Laiane Cruz
Estudantes, pais e professores de escolas estaduais protestaram na tarde desta quarta-feira (16) em frente ao Núcleo Territorial de Educação (NTE) contra o processo de municipalização de algumas unidades escolares de Feira de Santana.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
Segundo a presidente da APLB-sindicato dos professores, Marlede Oliveira, uma reunião com a diretora do NTE, Celinalva Paim, estava marcada para hoje no órgão, porém foi desmarcada. Ela informou que a manifestação teve como objetivo saber uma resposta do governo sobre o fechamento de algumas escolas.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
“Nós da APLB e nem as escolas receberam nenhum comunicado de que estaria desmarcada a reunião com a SEC para discutir sobre o fechamento de várias escolas em Feira, que vai acabar o ensino médio e os bairros deixarão de ser atendidos. As escolas são a Edelvira Oliveira, o Agostinho Fróes da Mota, o Severino Soares, na Gabriela, então são várias escolas que estão sendo municipalizadas. Algumas podem ser, pois são do ensino fundamental, mas outras não, pois ofertam o ensino médio, como no caso das escolas da Queimadinha, que se fecha o ensino médio, as crianças terão que estudar mais longe. As famílias estão passando necessidade. O governo está todo errado. E o sindicato está apoiando os estudantes e os pais”, afirmou Marlede Oliveira.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
O vereador Jonathas Monteiro, que é da Comissão de Educação e Cultura da Câmara Municipal, salientou que na terça-feira da semana passada houve uma reunião no Núcleo de Educação com a diretora, professora Celinalva Paim, que contou com a representação de algumas escolas e o sindicato.
“Nessa reunião foi marcada uma para o dia de hoje para tratar desse assunto com representantes do governo. Essa reunião foi cancelada ontem, recebemos essa informação por telefone, mas as escolas resolveram manter o protesto hoje até para chamar a atenção para esse problema, a questão da urgência, para que se resolva mais rápido, porque do contrário isso pode prejudicar milhares de estudantes da rede estadual de Feira de Santana, porque as aulas já começaram e aquilo que o governo estadual tem apontado através da Secretaria de Educação é simplesmente transferir esses estudantes para outras escolas à revelia das famílias e do desejo de quem estuda”, informou.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
Jonathas Monteiro apontou diversos problemas que podem acontecer com a retirada do ensino médio de algumas instituições em determinados bairros.
“Algumas instituições que oferecem o ensino médio são as únicas da sua comunidade, é o caso do Colégio Estadual Edelvira de Oliveira, que é a única da Queimadinha, que tem cerca de 20 mil habitantes. A ideia era que essa reunião revertesse esses problemas. Primeiro reverter os casos em que não há fundamento legal para municipalizar. As escolas do ensino médio não podem ser municipalizadas. A Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) desde os anos 90 prevê a municipalização, ou seja, passar para o controle da prefeitura aquelas escolas do estado que oferecem turmas do ensino fundamental até o 9º ano. Agora não se pode pegar uma escola como o Agostinho Fróes da Mota, que oferece ensino médio e municipalizar. Segundo tem o problema da falta de diálogo e terceiro não tem um diagnóstico dessas escolas com o território, a comunidade que elas atendem. Esses pontos precisam ser revistos”, pontuou.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
O vereador salientou também que quando se tira um aluno do ensino médio de estudar perto de casa, tem que considerar se a família tem condição de bancar o transporte para outro local, pois muitas famílias não têm. Outra questão, segundo ele, é a violência.
“Tem que considerar os problemas de violência, que não são poucos, pois a depender de onde o estudante é, ele não pode transitar com tanta tranquilidade em outros bairros. Nós vivemos em um cenário aqui em Feira de Santana que a disputa que existe entre determinados grupos associados ao tráfico tem impacto na juventude. Terceiro, a gente precisa considerar se aquela comunidade pode perder a única oferta do ensino médio, para aquele estudante que é trabalhador e só pode estudar à noite, todas as situações precisam ser consideradas. E o prejuízo é muito grande se as escolas forem municipalizadas de qualquer jeito. Porque se for assim, é um ataque ao direto à educação das pessoas”, declarou Monteiro.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.