Comportamento

Transição de carreira: mais da metade dos brasileiros avaliam mudar de profissão

O estudo promovido pelo LinkedIn reflete a história de Dalva, Ana Rosa e Dayane, profissionais que vêm se realizando na Arteterapia.

Dalva, Ana Rosa e Dayane, profissionais que vêm se realizando na Arteterapia
Foto: Divulgação

Um levantamento realizado em 2023 pela rede social profissional LinkedIn aponta que 60% dos trabalhadores brasileiros cogitavam mudar de emprego até o final do ano passado. A pesquisa contou com a participação de 1.300 profissionais do Brasil entre os mais de 23 mil que foram consultados em todo o mundo.

De acordo com o estudo divulgado pela Revista Lide, em fevereiro de 2024, 20% dos brasileiros sondados pela LinkedIn já haviam iniciado as buscas por um novo trabalho. Entre as justificativas para a transição de carreira, na maioria, estava a busca por autossatisfação e bem-estar com a atuação profissional. Outro aspecto bastante citado era a procura por segurança financeira.

Dayane Nardes, 48 anos, é pedagoga de formação, estudou Psicanálise por cinco anos, Psicologia por dois anos, além de ser terapeuta holística por mais de duas décadas. Em 2008, participando de um curso livre sobre “sonhos”, um papo com uma professora de Artes Plásticas que falava bastante sobre a Arteterapia lançaria a primeira semente que só iria germinar, de fato, quase 10 anos depois. Mas uma coisa naquela conversa teria deixado Dayane intrigada.

“Foi quando ela disse que a Arteterapia não era uma área reservada apenas para os quem tinha formação artística”, lembrou Dayane.

Anos depois, uma das clientes de terapia holística pediu ajuda a ela. Disse que a mãe, já idosa, precisava ser acompanhada por um terapeuta, mas não havia atividade com a qual ela se adaptasse. A família já teria tentado de tudo, mas sem sucesso. Dayane recorda que a cliente chegou a dizer que a “mãe tinha uma mente de artista e nenhuma terapia havia funcionado, até ali”. Foi então que ela recordou daquela “amiga do curso de sonhos” e manteve contato, conectando as duas e reacendendo o desejo de conhecer mais de perto a Arteterapia Junguiana.

Dalva França tem 64 anos e é formada em Biologia com mestrado na área de Educação Especial, especialista na educação de adolescentes com cegueira. Doutora em Ciências da Saúde com foco na Sexualidade da pessoa adulta, ela é professora aposentada da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), no centro-norte da Bahia.

Antes mesmo de deixar a rotina na Uefs, a bióloga de formação já havia enveredado pela Arteterapia, atuando de forma paralela e desenvolvendo o conhecimento no setor. De acordo com ela, “as pessoas que entram em contato com o processo terapêutico através da arte, da criatividade, avançam muito na questão de se conhecer”.

Dalva destaca que “a Arteterapia leva o indivíduo a olhar para dentro de si. Mesmo quem não consegue falar, consegue botar no papel através de uma história, um conto, uma performance teatral, no resultado de um desenho e até de uma costura”.

Aos 67 anos, Ana Rosa Oliveira mora em Mucugê, na Chapada Diamantina, e iniciou a carreira acadêmica em 1981, na Escola de Dança da Universidade Federal da Bahia. Em seguida, deu aulas na Escola Baiana de Decoração por 25 anos e criou um ateliê de pintura em tecidos que chegou a exportar produtos para a Europa.

Segundo Ana Rosa, o desejo antigo de “ir além da arte pela arte, com a própria arte” a levou ao Instituto Junguiano da Bahia e ao primeiro curso de Arteterapia. Ela fez parte da primeira turma formada pela entidade e em 2004 concluiu a primeira etapa do que viria a ser o seu encontro profissional. Com a bagagem artística e a nova formação, a então arteterapeuta começou a atender no seu ateliê terapêutico.

Em 2019, Ana Rosa se matriculou em uma especialização em empreendedorismo digital que lhe trouxe “frutos relevantes” durante a Pandemia da Covid-19. Com os conhecimentos artísticos, aliados à formação em Arteterapia, mesmo morando em Mucugê, restrita à própria casa, por causa da Pandemia, ela desenvolveu produtos digitais como cursos, ebooks e mentoria para arteterapeutas e até hoje colhe os frutos da conexão dessas formações, mesmo após o fim do isolamento obrigatório.

Essas três mulheres de histórias completamente diferentes estão conectadas pela coragem na busca pela transição de carreira. Ana Rosa e Dayane compõem o grupo de professores que ministram as aulas na Pós-graduação em Arteterapia da Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública.

Coordenadora do curso e presidente da Associação Baiana de Arteterapia (Asbart), Dayane Nardes ressalta que “o campo de atuação para os especialistas em Arteterapia se ampliou nos últimos anos”. Para ela, a profissão segue em franca expansão, cada vez mais reconhecida pela sociedade em entidades públicas, privadas e filantrópicas.

Dayane reforça que os interessados na Pós-graduação podem ter concluído uma graduação em qualquer área do conhecimento e não necessitam de formação prévia em Artes ou qualquer outro curso na área de Saúde: “são acolhidos profissionais de todas as áreas do conhecimento”.

Mais informações sobre os cursos de Pós-graduação em Arteterapia estão disponíveis nos sites https://inscricoes.bahiana.edu.br/produto/287/arteterapia-junguiana/ e https://www.ijba.com.br/

A renda média inicial para um profissional do setor pode chegar aos R$ 6 mil, por mês.

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