O resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2024 foi divulgado na última segunda-feira (13), trazendo grandes notícias para os estudantes baianos. O estado ficou em 4º lugar no ranking de melhores desempenhos nas provas, e, claro, os alunos do Programa Universidade para Todos (UPT), do governo estadual, estavam entre os destaques.
Os estudantes do programa, na Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs), se destacaram especialmente na redação, com notas entre 800 e 960 pontos. Na Uefs, o UPT consolidou sua força como referência na preparação de jovens para o ensino superior. Atendendo estudantes oriundos da rede pública estadual de 12 municípios, com aulas presenciais e virtuais, o programa reafirma seu papel como porta de entrada para a universidade pública e a realização de diversos sonhos acadêmicos.
“É um programa que já tem mais de 20 anos, e ele sempre vem realizando de forma muito efetiva essa contribuição na aprovação de alunos, especialmente da escola pública”, celebrou Eliana Carlota Marques Lima, coordenadora geral do programa.
Thainara Santana Lima, de 18 anos, faz parte do programa desde abril de 2024. Ela alcançou 940 pontos na redação.
“Foi apoio e esforço. Não esperava tirar essa nota, por mais que eu tenha escrito as 30 linhas sem erros, mas eu esperava tirar uns 800”, disse. Através do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), ela pretende concorrer a uma vaga de Medicina ou Enfermagem na Uefs.
Outro exemplo é Rafaele Bastos, de 21 anos, que retomou os estudos com a ajuda do programa e também alcançou 940 pontos.
“O UPT não foi apenas um programa para mim; foi uma rede de apoio onde eu tive colegas maravilhosos e professores totalmente empenhados em nos ajudar. Foi o meu primeiro passo para começar a estudar novamente”, contou. A estudante também espera cursar Medicina.
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De Rafael Jambeiro, Ana Beatriz Cerqueira, de 18 anos, também se destacou ao tirar 940 na redação do Enem. Ela contou ao Acorda Cidade que conheceu o programa por meio de uma prima que estudava na Uefs.
“Eu sou eternamente grata ao UPT porque foi essencial para o meu desenvolvimento escolar, e, como eu vim de escola pública, foi muito importante. Me ajudou muito, inclusive a desenvolver tanto a oratória quanto os estudos.”
Jenifer Kailane de Almeida Moreira, de 19 anos, é do Conjunto Panorama, em Feira. Ela e a mãe participaram juntas do programa, assistindo às aulas no antigo Colégio Polivalente, que era o mais próximo de casa. Alcançando também os 940 pontos, ela pretende usar a nota para cursar Medicina, Psicologia ou Letras.
“Quando eu era criança, eu achava que era Medicina, porque eu queria ser igual ao Dráuzio Varella.”
A nota 960 ficou com o jovem Josivan Ferreira, de 18 anos, morador do bairro Campo Limpo, em Feira de Santana. Ele conheceu o UPT por meio de amigos e pela internet. Mesmo sem ter concluído o ensino médio, ingressou no programa com a expectativa de entrar no ensino superior.
Para alcançar a nota, ele disse ao Acorda Cidade que a prática foi o mais importante. Josivan pretende cursar Direito na Uefs.
“Quando a gente pratica e vê onde está errando, consegue consertar para não errar na prova. Foi complicado, porque eu tinha que conciliar os estudos para o Enem com o ensino médio. Estava cursando o 3º ano. Então, foi um ano completamente de estudo.”
Como funciona o UPT/Uefs
De acordo com o coordenador pedagógico do UPT/Uefs, professor Edson Oliveira, o programa é estruturado com aulas regulares dos 11 componentes curriculares cobrados no Enem e atividades complementares que fortalecem o aprendizado.
“Além dessas aulas regulares, nós também apelamos para sábados interdisciplinares, onde há oportunidade de diálogo entre diferentes campos de saber. Também tivemos oficinas virtuais e aulões virtuais, permitindo que nossos alunos, em qualquer espaço da Bahia, pudessem assistir ao vivo as aulas desenvolvidas com esse propósito”, destacou o professor de Literatura.
No ano passado, o UPT/Uefs se destacou com a realização de um simulado do Enem. O programa reproduziu o dia de prova de forma idêntica, com fiscais, tempo de prova, detectores de metais, resolução de questões, correção de redação e pontuação atendendo as cinco competências exigidas no exame.
Ele também celebrou os resultados dos alunos.
“Tivemos alunos com notas de 940, 960, 920, em uma edição do Enem em que apenas 12 pessoas em todo o Brasil tiraram nota 1.000 na redação. Então, isso quer dizer que o nosso 960 vale muito mais do que 1.000.”
Edson também falou sobre o perfil dos alunos que ingressam no UPT. Geralmente, são pessoas que trabalham, mas não abandonam o desejo de fazer uma universidade pública.
“O nosso aluno é um aluno que, na maioria das vezes, trabalha durante todo o dia, tem dificuldades de locomoção e, por vezes, possui uma rotina diária bastante exaustiva. Ele necessita de um incentivo especial para apostar no programa e não desistir. Por isso, nossa política de permanência está focada em atrair o aluno, fazê-lo acreditar no programa e mantê-lo acima de qualquer coisa”, destacou ao Acorda Cidade.
Em um contexto de desafios da aprendizagem, ainda influenciados pela pandemia da Covid-19 e pelas fragilidades da educação pública de base, o programa reforça o estudo dos participantes, que, ao ingressarem na universidade, transformam não só a própria vida, mas também a de suas famílias e comunidades.
“Uma vez entrando na universidade, entendemos que a mudança não se dá apenas na vida de um sujeito, mas também na vida de sua família, amigos, bairro; toda uma estrutura se transforma”, disse o professor.
UPT/Uefs 2025
Espalhado pelo estado, o UPT/Uefs oferecerá 1.500 vagas em 2025, abrangendo cidades como Feira de Santana, Santo Estêvão, Irará, Santa Bárbara e Lençóis. “Fiquem atentos às nossas redes sociais e garanta sua vaga para 2025”, incentivou o professor.
O programa é destinado a estudantes de escolas públicas que estão no 3º ano do ensino médio ou que já concluíram. As aulas devem começar em abril em várias unidades.
Além do preparo acadêmico, o programa promove uma forte conexão afetiva com todos os participantes, sejam colaboradores ou estudantes. Segundo o coordenador, aqueles que “passam” não se afastam do programa. Muitos retornam e se tornam professores ou coordenadores em diversos setores.
“Somos sujeitos de uma engrenagem muito maior. Se, em algum momento, nós pessoalmente não estivermos aqui, outras pessoas estarão e levarão o programa adiante com o mesmo empenho e determinação”, concluiu o professor.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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