Maria Nery Nascimento Silva, uma mulher de 64 anos, descobriu sua paixão pela corrida há 12 anos, quando foi diagnosticada com câncer de tireoide. Desde então, a corrida se tornou mais do que uma atividade física para ela, sendo uma fonte de superação, terapia e força em sua vida. Mesmo diante de obstáculos e enfrentando recentemente a perda do marido, Maria continua se desafiando e colhendo vários frutos desse esporte.
“Fiz todos os exames, fiz a cirurgia e nesse período de três meses fiquei com 49 quilos, eu fiquei debilitada, magra, não tinha força para andar. E sempre quando eu ia ao médico, a minha endocrinologista mandava eu fazer caminhada. E eu ia fazer caminhada na Getúlio Vargas, mas eu não conseguia andar nem 1 quilômetro, eu tinha que chamar o meu marido para ir me pegar, porque eu não tinha força nas pernas. De 2011 até hoje eu sinto essa necessidade de movimentação, porque movimentação é vida. A paixão e o amor pelo movimento eu já tinha dentro de mim, nunca parou, mas não tinha com essa perseverança”, abordou.
Desafios e conquistas
Determinada a superar suas limitações, Maria Nery começou a se desafiar cada vez mais. Após sua primeira cirurgia, ela decidiu correr pela Avenida Nóide Cerqueira, em Feira de Santana. Sentindo-se realizada com sua perseverança e apaixonada pelo movimento, Maria transformou a corrida em um elemento integrante da sua rotina, participando de diversas corridas e acumulando mais de cem medalhas, além de 21 pódios e troféus.
“O meu saudoso pai dizia que ‘velho seria a estrada’, então comecei a me desafiar. Depois da cirurgia dei a minha primeira volta na Noide, fui ao Transbordo e retornei pelo Viaduto. Eu me sinto realizada por ter essa perseverança de correr, atualmente tenho a corrida como uma terapia. Tenho 102 medalhas, já tenho 21 pódios, uns troféus e tenho esse compromisso comigo. Eu treino duas vezes por semana e aos fins de semana eu faço ‘longão’ e participo das corridas”, explicou.
Corrida como terapia
No ano passado, Maria Nery dedicou-se exclusivamente a cuidar do seu esposo. Abandonou temporariamente suas atividades físicas, incluindo as aulas de cross fit, pilates, musculação e a corrida. No entanto, neste ano, após o falecimento de seu marido, ela encontrou na corrida um caminho para seguir em frente.
“2022 foi uma missão em que me dediquei exclusivamente a cuidar do meu esposo. No ano passado eu fiquei uns três a quatro meses no Hospital Emec com o meu esposo internado, mas eu sentia aquela necessidade de correr. Agora em 2023 ele faleceu, tenho três meses de viúva e para mim, nesses meses de perda, a corrida veio como uma terapia. Só de sentir a brisa do vento, vendo pessoas correndo, carros passando por mim, as adversidades de movimentos, do que acontece na corrida, nesses meses a corrida tem sido um alívio para a minha alma. Foram 37 anos de casada, meu marido faleceu com 67 anos”, pontuou.
Persistência e resistência
Prosseguir correndo é o desejo de Maria. “Enquanto Deus me der permissão para acordar, respirar o oxigênio que é Ele, e Ele me der forças e resistência para andar, eu tenho certeza que ele me dará essa resistência para me movimentar. Eu sei dos meus movimentos e das minhas limitações, mas eu não pretendo parar”, assegurou.
No domingo, 7 de maio, dona Maria Nery correu 21 quilômetros em duas horas e oito minutos, e segundo ela foi ‘de boa’.
“Eu corri com um pace, alguns quilômetros de 5.58, consegui fazer um de 5.38 e foi de boa”, afirmou.
A idosa realiza exames periodicos e relatou ao Acorda Cidade que o seu médico disse que para a idade que possui, a sua capacidade física é de uma pessoa de 36 para 38 anos.
“Para se tornar um bom corredor as pessoas precisam deixar a zona de conforto, ter dedicação, ter amor próprio, amar a Deus, amar ao próximo. Ter dentro de si resistência, foco, ter uma missão. Não pensar negativo, suportar a dor, porque correr não é fácil, mas é preciso persistir e pensar positivo”, frisou.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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