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A crise econômica que o país atravessa é cheia de desafios não só para as famílias, que enfrentam o aumento dos preços, o endividamento e o desemprego. As empresas também sofrem com a diminuição da demanda, o atraso nos pagamentos e a inadimplência dos clientes, além dos custos elevados e a inadimplência. Na intenção de amenizar os danos e diminuir seus custos, muitas passam a oferecer aos seus colaboradores o Plano de Demissão Voluntária (PDV).
O PDV consiste em oferecer aos funcionários uma série de incentivos sobre as verbas rescisórias para evitar o doloroso processo da demissão sem justa causa. O PDV costuma ser composto por um valor fixo e outro correspondente a determinados meses de salário, mais pagamentos proporcionais aos anos de trabalho na empresa, cobertura do plano médico ao funcionário e sua família por um período após o desligamento e assessoria para recolocação. Para muitos empregados, essa pode ser uma oportunidade interessante. Porém, antes de aceitar ou negar, oriento algumas reflexões.
Reflita se você quer continuar na empresa e, mais importante, se a empresa quer continuar contando com você
Este é o momento para a pessoa fazer uma boa autoavaliação do seu desempenho e das suas possibilidades de progredir dentro da empresa. É importante considerar a possibilidade de que, passado o período do PDV, outras demissões sejam feitas.
Conheça seus números
Aceitar o PDV pode ser uma boa oportunidade financeira, mas sem conhecer sua própria realidade, esta ação pode se tornar um “tiro no pé”. Portanto, conheça os ganhos líquidos de sua família, todas as despesas que têm (incluindo os centavos) e informações sobre suas dívidas (se tiver): o valor mensal das parcelas e por quanto tempo deverá pagar.
Observe se tem uma reserva emergencial
É muito importante criar, durante os anos de trabalho, uma reserva para situações emergenciais, como o desemprego. O ideal é dispor de um valor que cubra 18 meses de despesas básicas. Portanto, observe se você dispõe de uma reserva, pois após aceitar o PDV, a situação será de desemprego.
Decida junto à sua família
A família deve estar ciente da situação e participar da decisão final. Nessa fase, eles darão apoio e farão parte do processo. Não esqueça que o controle das despesas durante o período de desemprego também passará por eles. Estabelecer um sonho coletivo pode ser uma excelente forma de envolver a família no processo de redução de despesas.
Planeje antes de pagar as dívidas
Muitas pessoas pretendem “aproveitar” as verbas do PDV para pagar as dívidas. Antes, é muito importante que você conheça a sua realidade financeira e saiba se existem reservas suficientes para que se sustente até se recolocar no mercado de trabalho. Do contrário, poderá usar o valor para se livrar das dívidas e acabar tendo que entrar em novas para se sustentar. A prioridade, nesta fase, é planejar o futuro com cautela.
Busque reduzir suas despesas
Conhecendo seus números, você identificará desperdícios e despesas supérfluas.Na maioria dos orçamentos há entre 20% e 30% de desperdício – despesas que, se eliminadas, não diminuirão sua qualidade de vida. As despesas supérfluas, entretanto, agregam um pouco de conforto. Porém em situação de desemprego, elas também podem ser reduzidas ou eliminadas. Muitas vezes podem ser substituídas por outras com custo menor ou zero.
Passe a pensar antes de comprar
A fase de reajuste nas finanças e desemprego pode ser uma boa oportunidade para que a família se eduque financeiramente e reflita antes de comprar, passando a avaliar se o produto ou serviço é realmente necessário, ou seja, se a compra está sendo feita para suprir uma necessidade básica ou se é influenciada pela propaganda, baixa autoestima ou por outras pessoas.
Não faça dívidas
Provavelmente você receberá variadas ofertas de crédito, às vezes muito tentadoras, “para lhe ajudar a passar por essa situação temporária”. Entretanto, fique longe do cheque especial, crediário ou qualquer outra forma de crédito fácil, incluindo parcelamento no cartão de crédito e pagamento mínimo da fatura. Até conseguir um novo emprego, evite ao máximo entrar em novas dívidas. Com o tempo, essa cautela com as finanças se tornará um hábito saudável que você cultivou.
Pense em sua recolocação
Se estiver pensando em iniciar um empreendimento com o valor do PDV, é importante que faça antes um plano de negócios, para conhecer os investimentos necessários, os custos envolvidos na produção dos bens ou serviços e o capital de giro. Tenha em mente que um novo empreendimento demorará para gerar o lucro necessário para se sustentar e depois para sustentar você e sua família; e lembre-se de que o PDV não foi criado para esse propósito, e sim para garantir o seu sustento.