Como alcançar grandes metas sem afetar a saúde mental dos trabalhadores

Os primeiros meses do ano no ambiente corporativo são marcados por novas metas e, em muitos casos, as empresas estão focadas em atingir boa parte dos resultados almejados já no primeiro semestre. No entanto, como garantir que as metas pré-estabelecidas pelas organizações sejam alcançadas sem interferir na saúde mental dos seus funcionários?

De acordo com um levantamento do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em 2023, o número de afastamentos por transtornos mentais cresceu cerca de 40%. O transtorno misto ansioso depressivo aparece no topo da lista com mais de 28 mil casos, seguido pelos episódios depressivos e depressivos graves. A pressão por resultados no ambiente de trabalho é uma das principais causas de um desencadeamento na saúde mental do trabalhador, contribuindo efetivamente para essa realidade.

Camila Leão, doutoranda em Psicologia do Trabalho e das Organizações e Diretora de Felicidade no Trabalho da ABRH Bahia, ressalta que, diante da incerteza se irá ou não conseguir alcançar a entrega das metas esperadas, o sujeito tende a ficar sob estresse constante. “Pressionar alguém por resultados ou entregas específicas, geralmente envolve prazos reduzidos mais do que o comum, produtividade acima do esperado (e até acima do combinado inicialmente), alto nível de monitoramento, elevada competitividade e alta expectativa em relação às entregas (em termos de quantidade e/ou qualidade)”, aponta.

“Quando submetidos a níveis muito elevados de estresse ou até por exposição prolongada, o trabalhador poderá vivenciar um estado de enfrentamento não-saudável, expressando isso por meio de queda no desempenho e somatizações causadas por danos emocionais e psicológicos (problemas no estômago, alergias, insônia, compulsões alimentares, abuso de álcool e outras substâncias, etc)”, alerta a especialista.

Pressão por desempenho: até que ponto ela pode ser benéfica?

Há quem diga que só funciona bem sob pressão, contudo, é preciso cuidado na hora de seguir estritamente essa afirmação. Ao contrário do que se é falado, Camila Leão reflete que, na verdade, essas pessoas podem se beneficiar de elementos presentes nas circunstâncias em que há a pressão, sendo a gestão externa um grande exemplo para essa questão.

“Pessoas que alternam tarefas podem demorar mais tempo para concluir alguma em específico, então, quando ocorre a pressão externa, essa pessoa vai priorizar a entrega que está sendo pressionada em detrimento das outras. Seria um estímulo a ordenar melhor seus esforços para otimizar o tempo de uma entrega”, afirma a psicóloga.