Laiane Cruz
Foi inaugurada, na manhã desta sexta-feira (6), a Escola Municipal Quilombola Luiz Pereira dos Santos, a primeira unidade de ensino quilombola de Feira de Santana. A instituição fica localizada na comunidade de Lagoa Grande, no distrito de Maria Quitéria, e conta com infraestrutura e capacidade para atender aproximadamente a 500 estudantes do ensino infantil ao Fundamental.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
O nome da escola foi escolhido para homenagear o primeiro habitante da comunidade de Lagoa Grande, Luiz Pereira dos Santos, que tornou-se o patrono da unidade.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o prefeito Colbert Martins afirmou que foram investidos cerca de R$ 3,5 milhões contando com os equipamentos. O gestor destacou que o trabalhou de implantação desta unidade em Feira de Santana começou em 2014, quando ele ainda era deputado federal.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
“Em 2014, o ex-secretário Justiniano França e Lurdes Santana estiveram lá em Brasília, e eu, graças a Deus, era deputado e acabei ajudando de certa forma a conseguir recursos para que essa escola fosse implantada. Tiveram problemas em 2015, 2016, e aí o ex-prefeito José Ronaldo os resolveu com recursos próprios da prefeitura iniciar a construção. Em 2018, eu já encontrei na segunda ou terceira empresa e não se concluía. 8 anos depois a escola está concluída, com dez salas de aula, uma escola ampla para criancinhas e para pessoas até o 6° ano, com várias áreas de ampliação”, relatou o prefeito.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
Conforme a secretária de educação do município, Anaci Paim, 400 alunos já estão matriculados na escola Quilombola Luiz Pereira dos Santos, e a unidade irá funcionar 100% a partir da próxima segunda-feira (9).
“É uma escola estruturada, com todas as condições próprias para desenvolver o projeto pedagógico, dez salas convencionais, salas de recursos, salas de multiuso, biblioteca, espaço para brincar, espaço para que as crianças desenvolvam as atividades lúdicas, quadra de esportes, atenderá aqui os alunos de 3,4, 5 anos, tem também do 1° ano ao 5° ano, além do 6° ano, que resolvemos incluir, porque a demanda na comunidade é muito grande. Então, com essa estrutura, tudo novo, apresentado pela aquisição que foi feita recentemente, vai permitir que atenda 100%. Todos os professores já foram indicados e designados para aqui. Até a merenda escolar foi adaptada às questões culturais do grupo quilombola”, destacou.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
O ex-vereador e ex-secretário Justiniano França salientou que fez parte da luta para construção da escola quilombola em Maria Quitéria, quando em 2014 ele era Presidente da Câmara Municipal e foi a Brasília, acompanhado com Lurdes Santana, a qual era integrante do Conselho das Comunidades Negras, pois havia lá uma proposta de recursos para escolas quilombolas.
“Lutamos por isso por dois anos. Como não conseguimos efetivar recursos federais, na época, o ex-prefeito José Ronaldo decidiu fazer com recursos próprios. Discutimos com a comunidade o tamanho da escola, o que seria colocado nela e agora, com o Prefeito Colbert Martins, nós estamos vindo aqui para a inauguração desse belíssimo espaço educacional, que vai atender aqui a Lagoa Grande. É uma escola, que também vai ter o conteúdo pedagógico para as comunidades negras”, ressaltou.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
Manifestação da APLB
Durante o discurso de inauguração da Escola Quilombola Luiz Pereira dos Santos, professores da rede municipal e representantes da APLB Feira, sindicato que representam a categoria, realizaram uma manifestação para cobrar o pagamento das horas extras, que segundo eles, está em atraso desde o mês de fevereiro.
Incomodado com a situação, o prefeito Colbert Martins declarou que a entidade estava buscando transformar o evento em um palanque político.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
“Querer transformar uma escola em palanque político é contra a educação. Diálogo desse tipo, é um diálogo de mudos, que não avança porque é eleitoral. Daqui há cinco meses tem eleição, aí estão na rua. Mas essa eleição vai mostrar quem vai ser o futuro governador da Bahia e nós sabemos como é que vai ser, e vamos ter todas as condições de avançarmos ainda mais e muito. Não sei se vocês lembram quando Jaques Wagner assumiu e nós apoiamos Wagner, os professores pararam 100 dias. Jaques Wagner cortou o ponto de todo mundo, foi boca fechada, ninguém diz nada. Estão todos do mesmo lado. Este é um ato de um sindicato que quer impedir a educação em Feira de Santana, este é um ato anti educação”, afirmou o prefeito.
Foto: Ed Santos/ Acorda Cidade
A presidente da Associação Quilombola Renilda Cruz também pediu respeito ao gestor municipal e às pessoas da comunidade, que sonharam com a inauguração do espaço durante muito tempo. Ela ressaltou que não é contra a luta dos professores, mas pediu o fim dos apelos durante a solenidade.
“Eu entendo a dor dos professores, acolho e não julgo ninguém, mas entendo a dor daqueles que estão aqui também em escolas que estão faltando materiais, faltando cadeiras, como o Tavares, onde estão fazendo revezamento de turmas, mas tudo tem o seu momento. Eu aqui, como presidente, desta associação, minha mãe me ensinou que tem tempo para tudo, e precisamos ter respeito com o próximo. Não sou contra a luta dos professores, mas a gente tem que respeitar, por mais que não concorde com as decisões do prefeito, por mais que a gente não concorde com o que está posto, que muitas vezes não está ajudando os menos favorecidos, mas a gente deve respeito à pessoa dele, por ser gestor do município. Esse momento aqui foi algo que a comunidade sonhou, durante tantos anos, pelo povo que formou em educação na nossa comunidade. Muitas vezes, a gente precisa dialogar mais, porque a prefeitura não está cumprindo com a educação escolar quilombola, que a gestão tem que ser democrática e participativa”, disse.
O Acorda Cidade entrou em contato com a APLB e aguarda o retorno.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade.
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