O maior ídolo da história do Flamengo resolveu falar. Zico expôs, nesta terça-feira, os motivos de ter surpreendido, na madrugada de quinta para sexta-feira, pelo seu site oficial, milhões de torcedores ao comunicar a saída do clube em que havia assumido, quatro meses atrás, o cargo de diretor executivo. E o maior alvo foi a presidente do clube, Patrícia Amorim. A gota d'água foi o fato de a dirigente, segundo o Galinho, ter vetado sua ida ao Conselho Fiscal no dia 29 de setembro, numa quarta-feira, para se defender das acusações do diretor Leonardo Ribeiro, o Capitão Léo, contra ele próprio e seus filhos, Júnior e Bruno, de irregularidades em contratações de jogadores e no contrato assinado com o CFZ.
– Eu não abandonei o barco, fui chutado do barco. Eu não me sentia o comandante. Queria ir me defender das acusações, mas ela insistiu "não vai lá, não vai lá, deixa que eu resolvo". Depois fiquei sabendo que ela fez uma reunião (terça-feira, com Leonardo Ribeiro) e levou o diretor da base (Carlos Noval). Quem tinha que ir, era eu. As acusações eram contra mim e os meus filhos. Como ia continuar assim? Perde-se a confiança. Eu não tinha mais condição, me jogaram do barco, me alijaram.
Zico confirmou que fez críticas à presidente na frente do elenco na sexta-feira, 1º de outubro, dia em que se despediu dos jogadores e da comissão técnica.
– Disse para ela, na frente dos jogadores, e só fiz isso porque ela estava lá: "Você me apoiou pessoalmente, mas não me apoiou nos poderes do clube." Ela não defendeu ela mesma. Tem que dar murro na mesa. E isso não aconteceu. O Flamengo não pode ser maculado – afirmou o Galinho.
O ex-dirigente rubro-negro comunicou que está entrando com ação criminal contra o diretor do Conselho Fiscal, Leonardo Ribeiro, o Capitão Léo. E explicou por que tomou a decisão numa madrugada, de quinta para sexta-feira.
– Foi instintivo. Quando cheguei de Goiás, a decisão estava tomada. Minha ideia, na quinta-feira, era ir direto da maternidade, onde nasceu meu neto (Antônio), para a casa da Patrícia, mas ficou tarde e fiz a comunicação por celular. Depois, no dia seguinte, acordei e liguei para ela sobre o porquê de ter comunicado no meu site oficial. Foi o mesmo procedimento de quando eu cheguei. Na época, ninguém me criticou por isso. Agora, estão me criticando.
Zico reconhece que não se saiu bem como dirigente. E na hora de avaliar o seu desempenho, mostrou a mesma humildade dos tempos em que brilhou nos gramados.
– As contratações não deram certo, então eu não fui bem. Não consegui realizar o que eu queria. Nos tempos de colégio, quando não se vai bem, dá-se uma nota abaixo de cinco. Só não mereço levar zero. Mas se o Rafinha (ex-divisão de base do CFZ e hoje no Flamengo) der certo, aí no futuro vou levar dez.
SAÍDA
Não abandonei o barco, fui chutado do barco. Eu não me sentia o comandante. Queria ir me defender das acusações, mas a Patrícia insistiu: "Não vai lá, não vai lá, deixa que eu resolvo." Depois fiquei sabendo que ela fez uma reunião (terça-feira, com Leonardo Ribeiro) e levou o diretor da base (Carlos Noval). Quem tinha que ir era eu. As acusações eram contra mim e os meus filhos. Como ia continuar assim? Perde-se a confiança. Eu não tinha mais condição, me jogaram do barco, me alijaram.
VOLTA AO FLAMENGO
Não digo que não vou voltar. Mas não faz parte da minha vontade. Só não vou dizer dessa água não beberei porque essa possibilidade existe. Mas para voltar, só se for mandando. Só como presidente. Não tenho arrependimento de ter assumido. Mas você acredita, confia e se dá mal. Tem horas que é preciso vir como comandante mesmo. Continuo com os mesmos planos: CT, Fla-futebol. E dar tranquilidade. Agora passei de sócio proprietário, título que eu comprei, faço questão de dizer isso, para benemérito. E isso me possibilita me candidatar.
ESCUDO DE PATRÍCIA
Não sei se ela me usou como escudo. Mas, se tivesse usado, pelo menos deveria ter sido o meu escudo lá em cima.
