Feira de Santana

Professora que atende alunos com deficiência ressalta a necessidade de profissionais especializados na educação inclusiva

Todos os estudantes, com ou sem deficiência, possuem a oportunidade de aprenderem e conviverem juntos.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

No último sábado (10), foi comemorado o Dia da Inclusão Social, data que foi instituída no Brasil por meio de decreto do Senado Federal para promover e conscientizar toda a sociedade sobre a importância dos direitos humanos e sua efetividade.

A professora e proprietária de uma escola particular no bairro Conceição I, em Feira de Santana, Maria do Socorro, contou ao Acorda Cidade sobre a importância do olhar cuidadoso sobre contextos educacionais diversificados.

“Temos em torno de 13 crianças com deficiências diversificadas, temos autista, temos crianças com deficiência mental leve, temos criança com Síndrome de Down e também crianças com deficiência física. A idade delas variam de 3 a 12 anos,” afirmou.

A escola que acolhe um total de 323 alunos, funciona no período da manhã e da tarde. E a maioria dos seus professores são mulheres, com filhos, maridos, com obrigações familiares e que por conta de uma ampla demanda não possuem tempo para se especializarem.

“Esse grupo de crianças necessita de uma educação especial e inclusiva, e 90% dos professores que cuidam desse grupo são mulheres que trabalham dois turnos e que não possuem condições para fazer uma formação continuada. E a gente percebe que para incluir precisamos de alguns recursos, a exemplo de terapeutas ocupacionais. Seria necessário para que a gente tivesse uma inclusão de fato e não só uma permissividade do aluno com deficiência, que esses professores tivessem uma formação continuada e que as políticas públicas possibilitassem isso,” contou a professora ao Acorda Cidade.

De acordo com o artigo 58 da LDB, nº 9.394 de dezembro de 1996, entende-se por educação especial, a modalidade de educação escolar, oferecida, preferencialmente, na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.

Já a educação inclusiva reconhece que todas as pessoas são diferentes e precisam aprender, ou seja, não volta-se apenas para a criança com superdotação ou pessoa com deficiência, mas pressupõe todo o processo de escolarização, toda a vida de uma pessoa, visando promover a diversidade entre os indivíduos e buscando uma mudança no meio educacional.

“Temos duas ou três professoras que possuem formação nessa área, temos psicopedagogo, mas como eu disse, acho que todos os professores deveriam ser formados para saberem lidar com essas crianças. A gente sente uma certa resistência de alguns professores quando entra alguma criança com deficiência na sua sala, e já outros professores não, alguns têm mais habilidade, e isso é difícil, porque a gente acaba excluindo dentro da inclusão,” aponta Maria do Socorro.

A educação inclusiva reconhece que no interior das escolas todos são diferentes e todos precisam de uma atenção especial para variadas situações envolvendo a aprendizagem. Como aborda a professora Maria do Socorro.

“Aqui tratamos essas crianças com necessidades especiais específicas igual a outras crianças que também possuem necessidade especiais. Porque todo ser humano é de fato especial e a educação precisa atingir a todos, e quando a gente coloca uma criança com necessidades especiais dentro de uma sala de aula a gente tá dando a possibilidade de outra criança, que não tem a necessidade específica, lidar com o outro. A solidariedade, o respeito e o cuidado aumentam,” ressaltou.

Maria do Socorro informou à Acorda Cidade que a medida que a criança convive com outras, ela se desenvolve.

“Não é só a criança com deficiência que ganha, a criança sem deficiência específica também sai ganhando. Eles estudam junto aos outros, eles participam de capoeira, participam das aulas de ballet, participam de seminários. Toda atividade lúdica, uma viagem ou outra coisa, eles participam igualmente. Sentimos a necessidade que esses alunos convivessem com algum tipo de esporte. Nós temos o Ballet, professor de educação física e a Capoeira. A Capoeira foi inclusa, porque é um esporte nacionalmente conhecido, brasileiro, e que dá a possibilidade da criança desenvolver, além do trabalho físico e motor, uma consciência de como respeitar e lidar com o outro”, destacou.

Todos têm o direito a uma educação inclusiva que trabalhe com todas as diferenças e que permita que todas as pessoas tenham o direito a aprender.

Segundo relata a professora, esta escola é tida como a que mais recebe crianças com necessidades especiais e específicas na região.

“Tenho aqui uma criança que possui uma necessidade física, ele joga bola com os outros, apesar de possuir um membro inferior maior do que a outra. Tenho também uma criança que andava com andador e hoje ela já anda com aparelho, e eles participam da capoeira, participam de qualquer atividade, agora pouco eles estavam empinando pipa no segundo andar,” apontou a professora Maria do Socorro.

Ainda de acordo com a proprietária da escola, os maiores resultados que percebe com o trabalho feito na escola, são as retribuições que os alunos apresentam com a melhora no desenvolvimento à medida que participam e interagem com as atividades propostas.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

Siga o Acorda Cidade no Google Notícias e receba os principais destaques do dia. Participe também dos nossos grupos no WhatsApp e Telegram

Inscrever-se
Notificar de
12 Comentários
mais recentes
mais antigos Mais votado
Feedbacks embutidos
Ver todos os comentários