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Salvador: crise na Saúde faz prefeitura convocar 901 concursados

O déficit de médicos, enfermeiros, técnicos, dentistas e agentes da saúde é mesmo a principal causa da crise

Acorda Cidade
 
“Não tem dentista! Não tem médico! Não tem remédio!”. Em três breves frases, a doméstica Marinalva Ferreira Santos, 56 anos, resumiu os problemas dos postos de saúde do Arenoso, onde mora
 
Na verdade, ela sintetizou a crise em todo o sistema de saúde municipal. Tanto que, o próprio prefeito ACM Neto, em visita ao bairro na manhã de ontem, classificou como “um caos” a situação da rede
 
A declaração se confirma em números. De acordo com a própria Secretaria Municipal de Saúde (SMS), os profissionais dos Postos de Saúde da Família (PSF), por exemplo, suprem apenas 12% das necessidades
 
Diante disso, o prefeito um prazo de 120 dias para minimizar os desfalques. Para isso, afirma que vai convocar 901 profissionais aprovados no concurso de 2011. “Estamos fazendo um plano emergencial. Alguns inclusive estão sendo convocados e tomando posse”, declarou o prefeito
 
O déficit de médicos, enfermeiros, técnicos, dentistas e agentes da saúde é mesmo a principal causa da crise.  A situação de Arenoso é apenas um exemplo. 
 
No posto Professor Guilherme Rodrigo da Silva, funcionários revelam que, desde o ano passado, só há dois médicos. Já na Unidade Básica de Saúde do Arenoso, apenas um médico – dos três necessários para as equipes – continua atendendo. 
 
As especialidades de clínica médica e ginecologia não existem ali há pelo menos um ano, não há enfermeiros e o único médico fixo é um pediatra, que trabalha na unidade há 18 anos.
 
De acordo com a SMS, atualmente há cerca de 10,5 mil profissionais trabalhando na pasta, 10 mil diretamente na área de saúde. Segundo a assessoria do órgão, para conhecer o déficit exato de funcionários, será preciso concluir um mapeamento que está em curso.  
 
Salários
Além da falta de pessoal, há ainda outro problema. Quem trabalha, está com salário atrasado. Funcionários dos dois postos de Arenoso confirmaram que não receberam em dezembro.
 
Na verdade, nenhum posto de saúde teve sua folha paga. “Muita gente está pedindo dinheiro emprestado pra trabalhar”, revelou Patrícia Quele de Souza, assistente administrativa do posto Professor Guilherme Rodrigo da Silva. 
A unidade faz 490 atendimentos por mês, em média. Com as equipes desfalcadas e a falta de salários, Patrícia conta que os funcionários decidiram se revezar.
 
O prefeito ACM Neto afirmou que sabe do atraso e prometeu antecipar o pagamento de janeiro. Quanto a dezembro, ele afirmou que a prefeitura está “desenhando um plano”, que poderá ser apresentado a partir de fevereiro. 
A falta de medicamentos também foi alvo de reclamações dirigidas ao prefeito. “A gente solicita os medicamentos e eles vêm, mas numa porcentagem de 30% a 40% do pedido”, diz Patrícia Quele, acrescentando que a maior carência de remédios é para diabetes e hipertensão. 
 
Estrutura
Muitas queixas se voltam para as condições de trabalho nos postos, que não passam por manutenção há quatro anos. “A falta de manutenção não vai se resolver em quatro dias ou quatro meses. Já visitei muitas unidades. Em Nova Constituinte a gente colocou um médico, porque não tinha. Verificamos a necessidade de colocar mais um posto em Periperi”, afirmou o prefeito, pedindo que a população tenha paciência.  
 
De acordo com a assessoria de comunicação da SMS, na última semana foi aberta uma licitação que deverá contemplar a reforma de 17 unidades de saúde em Salvador, sendo 12 delas apenas no Subúrbio Ferroviário. O investimento será de R$ 1 milhão. Enquanto isso, os postos esperam pelas melhorias. 
 
“Entreguei um relatório completo na mão do novo secretário de Saúde. O que a gente espera é uma reforma”, disse o gerente da Unidade Básica de Saúde do Arenoso, Eduardo Moura. Mesmo com um único médico trabalhando, o posto realiza 300 atendimentos por mês. As informações são do Correio.
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