Rachel Pinto
Pais de alunos do Colégio Helyos, em Feira de Santana, realizaram uma manifestação na manhã desta segunda-feira (19), em frente à escola, para pedir a volta às aulas através do ensino híbrido. Com cartazes e carro de som, eles alegam que o colégio não dialogou com as famílias para o retorno às aulas e emitiu comunicados através de e-mails de redes sociais, informando que as aulas continuarão em formato online, com atividades presenciais optativas de vivência e convivência no turno oposto. Apenas os alunos da educação infantil retornam ao modelo presencial.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
A empresária Cecília Rolin que tem dois filhos de 9 e 12 anos estudando no colégio, disse ao Acorda Cidade que os pais querem ser ouvidos pela escola. Segundo ela, há uma insatisfação com o modelo apresentando pela instituição de ensino.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
"Nós queremos entender alguns motivos de como isso foi feito e queremos mostrar que a gente precisa do retorno urgente. Nesse momento, o colégio entendeu que pedagogicamente é mais proveitoso manter as aulas online para todos os alunos, porque eles acreditam que alguns não querem o retorno e então para não prejudicar os que não querem, eles querem igualar e deixar todo mundo com as aulas online até o final do ano. Mas, no contraturno oferecem aulas de convivência, vivência de matemática, linguagens e ciências. Só que a gente ainda não sabe como isso vai acontecer. Não tem data marcada e é por isso que a gente está aqui hoje. Queremos o retorno híbrido seguro, como foi autorizado pelo decreto municipal que saiu na última segunda-feira (12)”, declarou.
Cecília frisou também que no ano de 2020, o Colégio Helyos entendendo que não seria possível dar aulas online para a educação infantil suspendeu os contratos. Nesse momento, com a possibilidade de retorno, avaliaram que é possível voltar a educação infantil com aulas presenciais. Dessa forma, decidiram reativar os contratos e receber estas crianças para as aulas presenciais. Os demais alunos continuam estudando em formato online.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Todos os outros alunos que continuaram pagando a escola, ao longo de todo o período da pandemia, vão continuar com esse modelo de aulas online e que em muito difere ao que a gente contratou. Então, por conta disso a gente quer mais da escola, que a escola ofereça mais como outras escolas da cidade vem fazendo, e principalmente, como é o modelo que vem sendo adotado em todo o Brasil durante a pandemia", enfatizou.
A dentista Anaelta Dória, que também tem uma filha que estuda no colégio, opinou que os alunos ao ficarem muito tempo sem as aulas presenciais estão apresentando prejuízos físicos e emocionais. Para ela, o Helyos precisa seguir os decretos municipal e estadual e retornar ao ensino presencial para todos os alunos.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“Os alunos tiveram prejuízo emocional, o prejuízo físico de ficar o tempo todo olhando as telas, assistindo vídeos, tendo que responder as atividades. Tudo isso prejudica a visão e esse isolamento forçado prejudica o emocional das crianças. Há muitas crianças fazendo terapia, muitas crianças em psiquiatras. O estado já liberou, o município já liberou e então não vai ser o Helyos que vai manter aulas 100% online. Qual a justificativa de colocarem educação infantil 100% presencial? Educação infantil que as crianças não têm a mesma consciência dos maiores e os maiores querendo manter 100% online? A escola tem que investir em transmissão simultânea, é isso que a gente quer. A gente não quer deixar nossos filhos em casa para se livrar do trabalho, não é isso, a gente está preocupado com a saúde física e emocional dos nossos filhos”, pontuou.
Com um filho cursando o 3º ano do ensino médio no Colégio Helyos, Simone Casele, relatou ao Acorda Cidade que até o momento não houve nenhum diálogo presencial entre os pais e a direção do colégio sobre o retorno às aulas. Ela disse que os pais querem uma resposta sobre o assunto.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“A mensalidade para a série do meu filho é R$3.100. Só houve redução no pagamento enquanto houve uma lei estadual de redução que foi no ano passado, nos meses de agosto até dezembro. Esse ano estamos pagando integralmente, enquanto outros colégios da cidade mantiveram o desconto. No momento não houve nenhum tipo de conversa com os pais em relação a esse retorno, e não houve nenhum tipo de argumentação do colégio presencialmente. Só informativos através de e-mails e redes sociais. Pretendemos conversar com a direção da escola para que a gente atinja o nosso objetivo. Que as aulas presenciais sejam optativas para os pais que queiram mandar os filhos e com isso a gente obter o retorno do ensino de uma forma melhor”, acrescentou.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
O médico George Neves também estava presente na manifestação de pais de alunos do Colégio Helyos e frisou que o objetivo do protesto não é impor nada e nem pedir que os filhos sejam colocados em uma sala de aula de qualquer jeito. Segundo ele, os pais querem do colégio um planejamento do retorno às aulas. Na opinião de George, a instituição não se programou para a realidade da pandemia.
