Dia de prevenção e combate à surdez

Profissionais destacam a importância dos intérpretes de Libras em sala de aula

Como forma de inclusão ao ambiente social e educacional, especialistas e professores realizam atividades diariamente para garantir a inclusão de estudantes através da Libras.

Gabriel Gonçalves

Nesta quarta-feira (10), o Brasil comemora o Dia Nacional de Prevenção e Combate à Surdez, data que foi instituída como símbolo de luta cujo propósito principal é educar, conscientizar e prevenir a população brasileira para os problemas advindos da surdez.

Como forma de inclusão ao ambiente social e educacional, especialistas e professores realizam atividades diariamente para garantir a inclusão de estudantes através da Libras.

Marlicely Pereira Santana, é mãe de Andressa Santana Oliveira, de 13 anos de idade. Com perda auditiva identificada desde o nascimento, Andressa estuda na Escola Municipal Dr. Cícero Carvalho, localizada no bairro Jardim Cruzeiro.

Para Marlicely, todas as dificuldade sempre existiram, mas a partir do momento em que a filha começou a aprender a língua de sinais, uma outra comunicação começou a ser feita com Andressa.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

"Desde o nascimento no próprio hospital quando foi realizado o teste da orelhinha, foi detectado a falta do retorno da audição dela. Então a gente começou todo o tratamento, onde realmente foi comprovado que ela tinha perda auditiva profunda. Infelizmente existem as dificuldades em todas as áreas, e até o aprendizado dela, se torna lento. A gente tenta inserir ela na sociedade para que ela possa ter uma convivência natural maior possível, mas a gente sabe que é complicado", explicou.

De acordo com Marlicely, Andressa Santana está cursando 5º ano do ensino fundamental, mas ainda não é alfabetizada.

"Hoje ela está no 5º ano, mas ainda não é alfabetizada, devido justamente por não ouvir, então precisa decorar as palavras, precisa aprender as palavras de forma decorada e a Libras estão aí, na qual ela precisa dominar para que tenha a compreensão dos assuntos que são passados e ditos em sala de aula", explicou.

Ainda segundo Marlicely, é necessário que todas as escolas disponham de intérprete de Libras, para ajudar na comunicação de crianças que possuem deficiência.

"Todas as escolas deveriam ter esse atendimento especializado para as crianças e os adolescentes, para que eles possam compreender o que está sendo dito em sala. A primeira comunicação para eles, é a Libras e graças a Deus, essa escola dá o suporte necessário para Andressa nas salas de recurso, com as atividades lúdicas e todo esse acompanhamento vem sendo seguido de uma progressão", afirmou.

Especialista em Libras e em atendimento educacional especializado, a professora Maria José Oliveira, conhecida como professora Chica, explicou que as escolas têm por obrigação receber qualquer estudante que tenha deficiência.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

"As crianças precisam aprender desde pequenas a língua brasileira de sinais, que é a primeira língua, a língua natural dela, e a partir daí, ela também será orientada a aprender a língua portuguesa, que é a língua escrita, língua majoritária circulando em todos os meios, sejam em jornais, panfletos e o surdo precisa entender, precisa exercer a sua cidadania e a possibilidade de aprender e desempenhar suas funções como qualquer um, a única diferença, é esta pessoa vai se comunicar de forma diferente", afirmou.

De acordo com a professora Chica, nem todas as escolas da rede municipal dispõem de um intérprete de Libras, apenas aquelas que apresentam demanda.

"A demanda vai depender das crianças que são deficientes, caso haja a necessidade naquela escola, então é encaminhado um intérprete e os estudantes também são encaminhados para o Centro Integrado de Referência em Educação Inclusiva, onde lá, eles recebem todo atendimento em Libras para o aprendizado como primeira língua a ser dita. A principal exigência para isso, é que o estudante esteja matriculado em nossa rede municipal e sempre estamos orientando as famílias, que elas possam participar de comunidades onde existem outras pessoas que possuem esta deficiência, para que haja um maior desenvolvimento entre elas e até a própria família poder praticar", disse.

Infelizmente, alguns pais não aceitam a deficiência dos filhos, segundo a professora Chica. Muitos insistem em que os filhos aprendam a língua normal, sem a presença da Libras.

"Muitas famílias preferem que os filhos oralizem e levam para realizar o tratamento da voz. A gente conscientiza estes pais que, existe realmente a necessidade dessa criança ter que aprender a língua de sinais, pois é muito mais fácil essas crianças aprenderem de forma visual, pois não escutam", concluiu.

Trabalhando há mais de 10 anos como intérprete de Libras, Analice Vitório, atualmente auxilia os professores da Escola Municipal Dr. Cícero Carvalho.

De acordo com ela, o trabalho é bem feito, pois existe a parceria que com os pais, no sentido de que a criança possa realizar os treinamentos em casa.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

"Além dessa escola, eu também trabalho em outra unidade lá no distrito de Tiquaruçu e posso dizer que os pais têm ajudado bastante. O exemplo que trago, é a mãe da Andressa que sempre colabora com a gente, nos traz um feedback como está o desenvolvimento dela dentro de casa. O deficiente auditivo, como também é chamado de surdo, ele precisa da língua de sinais, assim como também a língua portuguesa. Existem muitos pais que se empenham em querer ajudar os filhos, eu digo até que esta é uma demonstração de amor pelos filhos, pois eles se propõem a querer aprender a língua de sinais, assim como a mãe de Andressa que está praticando, e isso é importante para a comunicação entre as duas", destacou.

Para Analice, é necessário que a inclusão das crianças e adolescentes em escolas, seja constante, não apenas um projeto que ainda vai sair do papel.

"Muitas vezes, a gente só verifica essa inclusão no papel, mas uma escola inclusiva, vai além de tudo isso, tem que ser na prática, na sinalização, na adaptação feita em sala, porque muitas dessas crianças com 5, 6 anos de idade, ainda não são alfabetizadas. E o mais importante, é preciso ter também, uma interação com o professor, um aviso prévio para organizar as aulas, assim como todo planejamento para adaptar às aulas para estas crianças, que têm deficientes", concluiu.

 

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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