Feira de Santana

Com música envolvente, Jeff Moura estreia carreira solo

'O Dom' trata da saudade e solidão durante a quarentena

 

Acorda Cidade

Foi no começo da pandemia da Covid-19, com a quarentena sendo estabelecida que o artista de Feira de Santana, Jeff Moura teve que enfrentar tudo sozinho com a companheira presa em uma cidade e ele em outra. A solidão, a saudade e a vontade de estar com quem se ama, que inspirou o artista a escrever a canção “O Dom” que já chega com clipe e sai em parceria com o selo feirense Banana Atômica.

“Quando a saudade já não me cabia resolvi fazer essa canção. Ela nasceu da necessidade de falar dessa saudade coletiva, pois diversos corações naquele momento de transformação dos eixos sociais estavam aquecidos de saudades e memórias. Tentei captar esse subconsciente coletivo e falar dos desejos, das imagens telescópicas do corpo de quem a gente ama e que são fragmentos de lembranças soltas e esperanças de reencontros. Sendo assim, posso concluir que a inspiração veio do tesão reprimido pela solidão da quarentena”, conta Jeff.

Com toques bregas e inspirado em nomes como Reginaldo Rossi, Milionário & José Rico, Fernando Mendes, entre outros e por crescer com caminheiros (o pai, o avô e tio por parte de mãe exercem a profissão), Jeff escolheu uma melodia envolvente e dançante para ficar coladinho com o/a parceira. O clima influenciou também o clipe, que traz essa estética de baile com a vida na estrada.

O clipe foi gravado em duas locações e é importante salientar que embora gravado durante a pandemia, todos os cuidados foram tomados: álcool em gel, distanciamento social, máscara, as pessoas que participaram do clipe estavam na mesma bolha e tiveram todos os seus sintomas monitoradas.

“Meu avô e tio por parte de mãe são caminhoneiros, meu pai também. Sendo assim, essa textura da música ‘brega’ sempre fez parte de minha vida. Sempre compus nas madrugadas silenciosas em que algum deles (principalmente meu avô) chegava de viagem com o som alto e as caixas batendo secas no chão. Mais pra frente tive a oportunidade de conhecer a cena cultural alternativa, conceitualmente pensada enquanto movimento através de uma tese/livro de Herom Vargas Hibridismos musicais- Chico Science e Nação Zumbi onde pude refletir sobre cultura popular, latinidade, identidade cultural, relação entre artistas contemporâneos com expressões artísticas populares regionais, daí me veio a vontade de montar um projeto de música autoral que abarcasse esses elementos. Depois de criar um projeto que abraçou a cumbia, merengue, salsa, axé baiano, sonoridades provenientes de territórios quentes, luminosos, caribenhos, marcados pelas cores fortes, o suor escorrendo, segui em carreira solo mantendo as características das cores, do suor e da textura caribenha, baiana, nordestina da dança, porém busquei a diminuição sutil dos BPMs, mantenho a referência do bolero e acrescentando minhas referências do brega. Foquei nas temáticas afetivas, voltadas pras declarações de amor e tesão, pras saudades carnais, pras ‘memórias de pele’ (citando João Bosco). Personas como Otto e Seu Pereira são nomes da contemporaneidade que podem simbolizar algumas referências atuais, tanto em sonoridades quanto em estéticas de clipes”, explica Jeff.

A música e clipe são uma parceria com o DJ e amigo de longa data Lerry, que no clipe assina roteiro e produção e na canção, a produção musical e os arranjos. A direção é de Bruno Bitencourt e assistência de Fábio Oliveira e Ludimila Barros (Banana Atômica), no elenco estão Ran Rainha Psy, Jeff (Coletivo 7 cores), Kaony, Jheykson, Mayra, Jhonata Matos (Fruta), Lerry e Jeff Moura,

“O dom” integrará seu primeiro EP solo intitulado O amor é brega, que tem produção musical do DJ Lerry. O EP explora as sonoridades e temáticas do brega com as influências contemporâneas do arrocha, da música eletrônica, do tecnobrega e da música experimental, que sairá em parceria com o selo Banana Atômica.

“Escolhi o Banana, porque é o selo inovador e que entende da didática “da coisa”. Sinto um teor de atuação ideológica muito forte no selo. Ideologia essa que tem a acessibilidade como uma das marcas. O selo comprova ter um compromisso com a historicidade da produção cultural feirense e se preocupa com a manutenção, e a constante recriação, de uma identidade cultural local. Enfim, já conheço diversos trabalhos de pessoas que trabalham no selo em outras frentes, as qualidades de outros trabalhos nos passa confiança de crer que estamos em parceria com pessoas sérias e compromissadas com o correr e o fomento de arte”, revela Jeff.

Mais sobre Jeff Moura

Nascido e criado em Feira de Santana, Jeff Moura é Mestrando em Estudos Literários pela UEFS e participa do projeto de pesquisa em “Poéticas orais”. Sendo assim, fica clara sua estreita relação com a poesia e a performance. Integrou como guitarrista base e compositor a Banda da Senzala de 2010 a 2014; lançou seu primeiro livreto de poesias “Verborrágico” durante a 11º Feira do livro pela Editora MAC em setembro de 2018, mesmo mês e ano que idealizou e materializou a criação do projeto de música autoral Bando à flor da pele, onde atuou como produtor-executivo, compositor, cantor e violonista.

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Mais sobre Banana Atômica

Nascido em janeiro de 2019, o Banana Atômica é um selo e por vezes produtora sediada em Feira de Santana (BA) e encabeçada por Joilson Santos. Joilson já tem mais de dez anos de carreira e é um importante produtor na cidade, sendo o criador do festival Feira Noise, além de shows e eventos que movimentam a cena no local.

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