Com o avanço das tecnologias e as interações interpessoais cada vez mais digitais, o mundo está se transformando e mudando o dia a dia das pessoas. Toda essa globalização acaba afetando as crianças e adolescentes que ainda estão aprendendo o que é viver. Apesar das inovações, há uma certeza que não vai passar nunca que é o aprendizado e desenvolvimento dos pequenos através da brincadeira.
Ao Acorda Cidade, a psicóloga Jamile dos Anjos falou mais sobre a integração das atividades lúdicas, através dos brinquedos, que permitem a estimulação e o desenvolvimentos das crianças.
“Apresentar brinquedos que vão permitir a estimulação do desenvolvimento, que a gente permitir extrapolar uma relação passiva, para que a criança explore os brinquedos e se sinta convidada, motivada a brincar e interagir , com brinquedos que mexam na coordenação motora, na parte cognitiva e principalmente com as relações”, pontuou.
O brinquedo é um grande aliado no desenvolvimento dos pequenos e o brincar se faz fundamental para uma infância mais saudável. Para Jamile, ele vai resgatar o espaço da infância, contribuindo com uma rotina mais alegre, divertida, descontraída, com muito mais interação e movimento.
“A criança precisa ser estimulada para avançar e evoluir dentro do desenvolvimento dela, na parte da linguagem, na parte cognitiva, na coordenação motora e quando eu ofereço brinquedos que vão desafiar, estimular, levando a sair da zona de conforto e se movimentar, arriscando errar e aprender com as regras, tudo isso traz oportunidade de aprendizado”, enfatizou em entrevista ao Acorda Cidade.
Diante de problemas que já afetam a população mundial, como a obesidade, a depressão e outras doenças que podem ser agravadas com uso constante das telas, ensinar as crianças a usar responsavelmente é o primeiro passo que as crianças podem aprender para romperem com essa lógica dependente e adoecedora.
“Vários estudos científicos vêm comprovando que o uso excessivo de telas por crianças e adolescentes têm levado ao adoecimento sérios e graves, do ponto de vista da saúde mental como depressão, ansiedade, síndrome do pânico e também do ponto de vista físico, tem tido as consequências de uma geração que está a cada dia mais adoecida e sim as telas estão sendo protagonistas, mas elas não são sozinhas, a gente oferece às crianças. Mas a gente precisa saber fazer o uso dessa tecnologia de maneira equilibrada”, colocou.
Correr, ler, pular, brincar de caça ao tesouro, esconde-esconde, pega-pega, pula corda, são atividades lúdicas que não necessariamente envolve os brinquedos, mas estão ligadas a interação entre as crianças e que inclusive, os adultos podem participar. Para estimular o desenvolvimento cognitivo e sentimental é imprescindível que os pais brinquem com as crianças para fazerem parte também desse momento de diversão.
“O limite é necessário, crianças e adolescentes precisam de limites para se desenvolver, não no sentido da gente ficar brigando, sendo autoritário, mas mostrando aquilo que é possível, o que não é, porque mais a frente ele vai precisar daquele juízo de valor, esse olhar crítico para outras situações”, afirmou.
Segundo a psicóloga, para evitar a dependência da vida virtual, os pais não devem resumir o controle ao tempo de uso, mas ajudar as crianças a refletirem sobre o momento de usar, orientando elas a estabelecerem prioridades.
“As crianças não estão sabendo lidar com as diferenças, com a convivência, porque no virtual se escolhe o que fazer e na realidade, você tem que conviver de fato para se desenvolver é preciso saber ouvir, respeitar e também saber se impor, saber colocar a sua opinião”, disse.
Para Jamile, por conta das redes sociais e das dinâmicas da sociedade, as pessoas continuam intolerantes ao que é diferente ou a aquilo que não corresponde com suas expectativas e se não ensinarmos as crianças a conviver no mundo real, no futuro elas também serão prejudicadas pelas ‘falsas’ interações.
“Quando a gente pensa que existem duas sociedades paralelas, a virtual, que eu posso deixar de seguir e expor o outro apenas pelo meu ponto de vista, uma vez que é só compartilhar e não tem muitas regras de como utilizar, não tem tantos limites e as crianças não têm maturidade para utilizar isso, mas já estão usando desde de muito cedo, ela acaba trazendo isso para a sociedade real e nessa realidade, o cancelamento, a exclusão, o dizer sem pensar no impacto disso para o outro, estar disposto e saber ouvir a crítica que o outro traz, tem ficado bastante em falha”, explicou.
A psicóloga deixa uma reflexão, não apenas para pensarmos no âmbito das crianças, mas das relações entre todas as pessoas.
“Quantas relações estão adoecidas? Quantos de nós estamos tendo dificuldades de lidar com questões no trabalho? Com situações de convivência em casa? Justamente porque estamos muito mais mergulhados nas telas, do que de fato encarando, olhando no olho do outro que convive comigo, sentindo o que ele sente, para se preocupar com o que ele se preocupa e cuidar. Para falar de relações é preciso falar de afeto”, afirmou.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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