Nesta quarta-feira (4), é celebrado o Dia Mundial do Braille. A data presta homenagem ao nascimento de Louis Braille, criador do sistema de leitura e escrita usado por milhões de pessoas cegas e com deficiência visual em todo o mundo.
Conforme o Ministério da Educação, o francês Louis Braille ficou cego aos 3 anos de idade e aos 20 anos conseguiu formar um sistema com diferentes combinações de 1 a 6 pontos em relevo, o sistema se alastrou pelo mundo e hoje é usado como forma oficial de escrita e de leitura das pessoas cegas.
O sistema que possibilitou novas janelas e portas de conhecimento para as pessoas com deficiência visual já tem quase 200 anos.
A professora do Centro Municipal Integrado de Educação Inclusiva, em Feira de Santana, Raquel Gerino, que é deficiente visual, destacou ao Acorda Cidade a importância do código de leitura para o desenvolvimento de pessoas cegas.
“O sistema Braille é um código de leitura tátil e escrita por pontos em relevo usado por pessoas cegas. Com apenas a combinação de seis pontos é possível escrever caracteres em Braille formando várias simbologias, representando o alfabeto, números e demais caracteres também usados na escrita comum. Lembrando que o código do sistema Braille são combinações de pontos e não são iguais a escrita comum”, disse a professora.
Leitura em Braille
Segundo a professora Raquel, o sistema Braille é importante para as pessoas cegas terem acesso ao conhecimento e a uma formação acadêmica.
“A leitura tátil realizada por pessoas cegas é feita da seguinte forma: na ponta dos dedos sobre um caractere Braille a pessoa cega precisa identificar a quantidade de pontos, a posição desses pontos, a localização desses pontos, lado direito e esquerdo, em cima, embaixo ou entre, de acordo com a configuração retangular da cela Braille e depois identificar a numeração desses pontos de um a seis e após fazer a identificação da numeração dos pontos fazer a correspondência Braille. Por exemplo, identifiquei que os pontos 2, 3 e 4 correspondem a letra S na Língua Portuguesa, no sistema comum de escrita”, exemplificou.
Em média o centro acompanha 30 crianças com deficiência visual, estimou Raquel.
“O Centro possui alfabetização em Braille, é um trabalho que eu desenvolvo com o atendimento especializado que é uma oferta gratuita e obrigatória de acordo com a Política Nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação Inclusiva”, informou.
Como funciona o processo de aprendizagem do Braille
A educadora relatou ao Acorda Cidade que podemos considerar o processo de aprendizagem do Braille parecido com o da alfabetização comum.
“O que vai diferenciar esse atendimento é a prática pedagógica do educador a atenção para as necessidades de acordo com a criança, estudante cego, que vai precisar que também seja trabalhado os pré-requisitos essenciais básicos para a alfabetização como qualquer outra criança que passa por essas etapas. Vai ser necessário trabalhar a lateralidade, conceitos envolvendo direção, posição, espaço, quantidade, forma, coordenação motora, discriminação tátil, porque o tato é de extrema importância para o desenvolvimento e aprendizagem da criança cega nesse processo de aprendizagem da escrita e leitura”, elencou.
Conforme Raquel Gerino, em Feira de Santana, o Centro Municipal de Educação Inclusiva possui atendimento educacional especializado para alunos com cegueira, que é aquele
que vai usar o sistema Braille no seu processo de aprendizagem.
“O atendimento educacional especializado ocorre uma vez por semana com a duração de 50 minutos, mas para ele ser nosso aluno ele precisa estar matriculado na rede municipal e vir com o encaminhamento da escola”, contou.
A educadora destacou que o sistema Braille é o principal meio de comunicação escrita para as pessoas cegas.
“Eu posso até usar a citação de Helen Kellen ‘Os pontos Braille são sementes de luz levadas ao cérebro pelos dedos, para germinação do saber’, e realmente é o principal meio de comunicação escrita, porque com o avanço das tecnologias há um acesso ao conhecimento, à audiodescrição também, mas o Braille é de extrema importância para que possamos ter contato com a palavra escrita. Feira de Santana está de parabéns, porque possui um atendimento gratuito, de portas abertas, para todos os alunos da rede municipal”, argumentou.
Elisana Miranda do Evangelho contou ao Acorda Cidade que sua filha, Elóa Miranda Evangelho, nasceu com uma doença na retina e hoje é assistida pelo Centro.
“Minha filha ingressou no Centro no começo de setembro de 2022. No início foi difícil para ela aprender, mas agora ela está se saindo muito bem”, relatou a mãe.
Elisana é moradora do distrito de Jaguara.
“Minha filha tem uma professora lá que ensina Braille também a ela. Tem a professora Juliane também. Ela tem vários professores e são todos ótimos”, ressaltou.
A mãe contou que tudo que ensinam para a sua filha ela aprende um pouco também.
“Acredito que o Braille é um passo importante para a vida dela. E ela vai ter que se adaptar ao Braille, porque será a convivência dela. E aqui no Centro o pessoal já pegou muito amor com ela, pró Raquel mesmo é uma excelente professora”, acrescentou a mãe.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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Essa professora é sensacional! Quem puder ter a sorte de conhece-la, irá amar!! Profissional maravilhosa!