Andrea Trindade
Entregadores de aplicativos, amigos e familiares do entregador Lucas dos Santos Bonfim, de 21 anos, que foi assaltado e morto, na última sexta-feira (20) em Feira de Santana, realizaram mais um protesto. Eles pedem mais segurança e justiça, pois apesar de os três adolescentes que confessaram o latrocínio já tenham sido apreendidos, ainda aguardam uma decisão da Juíza da Vara da Infância.
A delegada Danielle Matias, titular da Delegacia para o Adolescente Infrator (DAI), informou ao Acorda Cidade que o procedimento já foi encaminhado à Justiça, que decidirá sobre o futuro dos adolescentes, se estes continuarão apreendidos ou não, e por quanto tempo.
Na manifestação, na Avenida Getúlio Vargas, houve muitos pedidos de justiça e de mais segurança.
“Estamos em busca da justiça porque o que vem a relatar, é que a qualquer momento eles podem estar na rua daqui a 45 dias para fazer mais vítimas. Isso é o receio da família porque eles podem vir para fazer mais vítimas. Eles mataram meu neto com crueldade, meu neto era um trabalhador, era um menino direito, ele foi simplesmente entregar uma pizza, aí dessa pizza ele não voltou mais”, declarou a avó de Lucas, Lúcia Maria dos Santos.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Ela informou ao Acorda Cidade que foram os familiares que descobriram o local onde estavam os pertences e o corpo do jovem, que desapareceu após aceitar um pedido de entrega de pizza. A avó contou também que todos da família estão sofrendo muito com a perda.
“O padrasto dele nesse momento está internado na policlínica porque deu uma convulsão, e a mãe dele está viva por fora, mas está morta por dentro, como também nós estamos e os amigos. Um rapaz trabalhador, ele trabalhava no Feiraguay de dia, porque ele tinha uma loja, e à noite ele entregava a pizza para ter uma renda extra”, destacou.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
O amigo de Lucas, Leandro Souza, disse que a vítima era uma pessoa muito tranquila e querida por todos.
“A gente participava do grupo de skate. Era um menino bom não mexia com ninguém, praticava esportes. Temos um grupo aqui que ele era praticamente irmão de todo mundo, não mexia com ninguém, não tinha nada, não se envolvia com nada e acontece uma coisa dessa, estamos muito tristes com essa situação toda. Minha avaliação é que em Feira de Santana e em todo o estado da Bahia há pouca segurança. Estamos precisando de segurança e isso não é de agora. Já vem acontecendo com muitas pessoas e a gente quer justiça. Simplesmente isso, justiça. Cadê agora os governantes? O artigo 144 da Constituição Federal diz que segurança é do dever do Estado, e cadê a segurança que a gente não tem? Até quando a gente vai ver essas coisas acontecerem na nossa cidade e deixando, deixando…? Então o cara que morreu perde a vida, passa, vem outro e bola para frente, até quando isso?”, questionou.
Fotos: Ney Sulva/Acorda Cidade
Apreensão dos acusados
Três adolescentes são acusados de assaltar e matar Lucas dos Santos, que saiu na noite de sexta-feira à noite (20), da pizzaria onde trabalhava no Conjunto Feira X para entregar uma pizza na Rua Conde de Irajá no bairro Campo Limpo e não retornou. O pedido foi feito através do WhatsApp da pizzaria, mas o endereço da casa para a entrega não existia.
Os três confessaram o crime e contaram com frieza como o mataram. A moto de Lucas foi encontrada na noite de sábado (21) em uma residência no bairro Campo Limpo e o seu corpo foi localizado na manhã do dia seguinte (22), na mesma rua onde partiu o pedido da pizza. O corpo estava enterrado em um terreno baldio e apresentava vários cortes de arma branca por toda parte.
Um dos adolescentes foi preso no bairro Campo Limpo e os outros no bairro Santa Mônica por policiais militares da 66ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM).
Foto: Aldo Matos/Acorda Cidade | Delegada Danielle Matias, titular da DAI
A delegada Danielle Matias disse ao Acorda Cidade que o crime foi tipificado como latrocínio.
“A localização do corpo foi feita pelo plantão regional, ocorreu no domingo e o flagrante foi tipificado como latrocínio. Os adolescentes foram ouvidos e contaram detalhadamente como fizeram esse ato infracional. Ligaram para a pedir a pizza e segundo eles, já era costume, já fizeram isso outras vezes. Os entregadores, iam para esse local, nesse mesmo terreno e eles roubavam as vítimas. Desta vez, como eles próprios falaram, fizeram algo mais. Como eles estavam de cara limpa, (nas palavras deles), então resolveram matar a vítima para que ela não os reconhecesse posteriormente. Infelizmente o ato foi cometido com um grau enorme de frieza, além de situações de tortura”, declarou.
De acordo com a delegada, Lucas teve as mãos amarradas, além de sacos colocados na cabeça.
“Informaram que mataram Lucas com medo de serem reconhecidos e tinham a intenção de roubá-lo, tanto é que assim que a vítima chegou ao local, eles já perguntaram se a moto tinha rastreador, subtraíram o celular, perguntaram a senha e como eles falaram que estavam de cara limpa, ou seja, a vítima podia reconhecê-los, então resolveram matar Lucas. Todos três golpearam, participaram, inclusive da ocultação do cadáver do Lucas. De acordo com os adolescentes, ainda teve a participação de uma quarta pessoa, um maior de idade, no entanto, as investigações ainda continuam em relação a essa pessoa”, afirmou Danielle Matias. (Saiba mais aqui)
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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