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Extensos programas e várias fases marcam os concursos da área jurídica. E quem escolhe este ramo tem que apresentar, de início, vocação, disciplina e experiência. A vantagem é que quem está se preparando para o concurso de um tribunal em especial também está se preparando para seleções de outros tribunais.
Concursos para a carreira jurídica são bastante específicos. Além do requisito básico de que o candidato seja formado em Direito, é preciso comprovar prática jurídica de no mínimo três anos, seja como advogado ou como servidor, sem a qual não é possível tomar posse.
O requisito, que se tornou obrigatório a partir de 2004, serve para trazer experiência. "Antigamente, muitos candidatos passavam na seleção, mas não sabiam como se portar. Principalmente os que acabavam de sair da universidade. A exigência é importante, até por uma questão de vivência. É preciso que haja maturidade. Você está tratando com vidas e pessoas, muita responsabilidade", diz José Luís Paiva, juiz e professor.
Outra peculiaridade dos certames jurídicos é que as disciplinas fundamentais de cada edital são regulamentadas pela Resolução número 75 do Conselho Nacional de Justiça. A resolução foi publicada no ano de 2009. "Antes da resolução, cada tribunal realizava concurso a sua maneira. Após a resolução, as disciplinas fundamentais são obrigatórias para todos os concursos", afirma Paiva. Como consequência, o candidato pode estudar em qualquer lugar e se preparar para o concurso em diversas regiões.
Quem estuda para a prova de juiz federal do Trabalho da 5ª Região, também está se preparando para o concurso para o Tribunal Regional do Trabalho no Pará. O que muda é a maneira de elaborar as questões de cada banca. Em alguns casos, os próprios membros dos tribunais elaboram as questões.
Processo seletivo – Outra característica marcante é a quantidade de fases do processo seletivo. O concurso para juiz, por exemplo, é constituído de cinco fases: objetiva, discursiva, prática, oral e de títulos. Há cerca de um ano e meio, o advogado Luís Sérgio Carneiro está se preparando para concursos da área de procuradoria. "Fiz esta escolha por conta da estabilidade e porque, dentro da carreira jurídica, procuradoria é o que mais gosto de fazer e mais se aproxima de advocacia", conta.
Apesar de estudar pelas manhãs e tardes, para ele, o tempo disponível para estudar é sempre insuficiente. "Tenho a sensação de que estudo menos do que deveria", afirma o advogado.
Dificuldade – "Por conta da extensão do programa e da complexidade das questões, os concursos jurídicos tendem a ser mais difíceis", afirma Rogério Neiva, autor do livro Como se Preparar para Concursos Públicos com Alto Rendimento, da editora Método. Para dar conta de tantas exigências, o candidato precisa montar uma estratégia para a aprovação.
"O recurso mais importante do candidato é o tempo, porque o conhecimento está disseminado. Trata-se de uma commodity, um recurso que não depende do candidato. Desta forma, a base para a aprovação fica no planejamento de cada um", argumenta Neiva.
Fonte: A Tarde