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Depois de nove semanas e meia de cenas de sexo, drogas e relatos picantes na internet a vida de Deborah Secco já não é mais a mesma. Quem garante é a própria atriz, ao descrever o período das filmagens de “Bruna Surfistinha”, longa de Marcus Baldini inspirado na história verídica de Raquel Pacheco, a ex-garota de programa famosa por detalhar em blog sua rotina com os clientes.
“Para todo trabalho que fiz doei um pouco de mim. Mas nunca havia me doado tão intensamente: mergulhei na preparação, cheguei ao set virgem de qualquer vício de interpretação”, definiu Deborah em entrevista realizada na quinta-feira (28), em Florianópolis. “Nove semanas e meia de ‘Surfistinha’mudaram minha vida. Fiz coisas que talvez nunca mais faça”.
Nessa lista Deborah não inclui nudez ou sexo – ela beija e acaricia outra atriz, rebola vulgar num balcão de bar, entre outras ousadias. No filme, houve desafios maiores para ela.
“A cena da overdose foi a mais complicada. Nunca usei drogas, não sabia como tornar convincente o momento em que a personagem cheirava cocaína. Pedi orientações para um médico, para que me explicasse os efeitos, as reações que a droga causa”, relembra. “Fazer cena sensual não foi tão difícil. Já fiz outras mulheres sexies e sei como emprestar um pouco da minha sensualidade para que a cena fique realista”.
Deborah também cita as filmagens na Cracolândia e as conversas francas que teve com garotas de programa no período de preparação de sua “Surfistinha”. “Ouvi história de mulheres que se prostituem para criar o filho, vi meninas com o olhar já anestesiado pela dor, e também vi outras que encaram apenas como uma escolha. Elas são todas guerreiras, não prejudicam ninguém, só a elas mesmas”, opina.
Cansei de ser sexy
Diferente da maioria dos filmes que abordam a prostituição, Baldini diz que procurou não fazer julgamentos, nem mostrar a trajetória de Bruna como um pesar sem fim. “Toda moeda tem dois lados. A Bruna sofre, paga um preço alto por suas escolhas, mas ela também se diverte, tem seus bons momentos”.
Foram nessas passagens que o diretor inseriu sua experiência na publicidade e nos videoclipes para garantir o dinamismo da história. O filme mostrará Surfistinha dançando em inferninhos ao som de Cansei de Ser Sexy e Groove Armada, ou retocando a tintura do cabelo ouvindo um reggaeton.
“É um filme pop, que fala com a juventude e tem uma linguagem moderna. Afinal, por mais que a personagem seja controversa em suas escolhas, estamos falando dos dilemas de uma garota de 17 anos da classe média”.
Baldini sabe que o caminho é arriscado e diz estar preparado para as críticas que possam vir após o lançamento da produção, marcado para fevereiro de 2011. “Sei que alguém pode dizer que o filme faz apologia à prostituição. Mas será uma crítica injusta. Ninguém sairá do cinema com vontade de seguir o caminho da Bruna, isso eu garanto”.
Um dia com a 'Surfistinha'
O cineasta garante que a biografada da história não interferiu no roteiro, nem pediu modificações de cenas. “Não fizemos um documentário sobre a Raquel. O filme é inspirado nos sentimentos dela, em passagens que um dia ela relatou no blog”, explica. “Ela acompanhou o processo de perto e foi muito respeitosa: entendeu que o filme é meu olhar sobre a sua trajetória”.
Deborah explica que decidiu conhecer Raquel só depois de ter sua “Bruna pronta”. “Nós passamos o dia juntas, foi muito prazeroso. Quando conversávamos, eu ia percebendo que a Bruna que desenvolvi para o filme tinha várias coisas em comum com aquela menina na minha frente”, descreve. “Acho a Raquel de uma coragem sensacional. Ela se assumiu, dividiu com o mundo esse momento que teve na vida. Uma vida aliás que de fácil não tem nada”. (As informações são do G1)