Uma pesquisa realizada em setembro deste ano, com o apoio da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), ouviu mais de 16 mil jovens sobre diversos temas como saúde, educação, trabalho, democracia e redução das desigualdades.
Nessa pesquisa foi observado um impacto persistente na saúde mental desses jovens: 63% relataram ansiedade e 47% pediram acompanhamento psicológico na saúde pública.
A pandemia impactou fortemente a saúde mental de jovens: seis a cada dez participantes da pesquisa passou ou vem passando por ansiedade nos últimos seis meses e metade sente cansaço e exaustão frequentes como efeitos da pandemia, como contou ao Acorda Cidade a coordenadora pedagógica da Escola Castro Alves, de Feira de Santana, Liliane Lopes.
“Percebemos muita ansiedade, principalmente depois desses dois anos pandêmicos, os alunos retornaram para a escola muito ansiosos, inseguros, nervosos, inclusive para realizar as avaliações da própria escola. E nós percebemos como isso tem atrapalhado o rendimento deles,” informou.
Conforme explicou a psicóloga Késia Moraes ao Acorda Cidade, a ansiedade é um sentimento natural, que todo ser humano possui, mas torna-se disfuncional quando começa a interferir de forma negativa na vida do jovem. E esse sentimento é muito comum surgir em processos seletivos como o Enem.
“Hoje os jovens estão expostos a diversos estímulos, coisas que há 10, 15, 20 anos não existiam. Existe a pressão em relação aos estudos, na escola, na faculdade, as questões familiares, o desejo de ser aceito em grupos. Todas essas questões e outros fatores influenciam no desenvolvimento da ansiedade disfuncional. Quando o aluno está se preparando para o Enem, mas na véspera da prova ele começa a sentir sintomas físicos como dor de cabeça, enjoo, cólicas…, e ele começa a pensar se vai fazer o Enem ou não, ele começa a pensar em se esquivar, diz que não vai fazer mais a prova, com medo de ser reprovado ou não atingir a nota esperada e sofrer punições. Além de pensarem sobre o sentimento de decepção diante da família, nesse momento a ansiedade está disfuncional, e ela realmente passa a ser um problema que precisa ser trabalhado,” alertou a psicóloga.
É fácil observarmos como as mudanças provocadas nos últimos tempos têm promovido muita incerteza entre as pessoas. E com a pandemia, a saúde mental e emocional dos indivíduos precisou ser tratada com mais cuidado, respeito e empatia.
No levantamento realizado com apoio da Unesco e Unicef, 18% dos jovens relataram depressão e 9% automutilação ou pensamento suicida. Na Educação, 55% dos jovens sentem que ficaram para trás em termos de aprendizagem, como consequência da pandemia. E 11% ainda pensam em deixar de estudar nos últimos seis meses, enquanto 34% já pensaram, mas não querem mais parar.
Conforme a Coordenadora Pedagógica do Castro Alves, a escola está se preparando para o Enem desde o início do ano.
“A escola tem a preocupação de preparar os alunos desde do início do ano realizando simulados. Os meninos tem três simulados a cada ciclo, e a gente tem alguns encontros com professores para que seja trabalhado as disciplinas específicas A escola promove também workshops, tivemos um com a psicóloga Késia para fazer um momento com esses alunos. A gente também traz profissionais para contar sobre suas vivências e tentar amenizar e sanar essas dificuldades e ansiedades que esses alunos têm apresentado,” destacou.
O Enem vai acontecer nos dias 13 e 20 de novembro e a psicóloga disse que o preparo é indispensável para realizar uma boa prova.
“O preparo é complexo. Envolve o estímulo da escola, apoio pedagógico e o apoio familiar que é essencial nesse momento. Porque, nós entendemos que o processo da avaliação do Enem é de grande expectativa, tanto por parte do estudante quanto por parte de sua família. É um momento de decisão de uma profissão, esse preparo precisa ser com acolhimento, compreendendo e aceitando as angústias desse estudante. Quando essa ansiedade está em um pico muito elevado, há a necessidade de um acompanhamento psicológico para esse aluno conseguir se equilibrar emocionalmente,” salientou a psicóloga.
Dicas para quem vai realizar o Enem
“Conseguimos reduzir a ansiedade com boa alimentação, a atividade física é essencial, pois libera a serotonina, endorfina, dopamina que ajuda no controle da ansiedade. A prática de exercícios e estudos contínuos com pausas, não aquele estudo extremo, como passar horas e horas seguidas estudando. Precisa ter disciplina, com um bom cronograma de estudo,” orientou Késia Moraes.
Checklist:
- Dormir bem
- Alimentar-se bem
- Realizar atividade física
- Buscar apoio da família e dos amigos
- Estudar durante a semana
- Na véspera do exame, relaxar.
As informações são do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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