“Não foram instaladas câmeras nas salas de aulas para acompanhar as aulas tanto presenciais quanto online para dar essa opção aos pais. Por exemplo, existem, hoje, sensores para lavatórios, bebedouros, instalação de álcool em gel e nada foi feito. A única coisa que foi proposta foi uma praça que está atrás do colégio que não tem banheiro, não tem local para sentar e é como se fosse uma quadra sem nada, como se fosse um centro de convivência. Mas, como é que se pode conviver em um lugar que não tem nada? Não tem cadeira, nem nada. O que a gente quer do colégio é um plano de retorno às aulas”, comentou.
George contou ainda que tem dois filhos estudando no colégio, também estudou na instituição e fez parte da primeira turma que se formou no Helyos.
“Fico muito triste que o colégio, sempre, desde quando eu era estudante ouvia a gente. Sempre atendeu aos nossos anseios como estudantes e como pais e agora nem abriu a porta para nos ouvir”, ressaltou.
Para o médico, o retorno presencial é muito importante para o desenvolvimento das crianças, especialmente no âmbito psicológico.
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade
“A gente precisa ter um plano de retorno às atividades. Um retorno para que elas consigam ter o desenvolvimento social e estudantil”, concluiu.
A reportagem do Acorda Cidade tentou falar com a direção do Colégio Helyos, mas a instituição estava fechada.
O protesto dos pais foi finalizado e não apareceu ninguém da direção para conversar com os pais.
O Colégio Helyos emitiu uma circular para esclarecer seu posicionamento de manter as aulas online e no documento consta que a instituição de ensino entende a necessidade de convivência e interação para os jovens e as crianças, sobretudo à saúde emocional, mas que todos os cuidados e protocolos ainda precisam ser cumpridos com atenção. No documento o colégio apresenta o seu cronograma de retorno às aulas, dividido por séries.
Veja abaixo:
PROGRAMA DE RETORNO GRADUAL ÀS ATIVIDADES ESCOLARES PRESENCIAIS
Srs. Pais / Responsáveis, Quando foi anunciada a suspensão das aulas presenciais, no dia 17/03/20, ninguém poderia imaginar que permaneceríamos por tanto tempo sem poder receber nossos alunos no Colégio. Desde o fechamento, em março de 2020 até os dias atuais, o cenário pandêmico vem passando por oscilações que ora causam insegurança, ora alimentam nossa esperança por dias melhores.
Atualmente, a Bahia registra pela primeira vez desde março de 2021 o menor número de pacientes internados em leitos de UTI para Covid SESAB(saude.ba.gov.br/2021/07/12). Em nossa cidade, embora a situação ainda exija cuidados, a ocupação dos leitos de UTI segue a mesma tendência. No último dia 12/07, a prefeitura publicou no Diário Oficial do município a liberação para retorno às aulas semipresenciais. Entendemos que a necessidade de convivência e interação para os jovens e as crianças é imprescindível, sobretudo à saúde emocional. Entretanto, todos os cuidados e protocolos ainda precisam ser cumpridos com atenção.
Nesta perspectiva, o programa de retorno gradual foi pensado de forma cuidadosa para todos os segmentos:
1- Na Educação Infantil e no 1° ano – FI (classes onde não ocorreram aulas on-line em acordo com nossas premissas pedagógicas), as aulas ocorrerão somente no modelo presencial.
2- 2- Do 2º ano (FI) ao 3º ano (EM) continuaremos com o nosso trabalho on-line, seguindo os cronogramas e horários referentes a cada série. Entretanto, reconhecemos a necessidade de restabelecer o convívio entre alunos e professores no ambiente escolar. As atividades presenciais serão OPCIONAIS, no contraturno, desenvolvidas através de vivências nas diferentes áreas do conhecimento (práticas de leitura e escrita, jogos de raciocínio, desafios matemáticos, entre outras), e não comprometerão aqueles alunos que as famílias desejarem o não retorno à escola.
O cronograma com datas e horários para inscrição será enviado após a devolução do formulário com a confirmação dos estudantes que participarão das atividades presenciais. Solicitamos aos senhores o preenchimento e envio do formulário abaixo até a próxima segunda-feira, dia 19/07. Um novo espaço também foi planejado para promover atividades pedagógicas e recreativas. A Pracinha Verde concentrará pequenos grupos em ações planejadas para oportunizar a convivência de alunos, familiares e professores. A temática Viver e Conviver permeará esses encontros. O espaço será inaugurado nas comemorações do Dia dos Pais com as turmas do 2° ao 5° ano (FI). Estamos muito felizes pelo retorno dos nossos estudantes ao Colégio. Continuamos contando com a compreensão e colaboração dos senhores. Sejam bem-vindos!
Atenciosamente, A Direção e Coordenação
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.