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Foi sofrido, catimbado, pegado. Em uma semifinal digna da tradição da Libertadores, o Penãrol se classificou para a final e será o adversário do Santos, mesmo com a derrota para o Vélez Sarsfield, por 2 a 1, nesta quinta-feira à noite, em Buenos Aires. A vaga veio devido ao gol marcado fora de casa, já que os uruguaios haviam vencido por 1 a 0, em Montevidéu.
Santos e Peñarol vão repetir a decisão da Copa Libertadores de 1962, quando o time brasileiro sagrou-se campeão sul-americano pela primeira vez. A equipe do Uruguai volta à final após 24 anos. A última aconteceu em 1987, quando o Peñarol foi campeão após bater o América de Cali. Será a décima decisão do time pentacampeão, recorde do torneio, superando o Boca Juniors-ARG, que disputou nove.
As partidas decisivas serão disputadas nos dias 15 e 22 de junho. O primeiro duelo será no estádio centenário, em Montevidéu, e o jogo de volta será em São Paulo, ou no Pacaembu ou no Morumbi.
Nesta quinta, no estádio José Almafitani, o Peñarol contou com a ajuda de um compatriota. O ex-corintiano Santiago Silva perdeu um pênalti quando seu time já vencia por 2 a 1. Antes, os visitantes mostraram sua força nos contra-ataques e abriram o placar com Mier, aos 33 minutos do primeiro tempo. Nos acréscimos, o Vélez empatou com Tobio e virou aos 21 minutos da etapa final com Santiago Silva. Três minutos depois, os anfitriões ficaram com um a menos, com Ortiz expulso, mas "El Tanque" teve em seus pés o pênalti da classificação, aos 30 minutos, e mandou por cima do gol.
O jogo – Confuso na busca pelo resultado dentro de casa, o Peñarol mostrou que sabe se beneficiar do contra-ataque, mais provável como visitante, para ditar o ritmo do confronto na Argentina. O placar não foi aberto antes pelo time uruguaio porque o meia-atacante Martinuccio não conseguiu aliar sua velocidade com precisão na finalização.
Logo aos três minutos de jogo, o jogador cobiçado pelo Palmeiras aproveitou toque de primeira na intermediária, driblou um marcador, venceu outros três na corrida e entreou livre na área, mas faltou força para chutar. A bola ficou fácil nas mãos do goleiro Barovero.
Chave da força da equipe uruguaia, o baixinho Martinuccio perdeu gol até de cabeça, recebendo livre. O Vélez, que havia perdido Cubero por lesão – Tobio entrou em seu lugar – demorou a entender que o Peñarol controlava todas as suas investidas na intermediária, forçando os argentinos a caírem pelas laterais, e encontravam o meia-atacante sempre sem marcação.
Os anfitriões, contudo, conseguiram ter o controle do confronto aproveitando-se bem das jogadas pelos flancos, principalmente pela esquerda. O problema é que Santiago Silva, referência de todas as bolas alçadas na área, não conseguia ser fatal, seja por falha no posicionamento ou técnica.
E Martinuccio, enfim, conseguiu colocar o Peñarol em vantagem. Exatamente quando, finalmente, foi marcado. Aos 33 minutos, o meia-atacante segurou a bola na área, pela direita, prendeu a atenção de dois adversários e inverteu com um passe rasteiro para Mier dominar e colocar a bola nas redes de Barovero aos 46 minutos.
Em desvantagem, o Vélez conseguiu ver sua estratégia torna-se mais útil. Santiago Silva passou a ajudar até escorando pelo alto para um colega em melhores condições. O problema era que as finalizações continuavam erradas. Mesmo quando a bola entrou, após a característica torça de passes do time argentino pela esquerda, o árbitro invalidou gol de Martínez, que estava em posição legal.
A presença de Moralez, principal jogador do time e desfalque no Uruguai, finalmente teve resultado no final do primeiro tempo. Em uma bola levantada por ele em cobrança de falta pela esquerda, o goleiro Sosa, do Uruguai, acabou rebatendo fraco, deixando-a nos pés de Tobio, que logo tratou de empatar.
Se dominou no início do primeiro tempo, o Peñarol tratou de não se arriscar muito na volta do intervalo e jogar com o regulamento a seu favor. E forneceu campo ao Vélez, atacando somente em cada vez mais raros lançamentos para Martinuccio. A postura logo foi punida quando Santiago Silva aproveitou bola ajeitada por Martínez para virar aos 21 minutos.
Intensamente apoiada pelo estádio lotado, que cantou até uma versão de "Ilariê", música da Xuxa, a equipe da casa acabou se prejudicando pelo nervosismo em campo. O zagueiro Ortiz, que já havia recebido amarelo por iniciar confusão no primeiro tempo e falhado no gol do Peñarol, deu um pontapé em Martinuccio e foi expulso aos 24 minutos.
Ficar com um a menos, porém, não fazia muita diferença diante de um Peñarol que preferia manter pelo menos oito atletas atrás da intermediária. Por isso, os argentinos ainda tiveram a oportunidade de fazer o gol da classificação, após Martínez sofrer pênalti. Mas Santiago Silva chutou por cima do travessão, aos 30 minutos, a classificação para a final e a sua chance de ser herói.
Depois do susto, o Peñarol teve mais inteligência. Aproveitou-se do desespero misturado até com desânimo dos donos da casa para adiantar sua marcação, manter a bola bem distante de sua área e aproveitar qualquer escanteio ou cobrança de lateral para ganhar tempo. Assim, matará a saudade de disputar uma final de Libertadores. As informações são da ESPN BRASIL
FICHA TÉCNICA VÉLEZ SARSFIELD-ARG 2 X 1 PEÑAROL-URU
Local: Estádio José Amalfitani, em Buenos Aires (Argentina)
Data: 2 de junho de 2011, Quinta-feira
Horário: 21h50 (de Brasília)
Árbitro: Enrique Osses (Chile)
Assistentes: Francisco Mondría e Patricio Basualdo (ambos do Chile)
Cartões Amarelos: Ortiz e Santiago Silva (Vélez); Albín e Estoyanoff (Peñarol)
Cartão Vermelho: Ortiz (Vélez)
Gols: VÉLEZ: Tobio, aos 46 do primeiro tempo, e Santiago Silva, aos 21 do segundo tempo
PEÑAROL: Mier, aos 33 minutos do primeiro tempo
VÉLEZ SARSFIELD: Barovero; Cubero (Tobio), Domínguez, Ortiz e Papa; Fernández, Canteros, Zapata (Ramírez) e Morales (Alvarez); Martínez e Silva
Técnico: Ricardo Gareca
PEÑAROL: Sosa; González, Valdez, Guillermo Rodríguez e Darío Rodríguez; Corujo, Freitas, Aguiar e Mier (Estoyanoff); Olivera e Martinuccio (Albín)
Técnico: Diego Aguirre