POR DANILO VENTICINQUE E LUÍS ANTÔNIO GIRON. COM ANDRÉ SOLLITTO
Menos de um ano após a última mordida, os vampiros da saga Crepúsculo voltaram a atacar. E, ao contrário do que se espera de seres que não envelhecem, eles não param de crescer. Nascida como uma história infantojuvenil, a aventura da garota que se apaixona por um vampiro tornou-se uma marca multimilionária. O terceiro filme da série, Eclipse, consolida Crepúsculo como uma das franquias mais poderosas do cinema mundial.O filme estreia em todos os países à 0h01 desta quarta-feira. No Brasil, serão 687 cópias. O número é justificado: no ano passado, cerca de 6 milhões de brasileiros foram aos cinemas para assistir a Lua nova – o dobro do público do filme anterior. Somados, os dois primeiros filmes da saga ultrapassaram a marca de US$ 1,1 bilhão arrecadados em todo o planeta, ante um orçamento de US$ 97 milhões.
Para Eclipse, a expectativa é de um êxito ainda maior. Repleto de cenas de ação e dilemas emocionais, o filme promete ampliar o público-alvo da série: além das apaixonadas fãs adolescentes, homens e mulheres adultos deverão se render ao filme da mesma maneira que foram fisgados pelos livros de Stephenie Meyer. No filme, o conflito desenhado nos dois primeiros episódios se intensifica, e a heroína Bella Swan (Kristen Stewart) se vê forçada a tomar uma decisão entre seus dois pretendentes: o vampiro Edward Cullen (Robert Pattinson) e o lobisomem Jacob Black (Taylor Lautner). Ambos são figuras sobrenaturais, mas as semelhanças acabam aí.
Bella (Kristen Stewart), entre Edward Cullen (Robert Pattinson, à esq.) e Jacob Black (Taylor Lautner). Ela se divide entre o amor frio do vampiro e a paixão do lobisomem
Ao mesmo tempo, a heroína enfrenta incertezas. Desistir da vida humana significaria abrir mão não só da mortalidade, mas também de sua alma. Seus desejos e pensamentos terrenos seriam substituídos pela forte compulsão por sangue, que ela só conseguiria conter depois de muito treinamento. Aproximar-se de seu pai e sua mãe seria expressamente proibido nos primeiros anos como vampira. Outra questão a preocupa ainda mais: o amor de Edward permaneceria após sua metamorfose em vampira? A história reforça os valores tradicionais, personificados (ou vampirificados) na família Cullen, da qual faz parte Edward. Seu pai adotivo, o eternamente jovial doutor Carlisle Cullen (Peter Facinelli), salvou a vida de doentes contaminados pela Gripe Espanhola em 1918, mordendo-os e convertendo-os em mulheres e homens-morcegos.
Ele ainda arranjou uma forma de civilizar os instintos dos “filhos”, impondo um regime à base de sangue fresco retirado de animais. Com isso, estancou o desejo assassino de suas criaturas. Edward é um jovem de 17 anos do início do século XX congelado na condição de vampiro “vegetariano”, como ele diz. Apesar de sua tez pálida de poeta tísico, seus valores são sólidos e seu amor por Bella inquebrantável.
A moça, agora com 18 anos (note bem: mortal, ela o passou em idade), já tomou algumas decisões: quer se entregar a Edward – e, portanto, perder a um só tempo a virgindade e a vida terrena. “Me transforme agora”, diz Bella. O vampiro, porém, se mostra irredutível. “Só depois do casamento”, diz, reagindo a um carinho da namorada. “Antes disso, temo por você.” E rapidamente contra-ataca, abrindo um sorriso: “Senhorita Isabella Swan, aceita minha mão em casamento? Sou da velha guarda”, diz ele. A garota ainda tem sangue nas veias e se derrete. “Velha guarda?”, diz. “Edward, estamos no século XXI. Você é arcaico!”
Bella e Edward namoram. O vampiro se recusa a realizar os desejos da amada antes do casamento
A cena surgiu em um sonho da autora Stephenie Meyer, de 36 anos. Hoje multimilionária, Stephenie era uma pacata dona de casa mórmon mãe de três filhos, leitora de ficção científica e romances de terror. Num inverno, sonhou com a ideia que alteraria sua vida: “Não era a cena clássica do vampiro que avança sobre a virgem numa noite de luar, mas quase o inverso: a donzela é que pede para ser mordida”, disse a autora a ÉPOCA.Bem que o lobisomem indígena Jacob tenta seduzi-la com um amor quente e saudável. “Lutarei por você até que seu coração pare”, diz. “Ou mesmo depois disso…” Mas, depois de lhe pedir um beijo, Bella aparentemente prefere ser petrificada na instituição do casamento a experimentar uma paixão mundana. E assim se rende a Edward, o último baluarte da virgindade. Ao mesmo tempo que enfrenta essas dúvidas, a heroína se vê diante de um perigo iminente. Recrutado pela vilã Victoria (Bryce Dallas Howard), inimiga mortal (ou melhor, imortal) dos Cullens, um exército de vampiros recém-criados passa a perseguir Bella para beber seu sangue. Ao contrário de Edward e familiares, os novos vampiros não sabem conter seus instintos. Compensam a inexperiência e
ignorância com uma força extraordinária, muito maior que a dos vampiros comuns. A fascinante história dos vampiros “recém-criados” originou o primeiro derivado da série principal: o livro A breve segunda vida de Bree Tanner, que narra a história de uma vampira recém-criada que aparece brevemente no filme. A obra atingiu o primeiro posto na lista de mais vendidos no Brasil, superando o best-seller mundial A cabana – um sintoma da comoção pelo lançamento de Eclipse e a prova de que o universo de Crepúsculo tem potencial para se tornar tão amado quanto outros que o precederam, como Harry Potter e Crônicas de Nárnia