Há alguns anos, a internet era o local dos jovens. Dificilmente víamos alguma geração anterior aos millennials em redes sociais ou navegando pela internet. Hoje, essa realidade mudou: de acordo com pesquisas da Kantar Ibope Media, o número de pessoas de 65 a 75 anos nas redes sociais cresceu em quase 5.000%.
De 2015 a 2022, houve um aumento de 4.937% no Instagram, 886% no YouTube, 707% no Whatsapp e 255% no Facebook. Com este crescimento, vieram também os influenciadores +50, criando um espaço acolhedor para públicos de todas as idades. A influenciadora Sandra Medeiros é uma dessas pessoas que conquistaram o instagram.
No início, Sandra fazia algumas participações nos vídeos de suas filhas sobre maternidade, trazendo dicas para que mães e avós pudessem se organizar da melhor forma possível com suas famílias. Isso fez com que o perfil da influenciadora crescesse de maneira totalmente orgânica e, hoje, ela vive da renda que obtém através de seus vídeos.
Trazendo conselhos e tutoriais em seu Instagram, Sandra criou uma rede de informações não apenas para mulheres maduras, mas também para as mais novas com uma grande diversidade em seu público. “Me sinto no dever de trazer informações para todos. Sempre me preocupo com o que vou falar, o sentido que aquilo vai ter na vida de pessoas tão diferentes e que isso possa trazer, cura, ânimo, consolo e paz”, explica a criadora de conteúdo.
Nicole Pappon e Gigi Grandin, fundadoras da empresa de marketing de influência Grapa Digital, comentam que o surgimento de influenciadores +50 acaba por gerar uma representatividade que não existia há alguns anos, dando mais espaço para que pessoas da mesma faixa etária se sintam confortáveis com o mundo digital.
“Sabemos que o Marketing de Influência é um mercado muito novo e que por anos foi dominado por pessoas jovens, mas essa tendência vem mudando aos poucos. Os creators +50 tem ganhado muita força nos mais diversos nichos e mostrado que conseguem dialogar muito bem com pessoas de diversas idades. É surpreendente o poder desse grupo, tanto em representatividade quanto na quantidade de pessoas que conseguem alcançar”, contam as empresárias.
A proposta de Sandra não é produzir um conteúdo “legal”. A meta da influenciadora é tornar-se uma referência na idade em que está. Segundo ela, há tempo para todas as coisas e acredita que os jovens, por mais que não aparentem, amam ouvir bons conselhos, ainda mais em uma era onde as informações são tão distorcidas. Trazer conversas reais sobre sua vivência acaba sendo algo útil para os seguidores.
A influenciadora diz que por não produzir conteúdos voltados a temas que estão na moda, não se vê em um crescimento explosivo como muitos perfis, mas que possui fundamento e constância e isso lhe trouxe um público fiel, que acredita no que fala e que teve suas vidas transformadas. “Não tenho alegria maior do que poder servir o próximo e isso me deixa completamente realizada diariamente, me sinto mais motivada e isso foi com toda certeza o que mudou completamente minha vida”, explica.
Nicole Pappon afirma que é importante que essa geração interaja com o público mais jovem, pois o compartilhamento de informações entre grupos diferentes gera diálogos que muitas vezes acabam sendo úteis para todos. “Essa interação entre idades é sempre muito rica para o público e para os creators. A troca gera debates que são importantes para a indústria, tendências, ideias de conteúdos… Muito do que vemos online atualmente, inclusive, surgiu como inspiração de hábitos e gostos de gerações passadas. Com paciência e escuta de ambos os lados, temos trabalhado para criar um mercado que inclua a todos para gerar performances ainda melhores”, explica Nicole.
Gigi Grandin acrescenta que esse destaque que os influenciadores +50 possuem é a chave para que todos os tipos de público sejam alcançados durante uma ação, mas não apenas isso: esses creators são facilmente relacionáveis e geram confiança em mais pessoas da mesma faixa etária, incentivando que explorem mais a internet e novas possibilidades.
“Ainda há diversos estigmas que um adulto ou do idoso que não conhece tecnologia, que não sabe usar um celular. Os influenciadores +50 vem pra nos ajudar a quebrar esse etarismo e mostrar que a internet pode ser um espaço muito democrático, que há espaço para todos. A quantidade de criadores de conteúdo desse segmento vem crescendo exponencialmente por conta dessa representatividade e ficamos muito felizes de ver acompanhar os insights que pessoas +50 têm para nos trazer”, adiciona Gigi.
As empresárias acreditam que a internet se tornou um ponto comum para pessoas de todas as idades e que não há mais um público alvo específico, pois as redes proporcionam representatividade para diversos grupos sociais e faixas etárias, além de múltiplos locais de fala que unem gerações.
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