Dia do Treinador de Futebol

À frente do Bahia de Feira João Carlos relembra conquistas e desafios na profissão

Segundo o técnico, o fato de ser um atleta como jogador de futebol não facilita o processo de ser um treinador.

Foto: Arquivo Pessoal
Foto: Arquivo Pessoal

Um dos personagens mais importantes do esporte, principalmente na área do futebol, é o treinador do time, aquele que também é criticado e bastante cobrado pelas torcidas.

Neste sábado, dia 14 de janeiro, é celebrado o Dia do Treinador de Futebol, uma data para homenagear este profissional responsável em comandar uma equipe, e até mesmo, descobrir novos talentos.

Atuando na equipe do Bahia de Feira desde o ano passado, o carioca João Carlos Ângelo, 56 anos, já possui uma longa caminhada no esporte.

Ao Acorda Cidade, ele contou toda a trajetória de vida, até mesmo de experiências fora do Brasil.

“Como treinador de futebol, estou desde 2005 começando nas categorias de base do Fluminense, depois fui trabalhar no Catar, na Arábia, retornei para o Brasil e dei continuidade com minha carreira como treinador aqui. Fui profissional como atleta também durante 17 anos, onde joguei aqui no Brasil pelo Fluminense, pelo Figueirense, pelo Paraná Clube, pelo Madureira e depois fui para Portugal onde joguei durante 11 anos e encerrei minha carreira, na época eu tinha 37 anos”, afirmou.

Segundo João Carlos, o fato de ser um atleta como jogador de futebol, não facilita o processo de ser um treinador.

“A transição de um atleta para treinador ou para qualquer outra carreira não é fácil. Como eu parei de jogar futebol, já estava me preparando com uma ideia que sempre tive nas equipes que eu trabalhei e aquilo veio me fortalecendo. Eu parei em 2003, e no ano de 2004 eu fiz o curso. Tive a oportunidade em um clube que eu também tive oportunidade de começar minha carreira como atleta, de trabalhar na base do Fluminense, trabalhei como auxiliar técnico, até que em 2007 recebi uma proposta ir pro Catar, foi quando eu comecei como treinador”, relembrou.

Foto: Arquivo Pessoal

Técnico de futebol é como qualquer outra profissão?

Para João Carlos não. Segundo ele, esta função exige muito do ‘abdicar’.

“Eu costumo dizer que quando todo mundo está se divertindo, nós estamos trabalhando. Então é diferente neste aspecto e requer muito espírito de sacrifício, é justamente o diferencial que o atleta tem, ele é obrigado a abdicar de muitas coisas em prol da sua profissão. O atleta vive do seu corpo, precisa pensar fisicamente todos os dias no que se alimenta, no que faz, no repouso, então pra mim, este é um grande diferencial. Precisa ter bastante determinação para ser um atleta, ainda mais de alto nível, e a gente sabe que atleta tem carreira muito curta. Eu por exemplo, tive a felicidade de jogar até os meus 37 anos de idade, porém quando muitos jogadores completam 30, 31 anos, já são considerados como velhos”, pontuou.

O que é preciso para se tornar um treinador?

Segundo João Carlos Ângelo, para se tornar um grande treinador é preciso se atualizar.

“A partir do momento que a pessoa toma uma decisão como esta, é importante lembrar que a partir daquele momento, não basta pensar em si próprio, é pensar por 35, 40 atletas dentro de um clube. Além disso, o primordial, atualização. Não só por ter sido um atleta que você pode virar um profissional, para se tornar um grande treinador, é necessário se atualizar, estudar, ter conhecimento e sempre buscar novos conhecimentos. Hoje nós vemos muitos casos de jogadores que encerram suas carreiras como atletas, e nem sempre são sucedidos na carreira como treinador”, afirmou.

Todo atleta entra em campo para vencer a partida, e da mesma forma são os treinadores. Comandante da equipe do Bahia de Feira, João Carlos contou à reportagem do Acorda Cidade que é difícil aceitar uma derrota.

“A gente sabe que perder nunca é bom, nem título, nem jogos. Eu até costumo dizer que sou um péssimo perdedor porque perco noites de sono, e sempre fui assim até na época que era atleta e minha família acaba sofrendo com isso. Porque geralmente você tem a folga no dia posterior, a família quer sair, mas eu sempre quis ficar em casa. Mas o sabor da vitória é melhor ainda, mas uma frase que carrego na minha vida é que maior do que a vontade de vencer, é a vontade de se preparar também, porque se eu chegar e perguntar para uma equipe que nunca jogou uma partida de futebol, questionar se eles querem ganhar, a resposta vai ser sim, porém fica o questionamento, houve a preparação? Então quanto mais preparado você estiver, mais chance terá de vencer”, destacou.

Foto: Arquivo Pessoal

Desafios

Segundo João Carlos, ser um técnico de futebol, exige espírito de liderança.

“Treinador de futebol não é só aquilo que aprende de trabalho, é o que sempre digo, treinador não é ser apenas um atleta, mas também lidar com os problema dos jogadores, saber digerir todas as situações, saber atuar nos momentos oportunos, ser mais rígido quando for preciso, mostrar autoridade para que eles possam te respeitar. Eu sempre digo para meus atletas sobre a importância de ter uma liderança sadia, tudo na base da conversa, existindo também o respeito, e quando um técnico consegue entrar na mente de um jogador, este atleta vai com tudo pra cima dentro de campo e isso facilitará alcançar os êxitos”, afirmou.

Foto: Arquivo Pessoal

Profissão de incertezas

Quando o técnico não apresenta um bom resultado para o clube, muitas vezes o caminho é a demissão. Segundo João Carlos, a profissão como técnico de futebol, é uma área de incertezas, devido à falta de segurança na maioria de muitos clubes.

“Realmente é uma profissão de incertezas, porque o treinador não tem aquela segurança na maioria dos clubes brasileiros. Eu tenho uma grande felicidade de trabalhar em um clube, em que a equipe dirigente analisa o trabalho do profissional, e não pelos resultado de jogos, mas isso infelizmente é uma cultura que acontece em muitos clubes”, pontuou.

Como dica aos novos profissionais, João Carlos conselhou a dedicação.

“Tudo que consegui na minha vida, eu conquistei através do futebol, então a gente sabe que vai passar por momentos difíceis, momentos complicados, mas eu só tenho a agradecer a Deus por ter me dado esta oportunidade, de estar nesta profissão. Aos mais novos, eu conselho que se dediquem ao máximo. Eu por exemplo tenho uma academia de futebol lá no Rio de Janeiro e sempre digo, independente da profissão, é necessário se dedicarem ao máximo e não ficar achando que as coisas vão cair do céu”, concluiu.

Foto: Arquivo Pessoal

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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