Em Feira de Santana, nesta segunda-feira, dia 19, (veja mais aqui), a jornalista Jullie Dutra, vencedora do quadro ‘Quem quer ser um milionário’, do Domingão do Huck, relembrou momentos da sua trajetória de vida através de um bate-papo descontraído com o Acorda Cidade. Ela foi convidada para palestrar na aula inaugural do ano letivo 2024 da rede estadual de ensino e na inauguração do Colégio de Tempo Integral Georgina de Melo Erismann.
A vencedora do quadro da Rede Globo também já conversou com a equipe do Acorda Cidade sobre o prêmio, através de um Podcast (confira aqui). Mas, nesta manhã, o objetivo de Jullie foi chamar atenção para a importância da educação no sentido de mudar vidas.
Desde que se tornou milionária, a jornalista pernambucana realiza palestras por todo o Brasil através de uma agência. Porém, no incentivo à educação de estudantes em escolas públicas, ela contou à reportagem que nada cobrou para conversar com os alunos.
“Para mim sempre é um prazer falar sobre esse tema, poder soprar esperança para os alunos, os professores, para revolucionar a educação do país, não só da Bahia. Tem bandeiras que eu abro mão do cachê, como foi essa, vim sem ganhar nada, mas por uma causa que eu acredito que eu sou um símbolo de educação, a educação é o caminho mais sólido para mudar a vida. Tenho um contrato com uma agência de palestrantes, mas tenho causas que faço questão de abrir mão do cachê. Então para mim, um evento como esse, em uma rede pública de ensino e eu cobrar para falar para as pessoas que estão iniciando, acho que realmente não combina comigo”, contou.
Por onde anda o prêmio?
Questionada sobre o tão sonhado prêmio de R$1 milhão, Jullie Dutra relatou que ainda não precisou gastar o valor recebido e que a quantia está muito bem guardada no banco, sendo investida. Como já exercia a função de dona de um agência de comunicação, a jornalista já se mantinha financeiramente com a renda do seu negócio.
Jullie Dutra também relatou sobre a visibilidade que ganhou após vencer o ‘Quem quer ser um milionário’. Para ela, atualmente, é quase ‘impossível’ passar despercebida.
“A minha renda mensal era em torno de R$20 mil a R$30 mil por mês, fruto da minha agência de comunicação. Com um mês do programa o dinheiro caiu, mas ainda não tive a oportunidade de gastar, por enquanto, ele está sendo investido e estou fechando outros contratos de publicidade, então enquanto isso, ele está lá rendendo. Não sei exatamente o que pretendo fazer. A minha vida segue, estou trabalhando e me bancando normalmente. Ganhei muita visibilidade. Como jornalista e como dona de agência, poderia mexer em todas as ferramentas para ter toda essa visibilidade, mas não sou muito disso, porém, entendo que o programa me deu uma visibilidade grande, afinal, foram 20 milhões de telespectadores. É impossível eu ir em qualquer estado brasileiro e não ser reconhecida”.
Incentivo
Em um discurso objetivo no auditório do Colégio Georgina Erismann, Jullie Dutra falou sobre a trajetória árdua de vida ao perder os pais e bens materiais. Mas, segundo ela, a educação foi a chave para vencer as barreiras e conquistar sonhos, a exemplo do prêmio milionário.
“Não sou de origem nobre, meus pais não são conhecidos, eu não sou de família rica, mas a educação me levou a chegar na trilha do milhão e ser a única vencedora no país do maior jogo de game de perguntas, que foi o ‘Quem quer ser um milionário’. Foram nove anos que Luciano Huck tentou encontrar um milionário que, na verdade, foi uma milionária, nordestina, com muito orgulho da minha ancestralidade e que venceu muitas barreiras. Todo mundo pergunta como foi que eu cheguei. Mas digo que assim como eu, todos vocês são capazes de conseguir muito mais do que um milhão”, disse.
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Para a jornalista, a educação liberta.
