Brasil

Dia dos Povos Indígenas: Um aumento significativo de indígenas nas universidades brasileiras

Docente da Estácio destaca a relevância de promover diálogos inclusivos e oportunidades de acesso ao ensino superior.

Povos Indígenas
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Dia Internacional dos Povos Indígenas foi criado por decreto da Organização das Nações Unidas (ONU) em 09 de agosto de 1995, como resultado da atuação de representantes dos povos de diversos locais do globo terrestre. Essa atuação visa criar condições para a interrupção dos ataques sofridos pelos nativos em seus territórios, após mais de 500 anos da expansão das formas de sociabilidade impostas aos indígenas pelos povos de origem europeia, principalmente.

De acordo com a historiadora e professora de direito da Estácio, Anne Caroline Fernandes, tivemos uma mudança do termo ‘índio’ para ‘indígena’. “O termo significa ‘originário ou ‘nativo’ de um local específico, sendo uma forma mais precisa de se referir aos diversos povos que, desde antes da colonização, vivem nas terras que hoje formam o Brasil e os outros países do continente americano. O estereótipo do ‘índio’ alimenta a discriminação, que, por sua vez, instiga a violência física e o esbulho de terras, hoje constitucionalmente protegidas”, explica a docente.

Anne conta que a alteração do nome da celebração e a criação de um Ministério dos Povos Originários, no Brasil, incentivam o progresso. “Agora com a Sônia Guajajara como ministra os povos indígenas terão uma representação maior para as suas questões, causando um avanço na preservação, saúde, políticas públicas e no acesso à educação”, comenta. 

Um reflexo desses avanços é a educação. Até o final dos anos 1990, os indígenas universitários eram poucos. Segundo o Censo Demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2000, eles eram em média 4 mil. Nas últimas duas décadas, houve um crescimento expressivo, chegando, segundo o Censo da Educação Superior (CenSup), a 47 mil matriculados em 2020.

Membro da aldeia Tangurinho Kalapalo
Foto: Divulgação

Esse é o caso de Haje Kalapalo, de 31 anos, membro da aldeia Tangurinho Kalapalo, um grupo indígena que habita o sul do Parque Indígena do Xingu, no estado do Mato Grosso. O indígena foi para Goiânia em busca de uma oportunidade no ensino superior em 2019. “Sai da minha aldeia em busca de uma formação e conhecimento que não tinha acesso na minha terra”, explica. 

Haje conta que sempre teve interesse pela área de ciências biológicas e hoje cursa enfermagem em uma unidade de ensino superior da Estácio, em Goiás. “Meu sonho é trabalhar na área da saúde e conseguir ajudar meu povo e as pessoas. Por isso fui atrás de uma formação técnica”, revela. 

“Quando finalizar o curso quero voltar para a minha aldeia para atuar como enfermeiro, assim vou prestar um serviço para a minha comunidade e estar perto da minha família”, finaliza o indígena. 

Em um país cujos povos originários foram e continuam tão brutalmente massacrados, conquistas como a criação de um ministério, a ocupação de cargos políticos e espaços na academia devem ser comemorados sim, mas há de se ressaltar que a luta é constante.

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