Países como Holanda, Itália, Finlândia e França estão buscando restringir o uso de celulares e tablets no ambiente escolar com o intuito de promover um aprendizado de maior qualidade. Estudos comprovam que o uso das telas está causando dispersão e prejudicando o ensino acadêmico dos alunos.
De acordo com o Relatório Global de Monitoramento da Educação 2023, divulgado pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), um em cada quatro países do mundo têm leis que proíbem o uso de celulares nas escolas. Ainda segundo o estudo, o ensino online foi algo positivo porque proporcionou a educação durante o isolamento social da covid-19.
Ao Acorda Cidade, a psicóloga, Késia Leite Moraes, falou sobre a importância da família na regulação do uso das redes sociais e do tempo gasto em aparelhos digitais.
“A família é a primeira instituição em que a criança faz parte. É o espaço onde elas aprendem os valores morais, os princípios éticos e familiares, um local de amor e acolhimento e por sua vez a escola fornece o alicerce para sua vida acadêmica intelectual e ela tem a função de promover as suas competências e habilidades sócios emocionais em conjunto com as práticas de solidariedade e altruísmo. Essas instituições precisam desenvolver uma parceria. Essa relação de confiança é amistosa, pois quando a criança sente que a família e a escola tem um objetivo em comum e tem uma boa relação, ela se sente apoiada”, explicou.
Para Késia, algumas atitudes devem ser tomadas pelos pais, pois ajudam na aproximação entre a família e a criança, assim como, colaboram com uma melhor aprendizagem na sala de aula.
- Construir uma rotina domiciliar juntos;
- Ter uma rotina de estudo;
- Investir em momentos de família, mesmo percebendo que a carga de trabalho dificulta isso, encontrar uma forma para praticar esse acolhimento no dia a dia;
- Realizar pelo menos uma refeição juntos;
- Trazer o acolhimento e o vínculo afetivo com a família, conversar sobre o dia, ideias e sentimentos;
- Acompanhar diariamente as atividades da escola, isso é muito importante, porque os pais podem observar melhor o que a criança conseguiu aprender e o que ela precisa melhorar e entrar em contato com a escola;
- Participar das reuniões escolares e reforçar positivamente os acertos desse jovem e quando por ventura eles cometerem alguma falha, buscar entender o que aconteceu e buscar soluções.
A profissional pontuou alguns desafios enfrentados pelos pais e pelas escolas.
“A rotina, o excesso de trabalho, a falta de tempo dos pais poderem estar mais presentes na escola, isso é uma característica da nossa sociedade e o uso de telas em excesso, é uma questão que gera alguns conflitos. Quando os pais não puderem comparecer na reunião, marcar um um outro momento para conversar com o professor; controlar o uso das telas em casa. Nós sabemos que tecnologia chegou e que precisamos fazer o uso delas, mas eu preciso fazer o uso controlado dentro do limites para que não venha prejudicar o aprendizado dessas crianças”, informou a psicóloga ao Acorda Cidade.
Segundo a psicóloga, o uso de telas pode afetar o desenvolvimento social, emocional, cognitivo. Ela explicou os sinais que podem ser percebidos nas crianças e adolescentes pelo uso constante das telas.
“Insônia à noite, sonolência durante o dia, dispersão em sala de aula, atrasos na fala, não consegue formular respostas, curtas e objetivas, impaciência, sintomas de ansiedade e muitas vezes até ansiedade”, disse.
Ela aponta que, no âmbito social e emocional, outros sintomas também podem ser percebidos.
“Prefere brincar sozinha, gosta de ficar no quarto buscando o isolamento, não quer mais contato com os familiares. No emocional, irritabilidade, sintomas de ansiedade, intolerância à frustração, uma coisa que vem chamando atenção em crianças, humor deprimido, baixa auto estima e dependência digital”, destacou a profissional em entrevista ao Acorda Cidade.
Para conseguir reduzir o tempo de uso das telas, Késia diz que é necessário entender a funcionalidade da tela, filtrando o que as crianças irão usar. Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, crianças de até dois anos não devem utilizar aparelhos digitais, a partir dos dois até os cinco, uma hora por dia, de seis a dez, duas horas e acima de 11, três horas por dia, mas é importante fracionar esse tempo.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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