Daniela Cardoso
Em meio há várias reclamações sobre a falta de merenda e falta de estrutura e professores em diversas escolas da rede municipal de Feira de Santana, neste início de ano letivo, a professoram Ana Cristina Passos Souza, diretora da pré-escola Marina Carvalho, localizada no bairro Subaé, esteve no programa Acorda Cidade e falou sobre os desafios da educação e da função dirigir uma escola.
“A responsabilidade da gente é muita. Temos que lidar com a parte administrativa, financeira, pedagógica, administrar conflito de pai de aluno com professor, com funcionário, então a gente tem uma responsabilidade muito grande. As pessoas acham que o diretor não faz nada na escola”, declarou.
Segundo a diretora, o maior desafio atualmente das escolas é com relação a família. Ela destaca que muitos pais passam a responsabilidade de educar os filhos para a escola.
“Falta cuidado da família com esse aluno. Os alunos são jogados a própria sorte, muitos jogam para a escola a responsabilidade, que são deles, de educar os filhos. Os alunos não respeitam o pai e não obedecem ao professor, não seguem as regras, não tem limites. Ele não estuda, pois não tem quem cobre”, afirmou.
Os problemas estruturais dos prédios escolares também é outro problema para a educação, segundo relatou a diretora. Ela afirma que muitas escolas da rede municipal estão passando por reforma e estão com ótimas estruturas. Porém, muitas ainda enfrentam dificuldades.
“As escolas do município hoje, que estão sendo reformadas, estão com cara de escolas particulares, dotadas de lousa digital, caixa de som. Então a estrutura melhorou muito. Mas em compensação as que ainda não foram reformadas, estão com algumas dificuldades sim”, admitiu.
Os processos burocráticos para compra de materiais básicos também interferem no dia a dia das escolas municipais. A diretora disse entender essas questões e afirmou que muitos diretores se esforçam para driblar esses problemas, muitas vezes tirando dinheiro do próprio bolso.
“Estamos sem recarga de toner desde o ano passado que a licitação venceu. No ano passado tivemos problemas com material de limpeza, mas isso não impactou a escola. Tem escola que a diretora conseguiu freezer através de doação de empresário, conseguiu brinquedos pra brinquedoteca, então há um esforço grande por parte de alguns diretores. Além disso, tem escolas que foram inauguradas no final do passado e não têm verba ainda, pois é preciso criar uma unidade executora, abrir uma conta para receber o dinheiro do MEC (Ministério da Educação). Essas escolas estão sendo custeadas pela secretaria de Educação”, disse.
A professora Ana Cristina Passos explicou que as escolas recebem verba federal de custeio de capital e que houve a orientação da secretaria de Educação que as direções das escolas não comprassem material de limpeza, já que a própria secretaria fornece. Porém, segundo ela, no caso de alguma falta as direções compram.
“Eu recebo por ano R$ 3.700 para manter a escola que administro durante o ano. Esse valor é divido em duas parcelas, que não tem data certa para receber. Por isso às vezes faltam alguns materiais e não tem como comprar”, relatou durante a entrevista.
A diretora da escola ainda citou como dificuldade a qualidade do material recebido pelas escolas através de licitações. Ela destaca que não é possível colocar marca de produto em licitação e por isso vence sempre a empresa que oferece menor preço.
“Licitação não pode colocar marca. Se coloca o produto e vence aquele que tem o menor preço, então a gente recebe coisas que não são de qualidade. Mas é melhor do que não ter”, disse.
Licitação para merenda escolar
Sobre a falta de merenda escolar e carteiras no início desse ano letivo, a diretora Ana Cristina Passos, destacou que cabia a prefeitura fazer a licitação com tempo hábil para que no dia que começassem as aulas já estar com tudo pronto.
Árvore caída em frente a escola
Uma árvore caiu na quarta-feira (6), durante as chuvas, na frente da pré-escola Marina Carvalho e até o momento ainda não foi retirada. Segundo a diretora, o problema já foi informado, mas devido a burocracia a árvore ainda não foi retirada.
“Imediatamente liguei para o secretário de Serviços Públicos Justiniano Costa, pedindo providências e ele me disse que eu tinha que pedir autorização à secretaria do Meio Ambiente. Assim eu fiz, encaminhei e pedi também a poda das outras árvores que estão em eminência de cair e estão atrapalhando a fiação. A secretaria de Meio Ambiente mandou o pessoal para fazer o relatório na última sexta e ontem estive na secretaria, peguei o relatório e levei pessoalmente a pasta de Serviços Públicos pedindo as providências urgentes. Já acionei os órgãos competentes, mas a burocracia deles que está demorando”.
Problemas com cooperados
Outro problema abordado pela diretora da pré-escola Marina Carvalho, é com os cooperados. Segundo ela, muitos não seguem as regras e não desempenham as funções para as quais foram contratados.
“Estamos tendo vários problemas com cooperados em muitas escolas, pois eles são mandados por vereadores. Eles desrespeitam a diretora, não seguem as regras, não querem cumprir as funções para qual eles foram contratados. As diretoras devolvem para a secretaria de Educação, eles são relocados para outras escolas e o problema vai circulando, pois eles não são demitidos. Eles são indicados pelos vereadores, o emprego foi dado, mas precisam cumprir com as obrigações. Além disso, a diretora é a autoridade dentro da escola”, destacou.
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