Feira de Santana

Professores fazem manifestação na Câmara contra falta de estrutura das escolas municipais

Parte das escolas não retomaram as atividades na última segunda-feira (21), como estava previsto no calendário letivo, devido à falta de estrutura das unidades escolares, professores e as mínimas condições de trabalho.

Laiane Cruz

Professores da rede municipal superlotaram a Câmara Municipal nesta quarta-feira (23) para protestarem contra a falta de diálogo com o governo municipal. De acordo com a categoria, parte das escolas não retomaram as atividades na última segunda-feira (21), como estava previsto no calendário letivo, devido à falta de estrutura das unidades escolares e as mínimas condições de trabalho.

Em entrevista ao Acorda Cidade, uma das professoras presentes à manifestação, que pediu para não ser identificada por medo de represálias, afirmou que a insatisfação com o governo municipal ocorre porque a categoria tem uma pauta de reivindicações, porém em nenhum momento é ouvida.

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

“A insatisfação é a falta de diálogo da gestão com a categoria. Estamos com uma pauta de reivindicações há mais de dois anos e em momento nenhum o governo sentou com a categoria para ouvir o que estamos solicitando. Para piorar agora neste início de ano letivo, não temos professores nas escolas. Na escola onde eu leciono, só tem dois professores, a gente está com 90% das turmas sem professor, merenda escolar para os alunos também não chegou, material escolar muito menos, nem fardamento. E o que a gente vê na mídia é eles dizendo que tem tudo e que os professores é que não querem trabalhar. Não são os professores que não querem trabalhar, nós não temos é condições. Como é que vamos dar aula sem professor”, protestou.

Outra professora que também estava na galeria da Câmara destacou que somente após o prefeito Colbert Martins afirmar nos meios de comunicação que as escolas tinham a merenda, a secretaria começou a distribuição, e em algumas escolas os produtos estão chegando hoje.

“A merenda está chegando nas escolas hoje. O que a gente quer é que o gestor tenha diálogo com a nossa categoria, nos 45 finais de segundo tempo, como dizem. Fora isso, a gente tem um piso salarial que já foi aprovado e vários municípios já repassaram o valor para a categoria e na nossa cidade não há nenhuma referência nesse sentido, de reajuste. Infelizmente, ele se nega a dialogar e coloca a população contra a gente. A gente está apto para trabalhar, agora precisa das mínimas condições. Precisamos de professores para completar o quadro, precisa de estagiários, cuidadores, merenda, farda, material escolar, tudo que não tem nas escolas.”

Foto: Paulo José/Acorda Cidade

Mãe de um estudante da creche escola Dalva Suzart, no bairro Papagaio, a dona de casa Maristela Freire também enviou um áudio ao Acorda Cidade falando sobre a frustração de não ter os filhos estudando ainda, após o governo municipal anunciar o retorno do período letivo para o dia 21 de março.

Segundo ela, no dia de iniciar as aulas, as professoras da creche realizaram uma reunião com os pais, sem aviso prévio, informando que não iriam iniciar as atividades, explicando as condições em que a escola se encontra.

“É uma frustração, porque há vários meses a gente viu as escolas iniciando as aulas, a escola estadual, e a gente ficando para trás com nossos filhos em casa, na expectativa de ter essa atividade externa. Houve uma reunião segunda-feira, que era o dia que iriam iniciar as aulas, e as professoras explicaram as condições delas, as necessidades. E a gente vê que a instituição não tem estrutura. O lugar que era para ter um extintor de incêndio está só a placa e nome, mas não em o extintor. As professoras não passaram por treinamento de primeiros socorros, então é uma preocupação. O porteiro da escola foi demitido e a escola está numa região de tráfico, e recentemente uma comerciante foi assassinada ali. A escola não tem estrutura para retornar as aulas, o mato está tomando conta, não tem porteiro, e a gente não pode pensar em começar as aulas sem o mínimo de segurança. É frustrante porque a gente não tem condição de pagar escola particular, e março já está finalizando e não tem aula na escola pública”, lamentou.

 

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade 

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