Feira de Santana

Mães protestam por melhorias em escola municipal: “Temos escola, mas não temos professores, auxiliares, fardamento, equipamento”

Falta de funcionários, materiais e estrutura elétrica precária motivam mobilização de mães no bairro Santo Antônio dos Prazeres.

Manifestação na Escola Municipal Vereador Antônio Carlos Coelho
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Uma mobilização organizada por mães de alunos na manhã desta sexta-feira (11), chamou atenção para diversos problemas na Escola Municipal Vereador Antônio Carlos Coelho, no bairro Santo Antônio dos Prazeres, em Feira de Santana. Entre os principais pontos levantados estão a falta de professores, auxiliares para crianças com deficiência, falta de fardamento, materiais de limpeza, cadeiras novas e vistoria na parte elétrica do prédio.

Com cartazes na entrada da escola, as mães pediram atenção da Secretaria de Educação do município. Segundo elas, desde de que começou o ano letivo, dia 6 de fevereiro, às crianças assistem aulas incompletas, totalmente sem a devida estrutura.

Manifestação na Escola Municipal Vereador Antônio Carlos Coelho
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Edneia, uma das mães presentes, reforçou que a situação está sendo insustentável, especialmente para alunos com deficiência.

“Resolvemos nos unir, unir força para buscar o direito dessas crianças, que até então, que começaram as aulas, não vem sendo oferecidas. Falta muitas coisas. Falta os funcionários de limpeza, que por esse motivo as aulas estão sendo liberadas 10h, 10h30, porque não tem funcionário de limpeza suficiente para ir até o horário devido que seria 11h50”, contou Edneia de Jesus Azevedo, mãe atípica.

Segundo ela, o quadro de limpeza está reduzido. São apenas dois funcionários, distribuídos em cada turno para limpar 10 salas.

A falta de intérpretes de libras também tem atrapalhado a vida das crianças, mas também dos professores que não tem esse suporte para seguir com aulas. Com um número de mais 40 crianças com Transtorno do Espectro Autista, há apenas três auxiliares para atender a demanda.

A moradora Maria José Santos Moreira também participou do protesto. Ela é mãe de um aluno de 9 anos.

Tailane dos Santos Souza, mãe da pequena Sara Vitória, de 7 anos, destacou os atrasos de salário e a pressão sobre os trabalhadores da unidade escolar. “Por falta de pagamento, por esse motivo ontem não teve aula, falta de funcionário. Quando eles paralisam, eles ameaçam o funcionário, falando que vai demitir. Isso está errado e ninguém vai trabalhar de graça”, contou a mãe.

Manifestação na Escola Municipal Vereador Antônio Carlos Coelho
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Para Ana Elza Brito, mãe de Alice, também de 7 anos, os horários reduzidos também prejudicam as famílias que têm mais de um filho em escolas diferentes.

“Aqui só está 10h30, nas outras escolas só está 11h, 12h, e a gente tem que dar duas viagens. É muito cansativo para a gente.”

Maiane Oliveira dos Santos, mãe da aluna Valerie, de 9 anos, disse que já teve outros filhos que estudaram na unidade, mas nunca viu a escola passar por uma situação tão crítica. “Essa é a primeira vez que acontece isso. Os professores, os porteiros e os funcionários de limpeza, estão trabalhando sem receber”, afirmou. Ela ainda apontou problemas de infraestrutura que colocam em risco a segurança dos estudantes e funcionários.

“Tem a vistoria elétrica também, que há mais de dois anos está sem vim, ninguém ia olhar aqui. Os professores ficam com medo até de ligar os ar-condicionado na sala por conta disso, porque tem medo até de pegar fogo na escola. As carteiras estão vencidas há anos também. Tem salas de aula que estão com as cadeiras quebradas e também falta de professores, porque cada professor tem que se virar em quatro, cinco, seis matérias de uma vez para poder continuar dando aula para os alunos”, completou Maiene.

O que diz a Secretaria de Educação

Diante das reivindicações, o secretário de Educação e vice-prefeito da cidade, Pablo Roberto, esteve em frente à escola nesta manhã para prestar explicações às mães responsáveis pela mobilização. Ele afirmou que desde que assumiu a pasta há quatro meses, 50 escolas passaram por manutenção e outras 50 devem receber o serviço em breve.

Sobre a falta de professores, ele garantiu que o processo de convocação para completar um quadro de 300 novos docentes já está em andamento. “Desde a semana passada nós já estamos tratando desse assunto com muita seriedade e com a convocação dos novos professores. Vamos concluir esse processo na próxima semana”.

Manifestação na Escola Municipal Vereador Antônio Carlos Coelho
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Pablo disse que a demanda por auxiliares também deve ser resolvida nos próximos dias, quando será concluído o processo de licitação. A respeito do transporte escolar, o secretário reconheceu o problema e disse que está em diálogo com o departamento responsável para poder ajustar.

Outros pontos, como mobiliário escolar e estrutura elétrica, também estão no radar da Secretaria, segundo o vice-prefeito.

“Falaram também da falta de carteiras, nós já compramos, vai chegar aqui também. Então todas essas pautas, estamos enfrentando com bastante seriedade e responsabilidade desde o início do governo. Estamos completando 100 dias, completamos ontem. Muito trabalho foi feito, mas vamos continuar dialogando, visitando as escolas, conversando com pais, com responsáveis, com o objetivo de melhorar cada dia a qualidade da educação em nossa cidade”, declarou Pablo Roberto em entrevista ao Acorda Cidade.

O secretário de Educação também destacou o principal gargalo atual da rede municipal de educação, que segundo ele, tem sido a estrutura das escolas.

“A nossa dificuldade hoje é realmente estrutural. Muitas escolas com ar-condicionado que não podem ligar porque não foi feita a adequação na rede elétrica. Muitas escolas até têm o ar-condicionado na parede, mas não podem ligar porque a carga não suporta. Então é um problema com a temperatura, com o calor, que realmente tem causado um desconforto muito grande”, explicou.

Pablo Roberto ainda afirmou que conversou com as mães e garantiu que em breve virão as soluções. Ele disse que com diálogo, elas entenderam a situação.

“A falta de professor até a semana que vem nós vamos conseguir suprir, o transporte escolar também. Elas colocaram também aqui uma questão que tem nos preocupado muito, que é a falta do monitor nos ônibus. Nós temos aproximadamente 165 ônibus que fazem o transporte escolar e nenhum deles tem o monitor dentro do ônibus. Vamos também, dentro de pouco tempo, conseguir apresentar uma alternativa para isso”, completou o secretário.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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