O ano letivo mal começou no último dia 6 de fevereiro em Feira de Santana e muitos estudantes já estão sem aulas por conta da falta de professores. Essa foi a reclamação que diversas mães relataram ao Acorda Cidade na manhã desta quinta-feira (20). Pelo menos estudantes das escolas, Ana Brandoa, no bairro Tomba, Coriolano Farias de Carvalho, no Sobradinho, Fabíola Vital, no Campo Limpo, e a Escola Dr. Francisco Martins da Silva, no distrito de Maria Quitéria estão sem aulas regulares, segundo relato de mães.
“Os alunos do 6º e do 7º ano estão sem professores de matemática e de inglês e quase todos os dias estão sendo ou liberados mais cedo, ou então eles estão indo para a escola mais tarde. Por exemplo, ontem o 7º B só teve as três últimas aulas, tendo que ir para a escola a partir das 14h40. Hoje a gente já recebeu o aviso que serão liberados às 15h30”, disse Poliana Ferreira dos Santos, mãe de um aluno da Escola Fabíola Vital.
Jéssica Oliveira, mãe de um aluno do Colégio Coriolano, também comentou que tem enfrentado a mesma situação.
“Eu gostaria de falar do absurdo, da falta de respeito e da irresponsabilidade do governo em tratar a educação como lixo. Meu filho não está conseguindo estudar porque não tem professor suficiente na escola. Quando tem aula, os alunos são liberados mais cedo, isso quando tem aula. Tenho várias mensagens no grupo da escola comunicando que os alunos não terão aula ou sairão mais cedo. Isso é um absurdo! Cadê o compromisso do secretário de educação? Cadê o compromisso do prefeito com a educação?”, questionou a mãe.
A mesma situação ocorre no distrito de Maria Quitéria, conforme relatado por Maria Cecília, mãe de uma criança de 9 anos.
“Sou mãe de uma criança que se encontra em casa porque simplesmente a escola na qual ele estuda está sem professores. Queria perguntar ao prefeito e ao secretário de educação: até quando nossos filhos vão continuar em casa por falta de professores? Isso é uma vergonha”.
O que diz a Secretaria de Educação
Em entrevista ao Acorda Cidade, o secretário municipal de Educação, Pablo Roberto, reconheceu o problema e afirmou que a administração está adotando medidas para resolvê-lo. Recém-chegado à pasta, após a mudança de governo em 2025, ele destacou que a solução dos desafios enfrenta obstáculos burocráticos, o que tem tornado o processo mais lento do que o desejado.
“O ano letivo iniciou no dia 6 de fevereiro e nós conversamos de forma muito transparente com a população sobre os problemas que precisamos enfrentar. Não é o início de ano que gostaríamos que fosse. Os problemas foram colocados e estamos trabalhando para superá-los.”
A prefeitura autorizou a contratação imediata de todos os aprovados no concurso realizado no ano passado. Segundo Pablo, a expectativa é que, até a próxima segunda-feira (24), a convocação seja publicada no Diário Oficial. “Com isso, teremos 300 novos professores efetivos no município”.
Além disso, o secretário confirmou a publicação de um edital para contratação temporária via Regime Especial de Direito Administrativo (Reda). Apesar disso, ele disse que deve sair a publicação até o final de março, mas não deu uma data concreta.
“O prefeito já autorizou a publicação do Reda para contratação de outros professores. Nossa equipe está trabalhando para que o edital seja lançado até o final de março.”
Merenda escolar
Outro problema que tem preocupado pais e alunos é a alimentação escolar. Algumas escolas chegaram a relatar falta de merendeiras. Sobre o assunto, Pablo Roberto explicou que todas as unidades têm profissionais responsáveis pela alimentação, mas houve a necessidade de ajustes devido ao alto custo do contrato. No anterior, o valor teria chegado aos R$ 80 milhões, mas esse ano deve ser reduzido para R$ 54 milhões.
“Esse contrato da alimentação onerou muito, ele saiu de aproximadamente R$ 20 milhões para a casa de R$ 80 milhões. Até 2023 ele era R$ 20 milhões, em 2024 ele foi quase R$ 80 milhões. Nós não temos condições, recursos financeiros para pagar R$ 80 milhões de novo esse ano, até porque nós só recebemos do Ministério da Educação aproximadamente R$ 8 milhões. Então, nós fizemos uma readequação no contrato, mas todas as escolas já estão servindo, os profissionais estão contratados, pequenos ajustes estão sendo feitos, mas as refeições estão completamente asseguradas em todas as escolas da rede municipal”, garantiu o secretário.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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