Valdemar da Silva contou ao Acorda Cidade que atualmente, mesmo com a idade avançada, continua praticando o esporte, a fim de manter a forma física.
“Hoje estou com 76 anos e estou batendo uma bolinha para manter a forma, porque não tenho mais. No tênis, houve uma mudança muito brusca, por exemplo, a velocidade. Eu era um tenista tipo clássico, que não tinha uma velocidade que hoje o tênis proporciona, e eu precisava dar aula, ganhar o pão de cada dia. Na época o tênis não era como hoje, não fazia fortuna, a gente só ganhava um troféu e pronto”, explicou.
Segundo o atleta, ele participou de dois torneios em Feira de Santana com 55 anos de idade e de lá para cá as condições físicas já não foram as mesmas para continuar competindo.
“Eu joguei aqui em Feira e ganhei dois torneios, eu tinha uns 55 anos, depois foi diminuindo as condições físicas, porque aqui tinha muitos jogadores bons, tivemos vários feras, e eu na idade, quando chega a gente não tem condições”, declarou.
Depois de sofrer um acidente doméstico e ficar 40 dias em recuperação, o idoso busca retornar ao tênis aos poucos e incentiva outras pessoas que também desejam ingressar no esporte.
“Eu passei por um acidente. Estava fazendo uma arte aqui em casa, e a escada fechou e eu cai. Fiquei mais de 40 dias parado. Agora estou tentando voltar aos poucos, tem que ter muita força de vontade. Quando aparece alguém interessado, me convida para dar umas aulas, eu vou com muito prazer. Mas, infelizmente, hoje a gente não tem uma quadra apropriada, que muitos condomínios têm, mas a prioridade é dos moradores”, contou.
Para o jogador da terceira idade, mesmo prestes a completar seus 77 anos, ele tem mais força física e disposição que muitos atletas mais jovens e demonstra que a idade não é impeditivo para que deseja continuar fazendo aquilo que ama.
“Eu já vou fazer 77, e ainda jogo uma duplinha com a garotada, e a meninada reclama que estão cansados. E eu ainda consigo me sair menos cansado que eles. O tênis é um esporte que só perde para a natação, é um esporte completo, mexe com toda a musculatura e é o segundo lugar de atividades que você pode praticar por muitos anos, até 85 a 90 anos tem alguns jogadores que ainda brincam, já outras atividades é mais difícil praticar com a idade”, enfatizou o atleta.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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