Laiane Cruz
Praticantes de Bicicross, em Feira de Santana, pedem o apoio do poder público municipal e do setor privado para que a prática esportiva e os atletas tenham mais visibilidade e condições de treinamento. A cidade, que já foi palco para diversos campeonatos nacionais, regionais e estaduais, vê o esporte local ter o seu brilho cada vez mais apagado, diante das péssimas condições da pista, localizada no bairro Morada das Árvores, e a desmotivação dos competidores.
É o caso do competidor Tarsis Hávila, que irá participar do campeonato brasileiro de bicicross, mas se sente inseguro pela falta de um treinamento adequado às suas necessidades.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
“Aqui a gente fica escasso de um treinamento mais reforçado, por causa das condições da pista, que não ajuda a gente a ter a desenvoltura total, do nível do campeonato que vai ter, que é o campeonato brasileiro, que exige muito esforço e muita técnica”, afirmou, em entrevista ao Acorda Cidade.
De acordo com o esportista, a pista de bicicross em Feira de Santana está defasada e à noite possui pouca iluminação. Os problemas na infraestrutura do local dificultam a prática do esporte no município.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
“A gente está com a pista defasada, por causa do material do piso, que não é propício para impor muita velocidade. A gente não tem como fazer um treinamento amplo, só pode treinar durante o dia, porque à noite a iluminação é precária e também quando chove fica inviável. A parte elétrica está caseira, porque com o abandono do governo, houve roubos da fiação e a gente improvisou. Então está inviável fazer um treinamento do nível do evento, por falta de condições, nem financeira, nem através do município, que não ajuda a gente totalmente”, reclamou.
Abandono dos atletas
Outro praticante da modalidade e integrante da Associação Feirense de Bicicross, Laelson Carneiro Rios, lamentou o fato de que Feira de Santana foi uma das cidades pioneiras na prática esportiva, mas por falta de apoio da gestão municipal e do setor privado, vê o número de atletas diminuir cada dia mais.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
“A modalidade de Bicicross no município de Feira de Santana teve no final década de 70, já em 1979, então na Bahia nós somos uma das cidades pioneiras nessa prática esportiva.Nós temos uma associação que rege o esporte na cidade, que é a Associação Feirense de Bicicross, e a gente tenta alguns apoios de empresários, a gente tenta de todas as formas manter o espaço, porém a gente precisa muito do apoio do poder público, pois a pista hoje está nesse estado como está, com aspecto de abandono, muito mato, espaço sujo, arames das cercas quebrados, o circuito defasado. Então a gente precisa do apoio do poder público e do setor privado.”
Segundo ele, a área foi cedida pela prefeitura, mas não existe nenhum convênio firmado com o governo municipal.
“Desde que inaugurou, em 2006, a gente sempre que precisava de alguma coisa, como limpeza, reforma, capinação, a gente fazia os ofícios e encaminhava à secretaria competente, que executava o serviço. Porém, com a pandemia, estamos enfrentando muita dificuldade, e precisamos sim do apoio para melhorar o espaço. As modalidades esportivas já retornaram. O município de Camaçari está investindo pesado no Bicicross, assim como o município de Itaberaba está investindo pesado na equipe e na pista, levando agora a equipe para disputar o brasileiro, em São Paulo. E de Feira de Santana, só vão dois atletas com recursos próprios. Precisamos de visibilidade”, destacou.
Fotos: Ney Silva/Acorda Cidade
Celeiro de atletas
Laelson Rios reforçou o fato de que Feira de Santana, historicamente, é um celeiro de grandes atletas, com competidores que se tornaram campeões panamericano, sulamericano, campeões brasileiros, além de ganhadores de títulos baianos e do nordeste.
“A nível de competição, nós já realizamos aqui nesse espaço de cinco a seis campeonatos brasileiros, três ou quatro Copas do Brasil, edição do Nordeste, então é uma cidade que tem um respeito e um nível muito grande dos atletas, que gostam de competir em Feira, porque sabem que temos grandes eventos.”
Ele explicou durante a entrevista ao Acorda Cidade, que os treinos dos atletas geralmente ocorrem às terças, quintas, sábados e domingos, mas devido à situação precária da iluminação, por exemplo, muitos atletas que trabalham durante o dia deixaram de frequentar o espaço à noite, porque não têm a visibilidade adequada.
“Feira de Santana chegou a ter de 80 a 100 atletas, e hoje tem no máximo 20 a 30. Precisamos ser vistos, com apoios adequados. Feira de Santana foi um dos municípios que mais representou o esporte Brasil afora, porém não temos apoio e visibilidade, enquanto atletas e como esporte”, declarou.
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
O secretário de Cultura, Esporte e Lazer do município, Jairo Carneiro Filho, informou ao Acorda Cidade que a prefeitura já fez um levantamento dos espaços esportivos da cidade para recuperação, com vistas à retomada das atividades.
“Algumas áreas esportivas, como também campos e quadras, são áreas que a Secretaria de Cultura, Esporte e Lazer já tem todo um levantamento para que dentro do planejamento façamos a manutenção e recuperação, principalmente para que as pessoas, nesse momento de retomada, e desde que estejamos já com os decretos liberando a utilização desses espaços, possamos ter esses espaços apropriados para toda a comunidade.”
Acerca da pista de bicicross, o secretário informou que já manteve contato com o responsável pelo espaço, Laelson Rios, e solicitou que ele estivesse na secretaria para formalizar ações junto ao governo municipal.
“Eu estive pessoalmente nessa pista de Bicicross neste momento de Pandemia, por mais de duas vezes, inclusive com o senhor Laelson, que faz alguns eventos nessa pista, eu mantive contato com ele e o convidei para ir à secretaria, ele esteve comigo e se colocou como a pessoa que fica à frente dos cuidados dessa pista de bicicross, e solicitei dele que ele retornasse à secretaria justamente para que a gente pudesse criar um formato oficializando essas ações, para que a secretaria pudesse dar o apoio”, justificou o secretário.
A pista foi inaugurada em 2014.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade.