Feira de Santana

Aos 58 anos de idade, dona de casa luta para encontrar registro de identificação: 'Só quero ser uma pessoa normal'

Em entrevista ao Acorda Cidade, dona Marilucia informou que já esteve nos cartórios onde foi registrada, mas não há nenhum documento que possa comprovar a identificação.

Gabriel Gonçalves

A dona de casa Marilucia Carvalho dos Santos de 58 anos de idade, está enfrentando um grande desafio para ser 'aceita' dentro da sociedade. Essa luta diária é motivada pela falta de documentação, impossibilitando por exemplo, que ela possa receber atendimento médico e até mesmo, tomar a primeira dose da vacina contra a Covid-19. Seus documentos foram perdidos na infância e deste então ela peregrina em busca de encontrar seu registro.

Em entrevista ao Acorda Cidade, dona Marilucia informou que já esteve nos cartórios onde foi registrada, mas não há nenhum documento que possa comprovar a identificação.

"Eu já tenho 58 anos de idade e não tenho nenhum tipo de documento em meu nome. Já fizeram todas as buscas, eu fui registrada no 1º cartório com Lourdes Malafaia, mas agora ela já faleceu e não encontraram nenhum documento. Minhas filhas por exemplo quando nasceram, quem fez o registro, foi o pai delas, porque eu não tinha os documentos, então ele ia e colocava meu nome", disse.

Sem nenhum documento, dona Marilucia informou que nunca pôde comparecer a uma unidade de saúde, nem mesmo realizar exames.

"É uma situação muito triste porque realmente eu não consigo fazer nada sem meus documentos. Eu nunca fui ao médico, essa vacina aí mesmo, estou com medo de mim mesma porque ainda não tomei. Graças a Deus, até hoje eu nunca tive a necessidade de ir para um hospital, a minha família sempre está comigo", explicou.

Ao comparecer no Fórum Filinto Bastos, dona Marilucia explicou que no local não há nada que se fazer, da mesma forma, ao buscar apoio na Defensoria Pública.

"Lá no fórum, dizem que não consta nenhuma informação, já procuramos a Defensoria Pública e quando fomos lá, também informaram que não encontraram nada que teríamos que ir em outro local, eu só queria ter meu registro em minhas mãos para ser uma pessoa normal, assim como os outros", declarou.

A filha de dona Marilucia, Ana Lúcia Silva de Carvalho, explicou que já correu atrás de todos os órgãos, mas equanto isso, a mãe vive como uma 'indigente'.

"Nós já fomos nos distritos, nos cartórios, não encontraram nada ou então, quando a gente bate só encontra porta fechada e a Defensoria Pública falou que não poderia fazer nada por enquanto, e aí minha mãe fica como uma indigente. Se pelo menos tivesse uma xerox, algum documento, basta eles fazerem as buscas direitinho que acham. A gente fica com o coração na mão, porque estamos tentando ajudar, mas realmente sem muito o que fazer. Esperamos que eles tomem uma providência para ver o que pode ser feito. Ela não pode ficar sem documento, em breve ela completa 60 anos e o nosso medo é que outros problemas possam aparecer", concluiu.

O Acorda Cidade entrou em contato com a Defensoria Pública e a mesma enviou a seguinte nota:

"Não identificamos em nosso sistema o atendimento à Sra. Marilucia Carvalho dos Santos. Se for possível, sugira que a mesma compareça em nossa sede para maiores esclarecimento"

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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