Gabriel Gonçalves
Atualizada às 21:15
Terá início a partir da próxima segunda-feira (15), o ano letivo 2020/2021 na rede estadual de educação acontecendo de forma 100% remota. Em entrevista ao Programa Acorda Cidade, na manhã desta quarta-feira (10), o secretário da Educação, Jerônimo Rodrigues, afirmou que toda programação já está preparada e para os estudantes que não dispõem de internet ou equipamentos eletrônicos, materiais impressos estarão disponíveis nas unidades escolares.
"Estávamos no aguardo de iniciar o ano letivo de forma presencial, fomos aguardando, aguardando, até que chegamos ao limite e o MEC, junto com o Conselho Nacional e Estadual, estabeleceu um prazo até 31 de dezembro deste ano para realizar dois anos em um, que chamamos de Continuum. Montamos cadernos orientadores de apoio na aprendizagem e está disponível tanto de forma virtual, quanto de forma impressa. Estamos com um cenário bem estruturado para atender nossas expectativas e vamos ver isso a partir do dia 15 quando se tem início às aulas. Sabemos dos desafios, das dificuldades para quem não tem internet e para quem mora longe", explicou.
O ano letivo de 2020 está previsto para ser concluído no mês de junho. Durante todo esse período, o secretário explicou que os estudantes que não possuem internet podem comparecer na escola para fazer o download das atividades escolares ou pegar os cadernos de questões impressos que estarão disponíveis.
Foto: GOV-BA
"Iremos concluir todo o ano letivo de 2020 até o mês de junho, colocando nesse processo de carga horária uma quantidade de conteúdos que se compatibiliza com o do ano de 2020 e, finalizando, já iniciamos com os conteúdos do ano de 2021 levando até 27 de dezembro. Caso tenhamos uma redução dos números de casos, podemos ter a possibilidade do ensino híbrido, como três dias na escola, três dias em casa e quem sabe ter totalmente a aula presencial porque temos essa esperança. Durante essas aulas remotas, os estudantes serão acompanhados, temos livros didáticos com atividades complementares, aqueles que não possuem internet podem comparecer na escola para fazer o download no aparelho celular ou tablet, etc. Existe também a possibilidade desse estudante pegar o material impresso e levar para casa, mas todas estas ações precisam ser programadas com a direção da unidade como forma de evitar aglomeração", disse ao Acorda Cidade.
Ainda segundo o secretário, os professores que não tiverem boas condições de internet ou equipamento eletrônico para desenvolver as aulas poderão comparecer nas escolas, onde nos laboratórios de informática terá computadores disponíveis.
"Esses professores poderão programar de também ir à escola, seja para utilizar apenas a internet ou o computador, como forma de programar as aulas na plataforma online e tirar as dúvidas dos estudantes. Isso acontece para os alunos também, desde que seja programado para não causar aglomeração, até porque esses computadores estão em locais ventilados", afirmou.
Internet nas escolas
De acordo com Jerônimo Rodrigues, a secretaria de educação autorizou que as escolas realizassem orçamentos com empresas para que fossem disponibilizados pelo menos 100 MB de internet.
"Autorizamos todas as escolas a pegarem três orçamentos dos provedores locais, para que possamos ter pelo menos 100 MB de internet. É possível que em algum local da Bahia não tenha essa quantidade, por exemplo, na região de Cairu, no baixo sul do estado. A cidade não tem um provedor que ofereça mais de 20 MB, mas podemos encontrar ali pelo menos 10, 15 MB para que o estudante e o professor possa programar as aulas e responder a todas as questões", afirmou o secretário.
Aquisição de internet e equipamentos para estudantes
Segundo o secretário Jerônimo Rodrigues, após o início do ano letivo, é provável que seja feito um levantamento de quantos estudantes da rede estadual possuem dificuldades relacionadas à internet ou equipamento eletrônico. De acordo com ele, pode ser feito um programa para aquisição de chips para ter acesso à internet ou compra de tablets para serem distribuídos para esses estudantes.
"Depois do dia 15, quem sabe a gente não possa fazer um levantamento de quantos são os estudantes. São 200, 300 mil? Será que conseguimos comprar um chip bom para dar acesso à internet a esses estudantes? Podemos quem sabe desenvolver um programa para comprar um tablet, mas também digo que o governador não gosta de ficar especulando antes da hora, porque de repente pode não dar certo como aconteceu em outros estados, por isso vamos aguardar o dia 15 e as escolas irão ficar de olho nesses estudantes para saber quem tem grau de dificuldade, seja no acesso à internet ou no equipamento eletrônico e quem sabe a gente possa fazer esse programa para chegar até eles", declarou.
Parceria com o Banco do Brasil
É provável que a Secretaria de Educação anuncie uma parceria com o Banco do Brasil, no sentido de dar uma condição melhor para que professores possam estar efetuando compras de equipamentos novos para ministrar as aulas remotas.
"Na semana passada, tivemos uma reunião com o Banco do Brasil, pois é a Instituição que paga aos servidores e não tínhamos como bolar uma linha de crédito específica com condições mais baixas e mais espaçadas. Às vezes, o professor já tem um computador, mas quer comprar um melhor, uma câmera melhor, então é possível que a gente anuncie uma parceria com o Banco para que esse servidor possa comprar esses equipamentos, e isso também inclui os professores da universidade e não só da rede estadual, mas também do município. Vamos tentar isso porque queremos que esse servidor tenha uma condição melhor de ministrar essas aulas", explicou o secretário.
Vale-alimentação
Cerca de 800 mil estudantes da rede estadual serão beneficiados com a quinta parcela do vale-alimentação no valor de R$ 55. De acordo com o secretário, esse valor é sete vezes maior do que é repassado pela União.
"Em 2020 realizamos o pagamento de quatro parcelas e vamos pagar agora no dia 23 de março a quinta parcela. Para que possamos ter uma ideia, o dinheiro que vem da União para a alimentação escolar é de R$ 0,26 por estudante, o que no final do mês, esse valor chega a R$ 7,20 e estamos pagando um vale de R$ 55, um valor de cesta básica de Salvador, mais cara do estado da Bahia. Então estamos aguardando a operadora do cartão dar o 'ok' ao processo e o nosso desejo é pagar a todos os estudantes, garantindo assim também que não tenha aumento da evasão escolar, pois estamos sendo rigorosos nesse momento e aqueles que irão receber devem estar participando de todas as atividades escolares. A operadora tem cerca de 8 mil comércios em todo o estado da Bahia e onde tiver a bandeira do cartão, o estudante poderá realizar a compra", concluiu.