Feira de Santana

Agosto Lilás: mulheres buscam curso de defesa pessoal para coibir ataques e violência doméstica

Mais de 300 mulheres já realizaram as inscrições.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

A estudante Sued da Silva Sandes, de 24 anos, faz faculdade à noite e por conta disso, às vezes chega tarde em sua residência. Pela manhã, ela também precisa sair cedo para pegar o transporte. Em entrevista ao Acorda Cidade, a jovem contou que já foi assaltada e perdeu o celular para os bandidos.

Foi pensando neste tipo de situação, a estudante se inscreveu para participar do curso de defesa pessoal promovido pela Secretaria Extraordinária de Políticas para as Mulheres.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Eu decidi fazer esse curso, primeiro pela segurança. A gente está vivendo uma sociedade muito violenta, os índices de feminicídios estão cada vez mais altos e como eu faço faculdade, às vezes, chego em casa tarde à noite, e saio de manhã muito cedo e preciso ficar no ponto de ônibus sozinha, então é por precaução, para conseguir me defender. O professor é maravilhoso, a turma também, todo mundo se dá muito bem, já criamos um grupo e é tudo bem tranquilo”, elogiou Sued Sandes.

A participante acredita que este curso tem uma grande importância para dar às mulheres a capacidade de se defenderem, caso venham a ser atacadas.

“É importante saber que se alguém vier me atacar de alguma forma, eu vou conseguir me livrar, não digo lutar ou brigar, mas me defender, sair ilesa de alguma situação, onde eu consiga proteger a minha vida e sair. Já fui assaltada, já perdi celular e conheço muitas pessoas que também já perderam celular ou algum outro aparelho, casas que são invadidas, então você conseguir se defender para salvar a sua vida é sempre muito importante”, ressaltou.

O professor do curso de defesa pessoal Deivson Bastos explicou ao Acorda Cidade como funciona o projeto articulado pela secretaria, em alusão à Campanha Agosto Lilás.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“O nosso projeto traz enormes benefícios não só para a parte física, como também a saúde mental. Ele está sendo promovido pela prefeitura de Feira, através da Secretaria da Mulher, e a secretária Gerusa Sampaio leva muito a sério esse projeto, para as mulheres do nosso município. Hoje nós temos uma média de 300 mulheres inscritas. São em média 50 mulheres por turma, só pela tarde e temos pela manhã também, ou seja, um total de quase 200 mulheres ativas nesse período”, informou o instrutor.

Para participar do curso é necessário ter idade acima de 17 anos, estar saudável e se inscrever na Secretaria da Mulher. O objetivo, segundo Deivson Bastos, é também desmistificar a ideia de que a mulher é um sexo frágil e incapaz de se defender de ataques.

“A importância é não só para a saúde física e mental, mas também a questão da defesa, da mulher estar bem, estar preparada e não ser vítima ou ser vista como um sexo frágil, que não sabe se defender, que não pode fazer nada. E através desse curso, as mulheres podem sim se preparar de uma forma verdadeira, para coibir e surpreender qualquer tipo de agressor que possa vir até ela. Quem quiser se inscrever pode buscar a secretaria da Mulher e será bem recebida”, destacou.

Chefe de promoção dos direitos da mulher na Secretaria Extraordinária de Políticas para as Mulheres, Josailma Ferreira, salientou que o curso faz parte do Agosto Lilás, que é um mês alusivo à Lei Maria da Penha.

“Essa campanha surgiu assim que foi sancionada a lei e visa conscientizar as pessoas pelo fim da violência contra a mulher, divulgar a lei, articular e promover ações, como rodas de conversas, reuniões articuladas pela rede, visando sempre o combate e o enfrentamento à violência contra a mulher. A lei Maria da Penha é um marco nesta estratégia e vem também para informar o que é e quais os tipos de violência, bem como os mecanismos de proteção, assistência e segurança judiciária para a mulher”, afirmou Josailma Ferreira.

A chefe de promoção dos direitos da mulher informou que curso de defesa pessoal começou no dia 25 de julho e visa promover junto às mulheres a defesa pessoal dela de possíveis ataques, com estratégias para que ela saia de um empurrão ou possível enforcamento, e assim possa agir de forma segura frente a esses ataques.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“O curso surgiu em setembro de 2017, quando a secretária Gerusa Sampaio era vereadora, e ela lançou o projeto. Em setembro de 2018, lançamos a aula inaugural e foi constituída a primeira turma. De lá para cá, a gente vem fortalecendo ainda mais e temos um número de inscrições bem além da expectativa para os cursos de defesa social e treinamento funcional. Esse número vem crescendo, e a gente busca fazer com que essa mulher cuide da sua saúde emocional, desperte nela o equilíbrio emocional e a secretária Gerusa traz não só as aulas, mas também todo um contexto de psicólogos, enfermeiros, o professor com suas orientações, então o curso visa principalmente cuidar dessa mulher que sofra ou não violência”, reforçou.

A busca pelo equilíbrio emocional neste momento pós-pandêmico faz parte do processo de cura de muitas participantes do curso, uma vez que com a pandemia, problemas como ansiedade, depressão, entre outras situações têm afetado fortemente o dia a dia dessas mulheres.

“Esse curso traz um momento de descontração, aliado às técnicas, o professor trabalha técnicas de respiração, e tudo isso vem fortalecer essa mulher no Agosto Lilás, que é um mês muito simbólico do combate e enfrentamento à violência, de conquista dessas mulheres. Nós trabalhamos o ano todo, e em agosto essas ações se intensificam, como também no mês de março, alusivo ao Dia Internacional da Mulher”, pontuou.

Conforme Josailma Ferreira, a Secretaria Extraordinária de Políticas para as Mulheres possui atualmente dois departamentos. O primeiro é o Departamento de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça, Juventude e Minorias, que tem as suas divisões.

“O de gênero trabalha com aspectos da igualdade das mulheres. De raça trabalha com discriminações raciais, etnias, e a gente traz também não só a de matriz africana, mas as ciganas e outras populações. Nós também trabalhamos com os grupos LGBTs, que são as minorias, e a juventude, que são jovens de 16 a 29 anos, que tem alguns projetos específicos dentro da pasta.”

Além desse, há o Departamento de Apoio à Família, que contempla assistência jurídica, para casos como dissolução de união estável, divórcio e outras ações ligadas à Vara da Família.

“Temos também o Centro de Referência Maria Quitéria (CRMQ), que atua no combate à violência contra a mulher, e aqui vale ressaltar que este é um espaço de demanda espontânea e não é preciso registrar uma queixa para ir ao Centro, pois lá a mulher irá encontrar todo o suporte psicossocial. O telefone do CRMQ é o 3616-3433”, informou.

Ela salientou ainda que a Secretaria da Mulher conta com equipes multidisciplinares nos dois departamentos, como assistentes sociais e psicólogos, que farão escutas especializadas.

Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“A secretaria está situada na Rua Castro Alves, número 364, na Serraria Brasil. O telefone é o 3602-8675. Queremos dizer que qualquer vida importa, então a mulher tem que quebrar o silêncio e ela precisa falar sobre a questão da violência, pois este é o primeiro passo para ela romper qualquer ciclo”, frisou.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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