As projeções de inflação para 2025 seguem bastante elevadas também no setor bancário. A maioria dos bancos (71,4%) espera que o IPCA feche o ano em torno de 5,5%, enquanto 19% projetam o indicador próximo (ou acima) de 6,0%. As projeções estão bem acima do centro da meta de inflação, definido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) para este ano, que é de 3%, com tolerância para até 4,5%. Assim, cerca de 90% dos entrevistados projetam a inflação acima de 5% no ano. É o que mostra a Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas da Febraban, realizada com 21 bancos, entre os dias 25 e 31 de março.
Realizada a cada 45 dias, logo após a divulgação da Ata da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), ela mensura a estimativa dos bancos para o comportamento de diversas variáveis da economia ao longo deste e do próximo ano.
O levantamento também mostra que o crédito deverá crescer 8,6% em 2025, o que representa uma ligeira alta em relação à projeção de fevereiro, que estimava crescimento de 8,5%. O ajuste pode ser explicado pelas constantes revisões positivas feitas nas séries estatísticas pelo Banco Central, além de um cenário caracterizado ainda pelo mercado de trabalho aquecido e novos programas de crédito, como o consignado para os trabalhadores do setor privado.
Neste contexto, a revisão foi liderada pela carteira com recursos livres, com expectativa de alta de 8,2% (antes +8,1% na pesquisa anterior), com destaque para o crédito destinado às famílias, que subiu de 8,6% para 9,0%. Para as empresas, a revisão foi mais contida, passando de alta de 7,1% para 7,2%.
De acordo com a pesquisa, a projeção de alta da carteira de crédito direcionada permaneceu estável em 9,0% em 2025, com revisão para cima no crédito Pessoa Jurídica (alta de 9,3% ante +9,0% do levantamento anterior), compensada pela revisão para baixo do crédito direcionado Pessoa Física (+8,8% ante +8,9%).
Já em relação à trajetória da taxa de inadimplência, a pesquisa mostra que houve uma
leve alta na projeção do indicador para a carteira com recursos livres, que subiu de 4,6%, na pesquisa de fevereiro, para 4,7%, nível superior ao registrado no último mês de janeiro (4,4%), segundo o Banco Central.
“A pesquisa captou que os bancos seguem projetando um bom crescimento da carteira de crédito neste ano, apesar do ambiente de juros elevados e de todas as incertezas no cenário econômico, internacional e local. Além disso, é interessante observar que a revisão positiva foi liderada pela carteira com recursos livres destinados às famílias”, avalia Rubens Sardenberg, diretor de Economia, Regulação Prudencial e Riscos da Febraban.
Segundo o diretor, “parte de tal movimento pode ser atribuído aos bons números ainda observados no mercado de trabalho, que segue aquecido, com baixo desemprego. Mas, também pode ser consequência da reformulação do consignado destinado aos funcionários do setor privado, que tem mostrado uma boa demanda já neste início de operação”. E que provavelmente vai crescer mais quando todos os ajustes estruturais forem concluídos, completou Sardenberg.
A pesquisa indica que o movimento de desaceleração do ritmo de crescimento do crédito deve prosseguir no próximo ano, com expansão esperada de 7,8%, porém, acima da captada na pesquisa de fevereiro (+7,7%). Houve revisão para cima da projeção para a expansão da carteira livre, que subiu para 7,3% (ante +7,1%), enquanto para o crédito direcionado, a expectativa recuou para 8,3% (ante +8,6%).
Análise da Taxa Selic e Expectativas de Mercado
De acordo com a Pesquisa de Economia Bancária, a grande maioria dos entrevistados (85,7%) entendeu que a comunicação do Copom foi adequada em sua última reunião, concordando com a indicação de que o ciclo de alta da taxa de juros não terminou, mas apenas sinalizando um aperto de menor magnitude na próxima reunião.
Adicionalmente, a estimativa para os juros recuou ligeiramente em relação à pesquisa anterior. Agora, a mediana para a Selic atinge 15% ao ano em junho (ante 15,25%), permanecendo neste patamar ao menos até novembro de 2025.
Impacto no Produto Interno Bruto (PIB)
Em relação ao crescimento da economia, a pesquisa não mostrou maioria absoluta nas estimativas para este ano. Para 42,9% dos entrevistados, a desaceleração observada até o momento está em linha com o esperado, e o crescimento do PIB deve ficar em torno de 2,0%.
Para um terço dos respondentes, a desaceleração deve ser mais intensa do que a esperada, com crescimento do PIB abaixo de 2%. Já um quarto espera expansão acima de 2%.
Cenário da Inflação e Perspectivas do FED
De acordo com a pesquisa, as projeções de inflação para 2025 seguem bastante elevadas. A maioria dos participantes (71,4%) espera que o IPCA feche o ano em torno de 5,5%, enquanto 19% projetam o indicador próximo (ou acima) de 6,0%. Assim, cerca de 90% dos entrevistados projetam a inflação acima de 5% no ano.
FED
Nos Estados Unidos, 57,1% dos analistas esperam dois cortes de 0,25 ponto percentual dos Fed Funds no ano, em linha com o indicado pelo FED. Contudo, o viés é de juros mais elevados, uma vez que 38,1% aguardam no máximo um corte de juros em 2025, diante da resiliência da inflação no país.
Ainda em relação ao país, os participantes foram unânimes quanto à expectativa de uma desaceleração gradual, apesar das incertezas crescentes, mas sem enxergar um quadro recessivo até o momento.
A íntegra da Pesquisa de Economia Bancária e Expectativas pode ser acessada neste link.
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