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Agência Brasil – Há dois anos, depois de processos de reestruturação administrativa (cada um em um formato próprio), Flamengo e Palmeiras se distanciaram dos demais clubes do futebol brasileiro. Não só no aspecto financeiro, mas também no esportivo. Assim, em 2018 e 2019 brigaram pelo título do Brasileirão (ano passado o Santos ficou entre os dois na classificação final, mas isso com a ajuda do próprio Palmeiras, que despencou depois da Copa América e ficou em quinto lugar no returno). No próximo fim de semana, dias 8 e 9 de agosto, começa mais uma edição do Brasileirão. E a pergunta que surge é: quem vai brigar pelo título desse campeonato que só termina em fevereiro do ano que vem?
É evidente que o Flamengo, atual campeão, sai como favorito. Se perdeu o técnico Jorge Jesus, considerado como um dos responsáveis pelo grande momento do time em 2019, por outro manteve o grupo, que, aliás, vem reforçado por Gustavo Henrique, Michael, Pedro, Pedro Rocha e Thiago Maia (o zagueiro Pablo Mari foi a única perda entre os titulares). O Palmeiras, em tese, é a segunda força, mas perdeu Dudu e Luxemburgo terá de arrumar o time com essa mudança no meio e no ataque. E quem aparece depois dessa dupla?
O Grêmio sempre surge como um dos que vão brigar pelo título. Em 2018, ganhou o Gauchão, mas foi eliminado nas quartas de final da Copa do Brasil pelo Flamengo, na semifinal da Libertadores pelo River Plate e terminou o Brasileirão em quarto lugar. Ano passado, de novo campeão gaúcho, mas também foi eliminado nas semifinais da Copa do Brasil, pelo Athletico Paranaense, e na Libertadores, com direito a uma goleada de 5 a 0 do Flamengo. Coincidentemente, ficou em quarto lugar na Série A.
Arthur e Luan foram duas perdas gremistas nos dois últimos anos, e em 2020 quem está na mira das grandes equipes da Europa é Everton Cebolinha. Com ele, e sem poupar jogadores como gosta de fazer, Renato Gaúcho poderá levar o Grêmio ao topo e à briga pelo título. Sem isso, certamente será bem mais difícil.
A novidade da temporada parece ser o Atlético Mineiro. Apesar da dívida que supera os R$ 740 milhões, o clube investiu R$ 130 milhões em 15 reforços, com a ajuda de parceiros. E ainda conta com o técnico Jorge Sampaoli, o argentino que levou o Santos ao vice do Brasileirão em 2019. Tem time para brigar em campo por algo melhor que nos últimos anos, mas o desajuste financeiro pode afetar essa participação, porque não é raro os salários atrasarem.
Agora, se olharmos friamente os demais times, veremos ser muito difícil apostar em algum outro com condições de brigar pela primeira posição. E não é de hoje que, sabidamente, muitas das equipes entram no campeonato com o objetivo claro de lutar por uma vaga na Libertadores, ou na Sul-Americana, ou até mesmo para simplesmente não cair para a Série B.
Este ano, ter um elenco forte e diversificado será ainda mais importante, pois o calendário está apertado. E esse aspecto, aliás, pode ser determinante para a participação dessas equipes no Brasileirão, pois as datas da Copa do Brasil e da Copa Libertadores estão todas no mesmo pacote, tornando essa temporada ainda mais desgastante (também vale lembrar que esses times têm jogadores de nível de seleção, e que podem sofrer desfalques quando chegarem os jogos das eliminatórias para a Copa).
Vale arriscar surpresas? Considerando que o Athletico não é surpresa há um bom tempo, Fortaleza e Bahia seriam minhas apostas. Se conseguirem sobreviver à ausência de torcedor nos estádios, com consequente queda de receita, creio que vão chegar na frente de muitos que ainda se consideram grandes. É claro que surpresa tem também pelo lado ruim, e não é exagero dizer que o Botafogo vai precisar se reinventar para não repetir o desempenho do Cruzeiro de 2019 e acabar o ano rebaixado para a Série B.
* Por Sergio du Bocage, apresentador do programa No Mundo da Bola, da TV Brasil