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Utilizado como Unidade Experimental há duas décadas pela Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), o Horto Florestal teve parte do seu terreno (8.000m²) cedido para o Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, mesmo diante de recusa do pedido pela reitoria da Uefs. O espaço sedia atividades acadêmicas (aulas práticas e teóricas) de cursos de graduação e pós-graduação, além de atividades de extensão e pesquisa da Universidade. Na manhã desta quarta-feira (03) a Administração da Uefs foi surpreendida com a instalação de um acesso à área do Horto Florestal, feita pelo TJ-BA.
De acordo com um grupo de professores que desenvolvem atividades no Horto Florestal, “o conjunto entre campo experimental, estufas e laboratórios tem sido a base para que sejam ampliados e gerados conhecimentos importantes e inéditos dentro dos aspectos botânicos, biológicos e biotecnológicos, melhoramento e conservação genética de várias espécies, especialmente as endêmicas da Bahia, nativas e com potencial para o semiárido”.
A cessão de terreno, que inclusive já foi publicada no Diário Oficial do Estado (DOE), sem acordo prévio com a Uefs, tem sido motivo de preocupação para os professores que atuam no Horto. “Diante do exposto, é lógico pensar que toda essa cadeia de atividades projetada e proporcionada pelos docentes que atuam na Unidade e outros parceiros da própria Uefs, e de outras instituições de ensino superior, será quebrada”, afirmam.
A vice-reitora da Uefs, professora Amali Mussi destaca que “não somos favoráveis a uma concessão de espaço do Horto para o Tribunal de Justiça, assim como para nenhum outro órgão. É inacreditável a forma como os fatos estão ocorrendo. O Governo do Estado precisa ter conhecimento do desmonte que pode ocorrer no ensino, na pesquisa e na extensão, principalmente num contexto onde a ciência tem sido tão desvalorizada. A cessão precisa ser revista”.
O reitor, professor Evandro do Nascimento, tem atuado tentando reverter essa situação. “Tenho insistido no diálogo com as Secretarias de Educação e de Administração do Estado da Bahia, para que ocorra uma audiência com o governador, com o objetivo de reverter uma situação que trará prejuízos incalculáveis aos 23 anos de história do Horto Florestal e de sua sólida inserção no ensino, na pesquisa e na extensão universitária”, destacou.