Feira de Santana

Agentes iniciam realizam recolhimento de ‘santinhos’ após domingo de eleições em Feira

A prática de espalhar panfletos com a foto e o número dos candidatos por toda a cidade é considerada irregular pelo Ministério Público Estadual (MPE).

agente de limpeza_ eleições_ santinhos_
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Muita sujeira, papéis misturados com lama. Esse é o saldo provocado pelo derrame de santinhos durante as eleições em Feira de Santana, tanto na sede quanto nos distritos.

Desde as primeiras horas da manhã, equipes de limpeza da Secretaria Municipal de Serviços Públicos (Sesp) realizam a varrição e o recolhimento dos papéis.

Agente de Limpeza_ recolhimento de santinhos após as eleições
Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Ao site Acorda Cidade, a agente de limpeza Mayara Campos informou que iniciou o serviço desde as 6h. Segundo ela, o recolhimento dos santinhos e varrição das ruas após as eleições é algo extremamente trabalhoso.

“É muito difícil de tirar esses santinhos das ruas, porque são papéis que grudam no chão, não querem sair e ainda mais quando o lugar está molhado. O local pior é na Avenida Presidente Dutra”, revelou.

A prática de espalhar panfletos com a foto e o número dos candidatos por toda a cidade é considerada irregular pelo Ministério Público Estadual (MPE), sobretudo o chamado ‘voo da madrugada’, que é uma estratégia utilizada pelos políticos para tentar conseguir votos dos chamados ‘indecisos’, na última hora.

Segundo o MPE, o gasto com santinhos e demais publicidades por materiais impressos foi a terceira maior concentração de despesas nas eleições deste ano. Mais de R$ 674 milhões já foram gastos neste meio, atrás apenas do custo com pessoal e doações a outros candidatos/partidos.

Operação Limpeza pós-eleições
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Também em entrevista ao Acorda Cidade, o agente de limpeza Heloísio Alves de Araújo contou que presta serviço à prefeitura há quase 20 anos. Na manhã de hoje, ele realizou a limpeza de um trecho da Avenida João Durval e falou da grande dificuldade que é recolher o material.

Operação Limpeza pós-eleições
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“É muito trabalho. O vento carrega e espalha tudo de novo, e a gente tem que sair puxando, não solta. Fica complicado. As vassouras não ajudam a gente, e os carros passam, espalham tudo e a gente tem que fazer tudo de novo”, desabafou o agente.

Ele disse que já trabalhou em várias eleições e é sempre deste jeito. “Muita correria, muito papel.”

Planejamento

O diretor de Limpeza Pública da prefeitura, João Marcelo, explicou que o planejamento de limpeza durante as eleições começou no dia 19 de setembro.

Segundo ele, o trabalho iniciou com a capinação nas proximidades dos colégios antes da votação e reiniciou logo após as 17h, para retirada dos panfletos.

Operação Limpeza pós-eleições
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Esse ano foram muitos, uma estupidez. A limpeza foi iniciada no domingo, a partir das 17h, se estendo até próximo das 22h. E nesta segunda-feira, tivemos equipes que foram retiradas da capinação, roçagem, e a poda, para fazer a varrição e limpeza dos canteiros dos locais próximos aos colégios eleitorais. No domingo, foram colocadas três equipes, em torno de 45 pessoas, e duas caçambas dando apoio a este tipo de serviço. Se esse material ficar na via pública pode entupir esgotos, bocas de lobo, e quando a chuva vier, atrapalhar a cidade com alagamentos”, afirmou o diretor de Limpeza Pública.

De acordo com ele, em 2018, foram recolhidas 14 toneladas de santinhos das vias públicas.

Operação Limpeza pós-eleições
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

“Esse ano, a gente ainda não tem uma noção, porque iniciou ontem. Hoje vamos dar andamento e daqui para o final da semana vamos ter uma ideia do quanto foi recolhido. Esse material é levado para o aterro e lá é enterrado, é levado nos caminhões compactadores junto com o lixo domiciliar e é descartado.”

Na avaliação de João Marcelo, todo esse gasto com confecção de santinhos é um desperdício do dinheiro público.

“Isso é um desperdício, quem paga para produzir somos nós através dos nossos impostos. É um exagero tremendo, que poderia ser substituído pela mídia digital, que é mais rápida e mais acessível. Já que no Brasil existem as urnas eletrônicas, deveria ter também o santinho eletrônico, isso ajudaria muito a administração pública”, destacou.

Com informações dos repórteres Paulo José e Ed Santos do Acorda Cidade

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