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O uso de adubação química tem sido uma prática comum entre muitos pecuaristas com o objetivo de fomentar a produtividade da pastagem. No entanto, tal atitude tem efeitos negativos para o produtor e para o meio ambiente, uma vez que a adubação excessiva pode contaminar lençóis freáticos. Pensando nisso, pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Uesb (PPZ) vêm trabalhando com com micro-organismos promotores de crescimento vegetal associado a plantas forrageiras.
De acordo com o professor Fábio Andrade Teixeira, coordenador do PPZ, foi detectada a existência de alguns micro-organismos que catalisam o nitrogênio da atmosfera ou do próprio solo e entregam, diretamente, para a planta fazendo, dessa forma, uma espécie de simbiose com sua raiz. “Nesse caso, as bactérias que estamos trabalhando têm vida livre e vivem em uma zona chamada rizosfera, que é ao redor da raiz, capturando nitrogênio atmosférico e do solo, que a planta não conseguiria captar, e entregando para a planta esse nitrogênio. Ou seja, ela recebe nitrogênio praticamente equivalente à adubação nitrogenada”, explicou Teixeira.
Os fungos também compõem esses micro-organismos e possuem a função de captar o fósforo do solo, um elemento que tem baixa disponibilidade e a planta tem dificuldade de buscar e absorvê-lo. Nesse sentido, a pesquisa aponta, preliminarmente, que a associação entre a bactéria e o fungo desempenha papel fundamental na substituição das grandes quantidades de nitrogênio e fósforo, nutrientes fornecidos na adubação química.
Ainda conforme Teixeira, o uso desses micro-organismos possui benefícios econômicos, já que o produtor reduzirá o custo na utilização desses adubos, e ambientais, porque diminuirá a química utilizada nos plantios. Outro fator favorável é a estimulação dos fito-hormônios, que “são os hormônios das plantas – auxinas, giberelinas, citocininas. Eles têm papeis importantes na melhoria das condições das plantas, o que vai promover uma maior produção”, explicou.
Entretanto, é importante ressaltar que cada região possui clima e solos distintos, por isso, o experimento precisa ter os dados validados e testados em diferentes zonas do país. Para a região Sudoeste da Bahia, onde o experimento está sendo desenvolvido, o micro-organismo já é adaptado. “A gente está provando, em nosso próprio solo, que eles funcionam bem e vão ser super recomendados aqui. Em outras regiões, será necessário ser testado e adaptado”, concluiu Teixeira.