Gabriel Gonçalves
Desde o último sábado (1º), o salário mínimo no Brasil já está valendo R$ 1.212. A mudança foi oficializada na última sexta-feira (31), último dia de 2021, por meio de uma medida provisória (MP) assinada pelo presidente Jair Bolsonaro.
A reportagem do Acorda Cidade foi ao centro da cidade, buscar a opinião dos feirenses sobre a nova mudança, se o novo valor foi justo ou não.
Para Paloma Santos, o valor deveria ser em torno de R$ 2 mil, já que todos os produtos estão tendo aumento.
"Eu acho que esse valor de R$ 1.212 é muito pouco, porque referente a quantia que o povo brasileiro necessita nesse momento, é baixo o valor. Temos o gás para pagar, energia, coisas do dia a dia e depois que teve a pandemia, aí que as coisas aumentaram mais ainda. Acredito que no mínimo, o salário deveria ser de R$ 2 mil", afirmou.
Para a dona de casa Laura Ribeiro Oliveira, com tantos gastos que estão acontecendo atualmente a exemplo do preço da carne, do gás e da gasolina, seria necessário que o valor fosse de R$ 1.400.
"A gasolina já subiu novamente, o botijão de gás no meu bairro custa R$ 105, como é que a gente sobrevive com um salário desse de R$ 1.212? O quilo da carne já subiu novamente, hoje fui comprar, estava de R$ 16, então na minha opinião, o valor tinha que ser de R$ 1.400. Há poucos instantes por exemplo, deixei ali R$ 80 na farmácia, porque peguei essa gripe, tive que comprar dois xaropes, e os medicamentos continuam caros também", alertou.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
Morador do distrito de Jaíba, o senhor Carlito de Oliveira informou à reportagem do Acorda Cidade que o valor do salário mínimo deveria ser de R$ 1.500.
"Não dá para nada esse valor aí que foi atualizado. Se a pessoa morar só, ainda dar para dar um jeito, mas se tiver família, não sobra nada e ainda falta. Olha o preço da gasolina como está, quem tem carro, precisa deixar o salário todo no posto porque não tem condições. Eu acho que o salário tinha que ser pelo menos de R$ 1.500. Hoje uma pessoa mora de aluguel, só nisso aí já é R$ 500, e o restante é para pagar as contas e comprar comida", disse.
Em entrevista ao Acorda Cidade, o economista Renê Becker, explicou como é calculado o reajuste do salário mínimo e destacou que o ideal para o povo brasileiro, seria um salário de R$ 5.400.
"Essa atualização se dá com base no IPCA, que é um índice determinado pelo IBGE, que denomina pelo Índice de Preços ao Consumidor Ampliado, e no exercício de 2021, a inflação ainda não estava totalmente definida, então a variação do salário foi com base nos últimos 12 meses, considerando o mês de novembro que foi equivalente a 10,18%. Então na realidade, não houve um ganho real no salário mínimo. O salário deste ano de 2022 está defasado com relação ao exercício passado, então consequentemente, o salário mínimo vem sendo defasado ao longo do tempo e se nós fossemos tomar por base, o índice do Dieese, o salário mínimo deveria ser em torno de R$ 5.400. Mas entra o questionamento, seria possível fazer o pagamento neste valor? Existem várias vinculações ao salário mínimo, como a pensão alimentícia, aposentadoria, Auxílio-Doença, Benefício de Prestação Continuada que chamamos de BPC, pago as pessoas maiores de 65 anos ou aqueles que possuem deficiência e sejam de baixa renda, então consequentemente, não teria como pagar este valor", explicou.
Foto: Paulo José/Acorda Cidade
Para o economista, o aumento de R$ 112 não acompanha o reajuste dos preços dos produtos que estão sendo comercializados.
"A inflação é tomada por base da variação média dos preços da economia que consequentemente, o salário vincula-se sobre aquela classe que tem o menor poder aquisitivo e os preços dos gêneros básicos tiveram um aumento no exercício passado. Mais de 30% se consideramos o preço do feijão, o preço do arroz, que são produtos básicos e consequentemente, o poder de compra do assalariado está totalmente defasado e se fizermos uma avaliação atualmente do salário mínimo que hoje é de R$ 1.212, é apenas suficiente para comprar apenas duas cestas básicas. Imagine então as pessoas que já possuem os gastos com energia, água e outras coisas, o salário não cobriria tudo. Então em nossa avaliação, este valor encontra-se defasado", concluiu.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade