Aparentemente, vender o próprio peixe durante um processo seletivo está longe de ser uma tarefa fácil para os brasileiros.
A conclusão é de um estudo do Onlinecurriculo, plataforma que, recentemente, investigou as principais dúvidas sobre o preenchimento do próprio currículo em todo o país. Para se ter uma ideia, dos 600 entrevistados com mais de 16 anos, 77% disseram que têm ou já tiveram dúvidas sobre como preencher o documento, enquanto 75% afirmaram ter dúvidas sobre como revelar sua pretensão salarial às empresas.
Para 52,3%, a grande dificuldade é descrever as próprias habilidades profissionais.
Por recomendação do Onlinecurriculo, não há necessidade de divulgar a pretensão salarial de antemão, o que pode ser feito apenas quando houver solicitação na descrição da vaga. Neste caso, a principal orientação é buscar a média salarial da categoria e nível profissional (júnior, pleno ou sênior) do candidato.
É possível chegar ao valor aproximado com base na experiência dos colegas de profissão, bem como conferindo o sindicato da área, que normalmente disponibiliza uma tabela de cargos e salários. As calculadoras de salário online também podem ser de grande auxílio nesse momento.
De toda forma, é preciso se atentar aos salários incompatíveis com cada realidade, pois os recrutadores sempre avaliarão a competência profissional do candidato em relação ao valor que ele pede. Em certas ocasiões, até há um orçamento ajustável para a vaga, mas pode ocorrer de as experiências do candidato não demandarem uma expectativa salarial tão alta. Por outro lado, o contrário também não é recomendado, visto que indicar um salário muito baixo pode passar a ideia de um serviço barato e de qualidade ruim.
Falar de si mesmo é a principal dificuldade
Quando questionados sobre as seções do currículo que mais causam dúvidas, mais da metade dos respondentes (cerca de 55,8%) afirmaram incertezas sobre como redigir seu objetivo profissional, que pode ser definido com o que o candidato busca alcançar na empresa no primeiro ou próximos cinco anos de trabalho. Isso deve ser escrito de forma que o recrutador compreenda claramente como a vaga irá ajudá-lo a alcançar suas ambições individuais.
Na sequência, estão a descrição das próprias habilidades e as atividades extracurriculares, mencionadas por 52,3% e 44,8%, respectivamente. Completam o top 5 os campos relacionados à experiência profissional, um desafio para 25,5% dos candidatos, e as informações pessoais (24,8%).
Sobre as habilidades, a dica é não mentir ou inflá-las, uma falha considerada grave. Ao preencher o campo de idiomas, por exemplo, o ideal é avaliar as competências de leitura, escrita, compreensão e fala, já que certas funções podem demandar apenas uma dimensão específica, como a leitura ou a fala. O mesmo raciocínio vale para o domínio de certos softwares, ferramentas e aplicativos.
Quanto às experiências profissionais, é indicado inserir somente aquelas alinhadas diretamente à vaga preferida, sejam elas remuneradas ou não. Além disso, pode ser interessante colocar as mais recentes em destaque. Caso o candidato não possua trabalhos anteriores relacionados à posição, incluir projetos que demandaram as mesmas habilidades necessárias para a vaga de destino é uma opção.
E-mail ainda é o principal canal de envio de currículos
Apesar da popularização das plataformas de recrutamento baseadas em inteligência artificial, elas ainda não ultrapassaram o e-mail como principal canal de contato entre candidatos e recrutadores.
Segundo a pesquisa, 63,3% dos respondentes ainda utilizam o e-mail para enviar suas apresentações às empresas. Só na terceira posição, atrás também do site das companhias, vêm as plataformas de recrutamento, utilizadas por 49,5% dos candidatos. Outras opções comuns são o próprio LinkedIn, que possui um recurso para o envio direto de currículos pela rede social, e a entrega presencial.
Seja qual for o canal de comunicação, é fundamental que a impressão deixada tanto no currículo quanto na abordagem seja o mais profissional possível. Afinal, entre receber o e-mail de aprovação e o de recusa existem várias linhas tênues: uma grafia errada no currículo, ausência de informações pessoais, uma experiência que não foi descrita da melhor forma… Por esse motivo, dedicar algumas horas para redigir uma apresentação memorável tem um potencial de retorno muito alto — o que vale a pena quando a tão sonhada vaga é conquistada.
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