Feira de Santana

9ª Caminhada do Perdão une fiéis movidos pela fé

Neste segundo domingo da quaresma, católicos de diferentes paróquias, renovaram seus pedidos, entoaram cânticos e clamaram pela paz e pelo fim da violência.

Foto: Gabriel Gonçalves/Acorda Cidade
Foto: Gabriel Gonçalves/Acorda Cidade

Após ficar suspensa nos anos de 2021 e 2022, por conta da pandemia da Covid-19, a Caminhada do Perdão realizada pela Arquidiocese de Feira de Santana retornou neste domingo (5), com o tema: “Dai-lhes vós mesmos de comer!”, pela terceira vez o evento trouxe o tema da fome para o foco das reflexões.

Foto: Gabriel Gonçalves/Acorda Cidade

A concentração aconteceu na Igreja dos Capuchinhos e, após a realização de uma missa, a 9ª Caminhada do Perdão foi iniciada com destino à paróquia Senhor do Bonfim, no Alto do Cruzeiro.

Foto: Gabriel Gonçalves/Acorda Cidade

O Arcebispo Emérito da Arquidiocese de Feira de Santana, Dom Itamar Vian, aproveitou a Caminhada para fazer um pronunciamento a Feira de Santana, cidade que lhe adotou como filho.

Dom Itamar demonstrou profundo lamento diante da declaração feita pelo vereador Sandro Fantinel contra a região Nordeste, no dia 28 de fevereiro.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Eu tenho inclusive o título de cidadão feirense, baiano. E nesta semana, como gaúcho, eu me senti profundamente ofendido e também atacado. Porque um gaúcho agrediu de uma forma bem grosseira a todos nós baianos e nordestinos, mas não só isso, foi profundamente lamentável tomar conhecimento de que no Rio Grande do Sul há pessoas que ainda pegam outros seres humanos para escravizá-los ou realizar trabalhos semelhantes à escravidão. Sendo como for, é um profundo desrespeito a pessoa humana, que além dos seus direitos sociais e políticos, deve ser respeitada como imagem e semelhança de Deus”, disse.

Em entrevista ao Acorda Cidade, o Arcebispo de Feira de Santana, Dom Zanoni explicou que o tempo de quaresma é um tempo forte de oração, penitência e fraternidade, além de ser também um tempo de peregrinação até a Páscoa.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“A igreja de Feira de Santana realiza no segundo domingo da quaresma uma caminhada penitencial, dentro da temática da campanha da fraternidade, que neste ano é “Dai-lhes vós mesmos de comer!”.

O arcebispo também apontou que uma sociedade de paz e justiça pode ser gerada com o propósito de um mundo novo.

“A violência é fruto externo, não faz parte da gênese humana, nem a divisão e a injustiça, mas o amor. Então eu creio que nós podemos gerar uma sociedade de paz e justiça para a construção de um mundo novo. Aqui vemos um sacrifício grande das pessoas, expressando a solidariedade e a preocupação sobretudo com os pobres”, apontou.

Dom Zanoni ressaltou a importância de crescermos no conhecimento de Jesus, buscarmos a reconciliação e a mudança na mentalidade.

“É importante uma conversão necessária, não é só uma conversão social, mas espiritual. É preciso mudar de vida, a nossa mentalidade e participar da construção de um país onde todo o preconceito, todo o racismo estrutural seja superado. Eu achei belíssimo nessa Caminhada, um gaúcho que mora conosco, Dom Itamar, pedir perdão pela mentalidade racista, preconceituosa, escravagista, manifestada por aquele parlamentar em sua terra. É preciso reconciliação e mudança de vida”, orientou.

Renovação da fé

Neste segundo domingo da quaresma, católicos de diferentes paróquias, movidos pela fé, renovaram seus pedidos, entoaram cânticos e clamaram pela paz e pelo fim da violência.

A engenheira eletricista, Thayonara Boaventura, que faz parte do Treinamento de Liderança Cristã (TLC), relatou ao Acorda Cidade que a retomada da Caminhada do Perdão é importante para que as pessoas possam viver em comunidade.

Foto: Ney Silva/Acoda Cidade

“Nós somos cristãos e devemos trabalhar junto a comunidade. O nosso treinamento de lideranças cristãs nos treina para que a gente possa treinar nas nossas comunidades e também na nossa Arquidioce. Voltar às atividades faz com que possamos trazer mais jovens e mais pessoas para o meio de Cristo”, pontuou.

O perdão é um ato de amor, ressaltou Taionara. “Perdoar é a gente fazer assim como Jesus Cristo fez, é um ato de amor ao próximo. Perdoar independente da mágoa, mas de coração aberto em dar o perdão, até porque quando a gente perdoa o outro é uma libertação não só para o outro, mas para nós também de nos deixar livre daquela dor que nos foi causada e tudo mais”.

Luciene Eliziário, moradora de Conceição do Jacuípe, contou ao Acorda Cidade que todo ano está presente na Caminhada.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Eu só não participei em um ano. Perdoar para mim significa perdoar o próximo, ter o coração limpo, é um ato de amor”.

O trabalhador rural, Lauro Martins Gomes, disse ao Acorda Cidade que acompanhará a Caminhada até o Alto do Cruzeiro.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“A pandemia veio nos trazer mais coragem, força, ânimo, e foi uma coisa triste ao mesmo tempo, mas nos ensinou a ter coragem para seguirmos. Eu vou até o final, até o Alto do Cruzeiro, só saio quando terminar tudo. Eu assisti a missa, às 7h, com Dom Zanoni Castro e agora estou seguindo na Caminhada, com chuva ou com sol”, assegurou.

A católica, Ana Cristina compartilhou em entrevista ao Acorda Cidade que participar da Caminhada do Perdão é como ‘um reviver’, é um momento de reconciliação e de perdão.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Já participei de outras Caminhadas, e hoje com grande saudade do nosso Frei Mario Sérgio, tendo a memória dele hoje presente aqui, é essencial fazer essa lembrança de alguém que estava sempre presente e que foi um dos que estavam à frente desta Caminhada para acontecer”, relembrou.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Ana Cristina expôs que a Caminhada ensina muito a aprender com a fé do outro.

“O que mais me chama atenção é a união do próximo, a reflexão do outro. Ver o outro em penitência me ajuda a também viver com ele esse momento, essa Caminhada. Há bons exemplos”, frisou.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Foto: Gabriel Gonçalves/Acorda Cidade
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
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Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

Matéria atualizada às 15:30.

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