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O que é real e o que não é na série Chernobyl, da HBO

Produção hollywoodiana está fazendo sucesso entre os espectadores brasileiros desde a sua estreia na América Latina, no mês passado

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A primeira coisa a saber sobre a série Chernobyl, que a HBO lançou há algumas semanas na América Latina e que já faz um sucesso tremendo entre os espectadores brasileiros, é que muitas coisas são inventadas. No entanto — e mais importante –, esse aspecto não importa.

A explosão e o incêndio no reator da Unidade 4 de Chernobyl, em abril de 1986, foi uma bomba suja radioativa que caiu em um lugar e se espalhou em uma escala que nenhum país do mundo estava preparado para conceber, como foi o caso da União Soviética à época.

É até hoje o pior desastre nuclear da história do planeta, não apenas porque 30 pessoas morreram no ato da explosão (muitas outras morreram nos anos posteriores e outras sofrem as consequências da contaminação até hoje), mas porque a radioatividade que estava concentrada ali se expandiu para grandes áreas do território soviético e europeu.

O processo de lacração do reator com a construção de uma espécie de sarcófago de concreto e aço que encapsulou o reator destruído também foi traumático: centenas de pessoas que trabalharam no projeto ficaram com consequências irreversíveis para a vida. Os produtores da minissérie não suavizaram o desastre real que aconteceu em Chernobyl, apesar de alguns exageros — como pessoas cobertas de sangue em um acidente que não teve efeitos dessa ordem.

A série apresenta três personagens determinantes para a história de Chernobyl: Valery Legasov, Boris Shcherbina e Ulana Khomyuk. No entanto, apenas os dois primeiros existiram, de fato, e ainda assim tiveram seus papéis aumentados para criar um fluxo narrativo mais fácil aos espectadores. Khomyuk, por sua vez, é uma personagem fictícia, criada pelos produtores para representar todos os cientistas que ajudaram a investigar o desastre.

Outra invenção que não muda o teor da série é que os bombeiros, ainda que desconhecessem os perigos da radiação a que estavam expostos durante os trabalhos de resgate, não escalaram o reator como a produção aparece. Segundo uma reportagem do jornal britânico The Guardian, a verdade é que eles trabalharam no teto do dispositivo destruído para evitar que os incêndios chegassem à Unidade 3, o que resultaria em uma segunda explosão radioativa, usando uma grande bomba d'água para apagar o fogo.

"A série retrata muito bem uma verdade básica: o desastre de Chernobyl teve mais a ver com mentiras, enganos e um sistema político putrefato do que com a engenharia deficiente ou uma capacitação medíocre dos administradores", escreveu o jornalista Henry Fountain, especialista em temas científicos do jornal New York Times.

"Os espectadores podem ver na série como, juntas, pessoas e máquinas podem fazer coisas espantosas, como criar uma catástrofe nuclear histórica", completou.

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