RONALDINHO GAÚCHO E VAIDADE
Ela (Patrícia) não pode colocar uma pessoa gerenciando o futebol, querer mandar representante de marketing a Porto Alegre para negociar com o irmão do Ronaldinho Gaúcho e nem me avisar. Queria ver se ela faria a mesma coisa para contratar o Cristian Borja. Quem comanda não pode diferenciar. A diferença está no salário. Se chega o Vinicius (goleiro), ela tem que ir na apresentação. Não pode ir apenas quando dá manchete. Não pode uns serem apresentados numa salinha pequena e outros numa grande, num auditório, como o Deivid. Os jogadores sentem isso.
ANDRADE
A maneira como foi a saída dele impedia uma volta neste momento. Houve uma discussão com a presidente. Não o traria neste momento porque foi uma saída traumática.
CONTRA-ATAQUE
Errei? Errei. Podem me cobrar por isso. Mas dizer que meu filho levava dinheiro é sacanagem. Vão ter que provar isso criminalmente. Vamos entrar na Justiça contra as acusações levianas que foram feitas.
AUTOAVALIAÇÃO
As contratações não deram certo, então eu não fui bem. Não consegui realizar o que eu queria. Nos tempos de colégio, quando não se vai bem, dá-se uma nota abaixo de cinco. Só não mereço levar zero. Mas se o Rafinha (ex-divisão de base do CFZ e hoje no Flamengo) der certo, aí no futuro vou levar dez.
SAÍDA NA MADRUGADA
Foi instintiva. Quando cheguei de Goiás, a decisão estava tomada. Minha ideia, na quinta-feira, era ir direto da maternidade, onde nasceu meu neto (Antônio), para a casa da Patrícia, mas ficou tarde e fiz a comunicação por celular. Depois, no dia seguinte, acordei e liguei para ela sobre o porquê de ter comunicado no meu site oficial. Foi o mesmo procedimento de quando eu cheguei. Na época, ninguém me criticou por isso. Agora, estão me criticando.
ERROS
Nas contratações. Não consegui montar um time vencedor. O Leandro Amaral não era para ser a solução. Em momento algum eu falei isso. Veio para compor. Demos a ele uma oportunidade. O Val Baiano chegou com descrédito muito grande. Borja é um garoto, sentiu muito a pressão. E o Deivid e o Diogo poderão ser muito úteis ao Flamengo no futuro. Acho que também aconteceram lances capitais. Se o Borja faz aquele gol contra o Vasco no fim do jogo… Se o Leandro Amaral marcasse contra o Atlético Mineiro ou se o Val Baiano fizesse 2 a 0 contra o Guarani, as coisas poderiam ter sido diferentes. Mas no Flamengo, é uma bala só para o atacante. E ele tem que matar.
GÁVEA OU CT?
Era totalmente favorável aos treinos na Gávea. Agora, que conheço melhor o Flamengo e vi de perto, sou radicalmente contra. A não ser que bloqueassem o acesso. Mas como é um clube social, não há como barrar. Pessoas que minam dirigentes e jogadores circulam livremente. Ouvi dizer que ganharam títulos de sócios de alguns dirigentes. Eu comprei o meu, não ganhei de ninguém.
FAMÍLIA
Minha família não queria desde o início. Essa passagem foi um aprendizado. A decepção foi não fazer a torcida feliz, ter resultados.
INTERFERÊNCIA
Nunca pedi para treinador botar A ou B. Jamais assisti a uma preleção. Quando eu era técnico, não admitia interferências. Quando cheguei, estava o Rogério Lourenço, que teve o respaldo da Patrícia. Eu também não vi motivo algum para demiti-lo. Ele não queria ninguém da comissão técnica. O treinador de goleiros, que era o Roberto Barbosa, na véspera do jogo contra o Goiás pediu ao Isaías Tinoco para sair porque não se dava bem com o Rogério.
LUXEMBURGO
Experiência e capacidade ele tem. Tomara que dê certo. Mas o mais importante no momento são os jogadores. E a torcida precisa apoiar. Time o Flamengo tem.
MONTILLO
Teve muito jogador aí que as pesosas disseram que eu indiquei. Mas um que o Helinho (Paulo Ferraz, vice geral) perguntou e eu recomendei de olhos fechados foi o Montillo. Outro foi o Jobson, do Botafogo. Mas tudo tinha que passar pelo vice financeiro e pela própria Patrícia.
(As informações são do Globo Esporte)