Gabriel Gonçalves
Os professores da rede municipal de Anguera, realizaram uma manifestação na manhã desta segunda-feira (13), em frente à prefeitura, para protestar contra a falta da prestação de contas da área da educação.
Em entrevista ao Acorda Cidade, professor e sindicalista da APLB Anguera, Paulo Sérgio Leite, explicou que o sindicato possui cerca de 200 integrantes e integra sete cidades da região. De acordo com ele, o município de Anguera não está sendo claro com a prestação de contas.
"Aqui em Anguera, nós somos cerca de 200 integrantes, entre professores, coordenadores, pessoal da limpeza, motorista escolar e o sindicato abrange os municípios de Santo Estevão, Anguera, Antônio Cardoso, Itatim, Ipecaetá, Milagres e Rafael Jambeiro. Nós hoje estamos aqui cobrando a transparência nas contas públicas haja vista que aqui tem um grande volume de recursos do Fundeb que foram injetados neste ano. Estamos há meses tentando conversar com a gestão, para que eles nos apresentem as contas se vai sobrar ou não, mas nós acreditamos que vai sobrar porque o secretário disse de maneira extraoficial que está gastando em torno de 54% que pela lei do Fundeb, pode gastar no mínimo 70%. Já encaminhamos vários documentos, mas o que nós obtivemos foi o silêncio", disse.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Segundo o sindicalista, os professores do município recebem o menor salário se for comparado com outras cidades.
"Hoje nós temos o menor salário da região de Anguera, tem o pior piso salarial de toda a região, comparada a outras cidades que eu já conheço. Não teve reajuste nesse ano por conta da Lei Complementar e isso está gerando uma sobra também no Fundeb. Hoje o piso do salário é de R$ 1.400, isso para professor em início de carreira, mas aqueles professores que são mestres, doutores, chega até R$ 2 mil. Por conta disso, gostaríamos que o governo possa abrir as contas para que haja a possibilidade do rateamento", destacou.
Fotos: Ed Santos/Acorda Cidade
Ainda segundo Paulo Sérgio, o secretário atual de educação não tem autonomia para tomar decisões.
"O secretário até tem boa vontade, mas infelizmente barram a gestão dele. Acredito que outras forças maiores aqui do município, impedem que ele tenha autonomia, apesar de ser uma boa pessoa, ter ótimas intenções, não tem autonomia para gerir a pasta da Educação de Anguera", citou.
Pedro de Sena Ferreira, é motorista da rede municipal há 26 anos. Presente na manifestação, ele contou ao Acorda Cidade que houve mudanças e precisou ser transferido para trabalhar na Secretaria de Saúde. Após ingressar na justiça, teve o cargo de volta na secretaria de Educação.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
"Estamos aqui presentes, porque está completando um ano agora que a gente não tem reajuste salarial. Eu e outro colega que é motorista dos ônibus escolares, fomos transferidos para a Secretaria de Saúde de forma arbitrária. Nós ingressamos com uma ação na justiça e reduziram o nosso salário em aproximadamente 40%. Estávamos recebendo cerca de R$ 1.500, teve um plano de carreira no ano de 2019, tivemos um aumento de 2,2%, elevando para R$ 2.229. Quando o atual prefeito assumiu em janeiro, esse aumento foi tirado e ficamos o nosso salário de antes. Foi então que entramos na justiça, tivemos o nosso cargo de volta na secretaria de Educação e o salário de volta, porque só assim, para que o prefeito possa respeitar as decisões da justiça", afirmou.
Procurado pelo Acorda Cidade, o prefeito do município de Anguera, Mauro Vieira informou que o assunto pleiteado pelos professores está equivocado.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
"Eu acho que essa decisão dos professores é uma decisão equivocada, até porque estamos com os salários rigorosamente em dias, não temos atrasos, o que eles estão pleiteando é o rateio e a Lei Complementar 173 do artigo 8º, proíbe essa questão do rateio, e isso só acontece quando a gente não alcança um índice, mas estou com meus índices dentro da normalidade. Eu não sou prefeito de primeiro mandato, este é o meu terceiro. A gente percebe que essa manifestação tem um cunho político, mas enquanto chefe do executivo da cidade, estou aqui para respeitar", afirmou.
Sobre os recursos do Fundeb, o prefeito explicou que em determinados projetos, o recurso que está em caixa não é suficiente, tendo que complement-a-lo com recursos próprios da prefeitura.
"Hoje existe um Conselho Municipal de Educação, onde todas as informações com relação à educação, são passadas. Não dá para fazer tudo com o dinheiro do Fundeb, temos que complementar, inclusive a parte da merenda escolar, às vezes o município precisa completar. Sobre a questão do piso salarial, isso não é verdade. Eu quero que eles provem esta informação, porque nós sempre tivemos um carinho muito especial pela educação, temos aqui uma das melhores infraestruturas da educação do país. Vamos construir agora mais três creches e duas escolas. Então aqui, nós damos todas as ferramentas para que o ensino seja de excelência", concluiu.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Acidente envolvendo transporte escolar
Na semana passada, uma estudante que faz o uso do transporte escolar do município de Anguera se acidentou, após a porta do veículo abrir e a mesma ser projetada para fora.
De acordo com o motorista Pedro de Sena, a estudante que não teve o nome divulgado estuda em Feira de Santana e no retorno para Anguera, ocorreu o acidente.
"Ela estuda em Feira de Santana no colégio Ceteb, na volta para casa, ela pegou outro transporte para a zona rural onde mora. Nesse outro transporte, aqueles amarelos, quando o carro estava fazendo o retorno em uma rotatória, a porta que estava quebrada, abriu e ela caiu do ônibus. O motorista na hora ficou em pânico, todo mundo se juntou para dar o socorro, e o ônibus foi recolhido para o pátio. Infelizmente é um descaso e pelo que conversei com a própria estudante, ela informou por telefone que até o presente momento, ninguém deu assistência e me coloquei à disposição do que pudesse ajudar", afirmou.
Segundo o sindicalista, Paulo Sérgio, um relatório sobre a atual situação dos veículos já tinha sido enviada ao poder municipal, para que alguma ação de prevenção, pudesse ser feita, o que não ocorreu.
"A gente fez um relatório aqui da situação do transporte escolar que está em estado de sucateamento, falta de manutenção, no entanto, pelo acidente que aconteceu, não houve providência nenhuma por parte da gestão. Continua com os carros sucateados e fica o questionamento, o que está sendo feito com tanto recurso? Por isso que hoje estamos aqui cobrando a transparência das prestações de conta", disse.
Com relação ao acidente envolvendo a estudante, o prefeito Mauro Viera, explicou que toda a assistência está sendo dada.
"Realmente aconteceu um acidente, e acidente acontece o tempo todo. O ônibus pode bater, pode capotar e a porta do ônibus abriu e a menina caiu. Ela teve o atendimento, fizemos a regulação em tempo recorde, estava no Hospital Geral Clériston Andrade (HGCA), mas já está em casa, está bem", concluiu.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade