Das 1.640 unidades de ensino da rede estadual, 465 estão passando pelo processo de enturmação, que consiste em juntar turmas com pequeno número de alunos. A medida faz parte do projeto de racionalização da rede pública de ensino, visando garantir professor em todas as salas de aulas a partir da reorganização das turmas nas escolas.
A iniciativa, aparentemente simples, tem provocado questionamentos por parte dos professores. A principal razão é a possibilidade de muitos deles ficarem sem turma para dar aula. Mas para os dirigentes da APLB a questão é muito mais abrangente do que a colocação de professores à disposição. A enturmação traz à tona o problema da evasão escolar.
“O Governo do Estado em políticas públicas para manter o aluno na sala de aula”, disse a professora Indiacira Gomes Boaventura, diretora da APLB, em entrevista ao repórter Paulo José, no Acorda Cidade. Segundo ela, o governo está fechando salas de aula e ignorando o problema real, que é o abandono da escola pelos alunos. As turmas estão diminuindo exatamente por conta disso.
A professora Indiacira Gomes citou dados publicados no jornal A Tarde, dando conta de que até o final de 2009 aproximadamente 375 mil estudantes estarão fora das salas de aula da rede pública estadual. Os dados, conforme lembrou a professora são estimados pela própria Secretaria de Educação da Bahia.
Para o professor Ailton Guimarães, que faz parte dos quadros da rede estadual, a questão vai muito mais além. Ele observou que a proximidade do ano eleitoral sugere que a medida pode ter cunho político. “A coisa começa errado e quando se quer consertar vem de cima para baixo, sem conhecimento da realidade”, disse.
O educador questionou a falta de coordenador pedagógico nas escolas, a falta de motivação dos professores, o fato de não haver discussão prévia para adoção das mudanças. “Os professores estão sendo pressionados e estamos caminhando para uma situação em que a paralisação será inevitável”, avisou, destacando que não há preocupação com a qualidade.