“Quando eu estava grávida de Maria Helena (filha autista de três anos), eu tinha um carro, que era o carro dos meus sonhos, eu sou jornalista, eu tenho uma agência de comunicação, eu hoje empreendo, eu hoje emprego fruto da educação. E aí eu comprei o carro dos meus sonhos e certo dia, um cara colocou uma arma na minha cabeça e levou o carro dos meus sonhos. Também perdi minha casa, no interior de Pernambuco. Mas hoje, eu tenho um carro muito melhor. Eu consegui comprar um apartamento, eu consegui reformar a minha casa, mas isso eu consegui por quê? Porque aquele ladrão não tirou o meu conhecimento. É a única coisa que vocês vão conseguir levar para o resto da vida de vocês”, disse.
A jornalista pernambucana também reforçou que os seus estudos nunca foram direcionados a um exame, prova ou vestibular, mas para a vida. Ela lembrou ainda o percurso acadêmico e que alcançará mais uma idealização, que é a diplomacia vocacional.
“Com o conhecimento, vocês empreendem, com o conhecimento, vocês compram um carro, com o conhecimento, vocês realizam os seus sonhos. A educação é o caminho mais sólido para a gente discutir democracia, para a gente discutir futuro, projeto de governo, projeto de país. Quem aqui assistiu ao ‘Quem quer ser um milionário?’ Vocês viram lá, foi uma trilha de conhecimento puro. E eu costumo dizer que a metodologia de ensino precisa ser para a vida. Não é para só passar em um vestibular. E aí as perguntas eram assim, triângulo, bienal, vírus, eram perguntas de conhecimento que a gente estuda em sala de aula. Eu nunca estudei para passar em um vestibular. O meu conhecimento é para a vida. Eu fui para Cuba, fiz medicina, voltei, fiz jornalismo, tenho pós em direitos humanos. Há dois dias eu passei no Edital de Diplomacia Vocacional do Instituto Rio Branco. Pretendo seguir a carreira diplomática, e é essa inspiração que eu trago, principalmente para os jovens”.
Jullie Dutra finalizou destacando a importância do incentivo à educação por parte das autoridades públicas e citou que este estímulo ao estudo também deve partir de cada aluno.
“O que o governador Jerônimo está fazendo ele vai colher lá na frente, e vai ser outro governador, possivelmente. Porque é um resultado de 20 anos. É projeto de educação, é investimento sólido, é perseverança, e não é só da parte de governo, mas também de quem está lá sentado, estudando, e tem que acreditar que o futuro vai acontecer. Quero que vocês aprendam por minha história. Nada foi fácil. Então, quando você é estudante, está passando por algum desafio, por algum problema pessoal, lembra de mim. Cara, aquela menina não tem pai, aquela menina não tem mãe, aquela menina cuida de uma filha só, autista. Enfrentando todos os desafios de uma sociedade patriarcal, que a gente sabe que a gente vive ainda numa sociedade onde não é igualitária para as mulheres. Vocês podem conseguir um milhão, podem conseguir muito mais que um milhão. Eu já era milionária antes de ganhar um milhão, porque, no meio da minha dor, no meio da perda da minha mãe, eu consegui empreender”.
O governador Jerônimo Rodrigues, que também esteve no evento, agradeceu à presença e a colaboração da jornalista, e enfatizou que a Bahia necessita de políticas públicas para o desenvolvimento de toda a população.
“Agradeço a disposição de você estar aqui. Vou ligar para a governadora de Pernambuco e dizer que ela ‘perdeu’. Você é uma pernambucana quase baiana com uma história muito forte. Qualquer um fraquejado já nasceu com a sina de crescer sem pai e mãe, depois perdeu a casa, o carro e nunca desistiu e ganhou um milhão. Se você não ganhasse o prêmio, já seria vitoriosa, assim como mencionou aqui. Ao seu lado, tem um indígena. Imagine a vida dos meus parentes? Onde a escola, a saúde passa longe. Que não tem estradas, que não chega sinal de telefonia. Não estou falando de riqueza, mas de direitos básicos e por isso temos uma missão muito forte nesta Bahia”, concluiu.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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