A Universidade do Estado da Bahia (Uneb) como outra instituições do estado, enfrenta problemas. O Acorda Cidade foi procurado por estudantes do campus de Itaberaba, que destacaram dois problemas cruciais: a falta de professores e de acessibilidade.
O estudante de direto Gabriel Oliveira afirma que essa carência não afeta apenas seu curso, mas também os de História, Letras e Pedagogia no campus. Para dar um exemplo concreto, Gabriel explica que em seu curso existem cinco turmas, cada uma com uma demanda de sete disciplinas, totalizando 35 disciplinas. No entanto, só existem cinco professores, cada um responsável por cerca de três disciplinas. Isso resulta em cerca de 20 disciplinas sem professores suficientes.
Ele ressalta que, para resolver adequadamente essa escassez, seriam necessários pelo menos mais sete professores, totalizando 12. Dessa forma, cada um deles poderia gerenciar três disciplinas, atendendo às necessidades dos estudantes. No entanto, Gabriel observa que, apesar de um concurso realizado no ano anterior, apenas um professor foi convocado para seu curso, o que não solucionou o problema.
“Eu entrei na Uneb em 2018 e desde aquela o campus já sofria de falta de professores, nós tínhamos dois professores aqui, só que eles pediram transferência e aí nós temos hoje cinco e aí a situação não é resolvida e a Uneb para tentar de alguma forma não atrasar a vida da gente, eles tem um sistema de cooperação, no caso um professor de outro campus pode vir dar aula aqui, só que o nosso campus ele é bastante distante dos outros campus e aí o professor vir dar aula presencialmente aqui na Uneb de Itaberaba toda semana acaba que muitos professores não, enfim, não aceitando. Apesar que na época da pandemia por conta das aulas online a gente conseguiu dar conta dessa parte de disciplinas porque os professores davam aula online, mas agora né, vamos dizer assim, ‘deixaram de lado’ pelo menos a Uneb aqui de Itaberaba e nas outras também, deixaram de lado as aulas virtuais e aí por conta disso, só está tendo aula presencial e, de professores de fora no caso não vir pra cá, e por conta disso estamos com bastante disciplinas atrasadas”, lamentou.
A falta de professores não afeta apenas o desempenho acadêmico dos estudantes, mas também causa preocupação na comunidade local. Muitos estudantes vêm de cidades vizinhas, movimentando a economia de Itaberaba com aluguel, alimentação e transporte. No entanto, a falta de professores impede a universidade de atrair mais estudantes e abrir novas turmas, o que acaba prejudicando a economia local.
Acessibilidade aos estudantes com deficiência
Além da falta de professores, a Uneb em Itaberaba enfrenta outro desafio significativo: a acessibilidade aos estudantes com deficiência. Gabriel mencionou em entrevista ao Acorda Cidade o seu colega, Willian, que é deficiente visual. Willian ingressou na universidade em 2019, após passar no vestibular como parte das cotas para pessoas com deficiência. No entanto, desde sua chegada, ele não recebeu a assistência necessária.
Como uma pessoa com deficiência visual, Willian precisa de um assistente para auxiliá-lo na leitura, escrita, realização de provas e atividades acadêmicas. A universidade havia contratado um assistente por um curto período, após uma paralisação em 2020 em que os estudantes pediam mais acessibilidade. No entanto, esse contrato expirou, e Willian novamente ficou sem assistência. Como resultado, ele teve dificuldades em seu desempenho acadêmico e acabou reprovando em algumas disciplinas.
A falta de acessibilidade não apenas prejudica o desempenho acadêmico de Willian, mas também coloca em destaque a necessidade de melhorar as condições de acesso para todos os estudantes com deficiência.
“No dia 11 de outubro, uma quarta-feira, a gente ficou sabendo que a Uneb abriu uma vaga de monitor, no caso para os próprios estudantes se tornarem assistentes de William né, uma colega até comentou que era uma forma da Uneb se isentar de cumprir o seu papel, cumprir o seu dever, mas aí existe essa possibilidade que a Uneb abriu de a gente mesmo, nós próprios estudantes né. Fazemos as inscrições e passamos por todo um processo seletivo, ganhar uma bolsa e se tornar o assistente de William, só que isso também vai ser temporário. A gente está buscando realmente uma pessoa que tenha toda uma formação a pessoa que é especializada em trabalhar em assistir pessoas com deficiência, só que recentemente o Ministério Público aqui de Itaberaba abriu, melhor dizendo, ajuizou uma ação civil pública contra a universidade para eles contratarem com o máximo de antecedência possível um profissional especializado para ajudar o William aqui na universidade”, afirmou o estudante em entrevista ao Acorda Cidade.
Além disso, os estudantes do campus enfrentam outros desafios. Um deles é a mudança iminente da residência estudantil, que, segundo relatos, possui problemas estruturais como infiltrações e presença de insetos.
Com informações da jornalista Iasmim Santos do Acorda Cidade
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